
Ele também observou que este mesmo projeto de prisão poderia ser
utilizado em escolas e no trabalho, como meio de tornar mais eficiente o
funcionamento daqueles locais.
Foi naquele período da história que, segundo o francês Michel
Foucault, iniciou-se um processo de disseminação sistemática de dispositivos
disciplinares, a exemplo do panóptico. Um conjunto de dispositivos que
permitiria uma vigilância e um controle social cada vez mais eficientes, porém,
não necessariamente com os mesmos objetivos “racionais” desejados por Bentham e
muitos de seus antecessores e contemporâneos.
Dos anos 60, do Séc. XX, quando Foucault escreveu suas primeiras
obras, até o início do Séc. XXI, novas tecnologias de comunicação e informação
surgiram, permitindo novas formas de vigilância que por vezes se tornam tão dissimuladas
que não são facilmente percebidas pelos indivíduos. Tornam-se também
naturalizadas, não deixando claros todos os objetivos de quem se utiliza
daquelas novas técnicas de vigilância.
Nestes novos tempos a vigilância também vem adquirir uma nova característica.
A possibilidade de observação de todos sobre todos. Hoje é possível ao patrão
ler mensagens de correio eletrônico de seu empregado.
Empresas conseguem, a partir de celulares, monitorar o local onde se
encontram seus empregados. Governos e crackers podem, com o instrumental
adequado, ter as informações bancárias de qualquer cidadão, a partir de banco
de dados individuais (como aqueles referentes a antiga CPMF, por exemplo) e
câmeras digitais vigiam cada metro quadrado de aeroportos.
O panóptico se disseminou. E como afirmou enfaticamente em meados dos
anos 90 outro filósofo francês, Gilles Deleuze, isso gerou a criação de uma
Sociedade de Controle.
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