Ação
trabalhista contra Correios, Banco Central, Caixa, BB, Bradesco, Itaú,
Santander e HSBC se deve à suposta prática de terceirização ilícita de
correspondentes bancários
O
Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou com ação civil pública contra os
Correios, Banco Central e os seis maiores bancos públicos e privados do País:
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú, Santander e HSBC pela
prática de terceirização ilícita de correspondentes bancários.
Na
ação, o MPT pede o pagamento de indenização por dano moral de R$ 3,8 bilhões e
por dumping social (prática de contratar profissionais onde os salários são
mais baixos) de R$ 2,5 bilhões, totalizando R$ 6,4 bilhões.
-Veja
também: International Paper é condenada a pagar R$ 200 mil por terceirização
ilícita
Além
disso, segundo nota publicada no site do MPT, é solicitada a anulação da
contratação do serviço e o reconhecimento dos trabalhadores como bancários, o
que significa pagamento de diferenças salariais, auxílio-refeição e horas
extras, e o reconhecimento da jornada especial de trabalho de seis horas. A
multa por descumprimento será de R$ 10 milhões por dia.
“Há
também uma discriminação social. Enquanto a população rica é privilegiada com
agências luxuosas com toda segurança, o cidadão de baixa renda é obrigado a
realizar suas operações bancárias em pequenos estabelecimentos expostos a
assaltos e a trabalhadores despreparados para a prestação de serviços
bancários. É um verdadeiro ‘apartheid social’”, afirma o procurador do Trabalho
Marcos Cutrim, que assina a ação com mais 30 integrantes do MPT.
'Atividade
regulamentada'
Em
nota, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) — que se manifestou a favor
das instituições — destaca que a contratação de correspondentes bancários está
regulamentada por resolução do Conselho Monetário Nacional de 2011.
Para
a federação, a categoria "constitui uma inovação financeira que, por
diminuir a necessidade de escala na oferta de serviços financeiros, contribui
para facilitar e ampliar o acesso da população a esses serviços, principalmente
em áreas distantes e carentes."
Já
os Correios afirmam que os correspondentes bancários estão autorizados a
trabalhar por uma portaria do Ministério das Comunicações e duas resoluções do
BC.
"O
objetivo do Banco Postal dos Correios é levar serviços bancários básicos à
população brasileira, proporcionando inclusão financeira e social, com atenção
especial à população de baixa renda", complementa a nota.
A
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP) é contra a ação do MPT. Para a entidade, estão ameaçados cerca
de 165 mil postos de serviços no País.
"A
ação ainda contradiz a necessidade de avançar na flexibilização das relações de
trabalho no Brasil, além de representar um retrocesso do atual sistema
estabelecido e acabar com grande parte de empresas e empresários do segmento
que prestam serviços ao setor", reforça a entidade, em nota.
Na
avaliação de Isaac Sidney Ferreira, procurador-geral do BC, as tarefas dos
correspondentes bancários são tipicamente operacionais e de atendimento, não
podendo ser confundidas com as atividades privativas dos bancos, que requerem
análise, decisão ou execução final de operaçõe. Essas últimas, destaca, não
podem ser terceirizadas.
"Vejo-me
compelido a lastimar a postura temerária e precipitada estampada nessa demanda,
inclusive a despropositada cifra cogitada a título de indenização, o que será
prontamente combatido nas instâncias judiciais”, defende Ferreira.
Meu Deus, como o representante de uma entidade defende publicamente a flexibilização das leis trabalhistas? Fico.assustado com os valores dessas pessoas.
ResponderExcluirParabéns ao MPT por se posicionar ao lado da justiça.