Mais um vez estamos sendo chamados para votar em um plebiscito cujo
objetivo é jogar parte considerável do atual déficit da Cassi nas costas do
funcionalismo. Este mesmo debate ocorreu nas reformas estatutárias de 1996 e na
de 2007. Na primeira, a aprovação significou triplicar o percentual de nossa
contribuição. Na segunda, o plebiscito introduziu a coparticipação em exames.
Nestas duas ocasiões foi realizada a mesma campanha de chantagem . Diziam que
era necessário aprová-las para salvar a Cassi. Precisamos tirar as lições do
passado. A cada plebiscito contribuímos mais. A cada Reforma o Banco vai se
isentando. E o déficit não é sanado.
Não há apenas uma alternativa. Não concordamos que o Memorando
represente a proposta final. A atual crise econômica afeta muito mais a nós,
trabalhadores, do que aos Bancos. Houve uma pequena queda no ritmo de
crescimento do lucro, mas o sistema financeiro continua apresentando bilhões de
lucro a cada semestre.
Da mesma forma que o governo Temer chantageia a população dizendo que
a Reforma da Previdência é a única alternativa para "salvar nossas
aposentadorias" o Banco utiliza a mesma tática com o déficit da Cassi.
Infelizmente, no caso da Cassi, conta com o apoio da direção de diversas
entidades como a Contraf CUT.
Não vamos pagar a conta da
crise que o Banco criou
Rejeitar esta proposta não significa inviabilizar a Cassi. Há
mecanismos previstos pelo Estatuto Social da Cassi (Artigo 25) quando ocorrem
exercícios deficitários : que o patrocinador utilize a antecipação de
recebíveis para cobrir Infelizmente, o BB tem se negado a isto, forçando a
CASSI a assumir empréstimo junto ao BB, pagando juros de mercado!!
Votei NÃO na reunião do Conselho Deliberativo que analisou o Memorando
e o plebiscito proposto. Chamo todos os colegas a fazerem o mesmo, lutando por
uma nova negociação que preserve o princípio da solidariedade, o investimento
no Modelo de Atenção Integral à Saúde e Estratégia Saúde da Família (ESF) e a
garantia de atendimento para ativos, aposentados, pensionistas e dependentes.
Por que votar NÃO ?
- Não faz sentido aprovarmos uma proposta que já se mostra
insuficiente para zerar a diferença negativa atual . O déficit de Julho foi de
R$ 49.110 mil. O de Agosto, chegou a R$ 69.967 mil. As medidas de aporte
totalizam R$ 40.000 mil. Portanto, mesmo aprovando-a, não resolveremos as
glosas, os descredenciamentos e a eterna ameaça à perenidade da Cassi.
- No Memorando assinado entre as entidades e o Banco há várias
ameaças. Durante todo o período das negociações foi afirmado que não haveria
alteração estatutária. No memorando, consta essa obrigatoriedade. Há um enorme
risco de que esta despesa, ora apresentada como extraordinária, torne-se
definitiva, além de insuficiente.
- A proposta de rateio fere a proporção de custeio estabelecida no
atual Estatuto (BB passará a contribuir menos do que 1,5 nossos aportes).
Distinto de nossa contribuição (que já foi acrescida com o índice do acordo
deste ano), o valor de responsabilidade do BB (ressarcimento de despesas)
continua limitado em R$ 23 milhões. Até o presente momento não está definido o
índice de correção dos "ressarcimentos" do BB.
- Não constam demarcações às sugestões que podem surgir da Consultoria
que será contratada. Não há garantias que ela não recomendará, por exemplo, o
fim da solidariedade e que em suas propostas venham outras soluções de mercado,
ao tratar a Cassi como qualquer outro plano de saúde.
- O motivo do déficit não é porque "pagamos pouco". No Saúde
Caixa (plano dos bancários da Caixa) os empregados contribuem mensalmente com
2% ao mês sobre a remuneração base e pagam uma coparticipação de 20% sobre a
utilização do plano, limitada a 2.400 ao ano. O desequilíbrio da Cassi ocorre
porque há uma redução significativa da folha de pagamento do Banco. Se
observarmos apenas o acordo salarial deste ano, com percentual abaixo da
inflação, impôs à Cassi uma perda adicional de 12 milhões/ano. O fato de terem
retirado nosso antigo PCS (em que havia promoção por tempo de serviço de 4% ao
ano), aliado as recentes mudanças do Plano de Funções (redução de jornada com
redução de salários), é o principal motivo da atual crise. Tudo indica que esta
situação irá se agravar à medida em que o Banco propõe reduzir o atual quadro
de funcionários e forçar a migração das atuais comissões para a jornada de 6
horas.
O que propomos ?
Os que defendem o SIM dizem que esta é a melhor proposta após dois
anos de negociação. Infelizmente, perdemos muito tempo, pois as entidades que
compuseram a mesa de negociação (Contraf, Contec, Anabb, Fabb) não se empenharam
em mobilizar os associados e pressionar o Banco. Distinto do que propúnhamos, a
Contraf CUT negou-se a hierarquizar este tema na campanha salarial deste ano.
Ao rejeitar a atual proposta, iremos forçar o BB a voltar a mesa de
negociação. A partir daí, precisamos fazer o inverso do processo anterior. Nada
se alterará se continuar como uma negociação de portas fechadas. Temos que
construir um encontro nacional com a participação de ativos e aposentados, para
que possamos discutir as diversas saídas para a resolução deste déficit. As
entidades representativas têm a obrigação de organizar este encontro nacional e
apresentar um calendário de lutas. Somente assim forçaremos o BB a alterar os
riscos da atual proposta e construir saídas estruturais à Cassi.
Participe da campanha
Vamos multiplicar a campanha: chamamos todos os colegas que concordem
com nossas opiniões a conversar no local de trabalho, a compartilhar nossos
textos da OPOSIÇÃO NA CASSI nas redes socias
Votar NÃO é apenas o primeiro passo para forçarmos a retomada das
negociações em novo patamar.
Ronaldo de Moraes Ferreira, Conselheiro Deliberativo da Cassi, eleito
pelos funcionários em Abril 2016
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