segunda-feira, 29 de julho de 2013

Diferença salarial entre quem sai e quem entra é 5 vezes maior nos bancos.

Seg, 29 de Julho de 2013

A diferença entre o salário médio inicial dos trabalhadores admitidos em relação aos desligados é cinco vezes maior nos bancos do que na economia brasileira como um todo. No país, segundo cálculos da LCA Consultores divulgados nesta segunda-feira 29 pelo jornal Valor Econômico, o salário médio de ingresso nas empresas foi em junho 7,3% menor que a remuneração média dos que saíram. No setor financeiro, essa diferença é de 36% no mesmo período. 

"Não bastassem os bancos terem os maiores lucros e a maior rentabilidade da economia, cobrando as maiores taxas de juros, de spread e tarifas do mundo, e de também serem os campeões de demissões, agora fica comprovado que o sistema financeiro usa a rotatividade para reduzir custos muito mais do que qualquer outro setor da economia", critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

De acordo com o estudo da LCA Consultores feito com base nos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, a diferença da remuneração média dos trabalhadores que entram e que saem das empresas era em maio último 10,1% na indústria, 5,1% na construção, 5,9% no comércio e 4,8% no setor de serviços.

Já a 18ª Pesquisa de Emprego Bancário que a Contraf-CUT e o Dieese divulgaram na quinta-feira 25, revelando que os bancos privados fecharam quase cinco mil postos de trabalho no primeiro semestre de 2013, mostra também que os trabalhadores que entram no sistema financeiro recebem remuneração 36% inferior à dos que saem. O salário médio dos admitidos pelos bancos foi de R$ 2.896,07, contra salário médio de R$ 4.523,65 dos desligados.

"Isso explica por que, embora com muita mobilização os bancários tenham conquistado 16,2% de aumento real no salário e 35,6% de ganho real no piso salarial desde 2004, a média salarial da categoria diminuiu neste período. Esse é o mais perverso mecanismo de concentração de renda, num país que faz um grande esforço para se tornar menos injusto", denuncia Carlos Cordeiro.

Defesa do emprego e contra a rotavidade

O fim das demissões, mais contratações e o combate à rotatividade estão entre os principais eixos da pauta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários deste ano, que será entregue pelo Comando Nacional à Fenaban nesta terça-feira 30.

E ao mesmo tempo que enxuga a folha de pagamentos empregando o mecanismo da rotatividade, os bancos engordam a remuneração de seus diretores executivos. 

Segundo levantamento do Dieese com base em dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cada diretor do Itaú ganhou, em média, R$ 9,05 milhões em 2012, ou 234,27 vezes mais que um funcionário recebe com o piso de R$ 38,64 mil no ano. Os diretores do Santander receberam R$ 5,63 milhões (145,67 vezes o piso) e os do Bradesco embolsaram R$ 5,01 bilhões cada um (129,57 vezes o piso). 

"Trata-se de um modelo perverso, que escancara a falta de distribuição de renda no setor financeiro e que não pode continuar. Não é à toa que o Brasil é o 12º país com a maior concentração de renda do mundo", denuncia Carlos Cordeiro.

Fonte: Contraf-CUT

O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região/CSP-Conlutas convoca os bancários para assembléia que debatera a pauta de reivindicações para a campanha salarial

Amanhã, dia 30, Sindicato realiza assembleia para definir pautas de reivindicações

Sindicato dos Bancários de Bauru e Região/CSP-Conlutas convoca os bancários da base para a assembleia que vai acontecer amanhã, dia 30, a partir das 18h30, na sede da entidade, em Bauru (rua Marcondes Salgado, 4-44, Centro). É importante a participação de todos, pois é nessa assembleia que vamos definir as pautas de reivindicações da campanha salarial que serão entregues ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica Federal e à Fenaban.
As pautas do Sindicato de Bauru são fruto das discussões realizadas durante o Encontro Nacional do MNOB (Movimento Nacional de Oposição Bancária), que ocorreu no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho. Elas serão apresentadas em conjunto com os sindicatos do Rio Grande do Norte e do Maranhão e não guardam relação com as pautas rebaixadas elaboradas pelos pelegos da Contraf/CUT e da Contec.

Eis a seguir algumas das principais reivindicações de nossa campanha salarial alternativa:
- reajuste de 22% já;
- reposição das perdas acumuladas desde o Plano Real;
- PLR de 25% distribuída linearmente;
- fim das metas, das avaliações de desempenho e do assédio moral;
- estabilidade para os funcionários dos bancos privados;
- jornada de seis horas para todos;
- fim da coparticipação nas despesas de saúde;
- isonomia salarial e de direitos para funcionários de bancos incorporados;
- o fim dos correspondentes bancários.

O setor financeiro é o que mais lucra no Brasil e tem todas as condições de devolver aos bancários a dignidade que a categoria já teve em outros tempos. Demissões em massa, falta de funcionários nas agências, extrapolação de jornada, desvios de função, ampliação da rede de correspondentes bancários... Nenhum desses problemas decorre da falta de dinheiro do setor. Muito pelo contrário. É tudo resultado da mais pura ganância.
A participação ativa dos bancários nessa campanha salarial é extremamente importante para avançarmos na luta pela ampliação de nossos direitos. Os sindicatos apenas orientam a ação. Quem faz acontecer e conquista direitos são os trabalhadores. Compareça à assembleia! Precisamos nos empenhar para fazermos desta campanha uma campanha vitoriosa!

Bauru, 29 de julho de 2013

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE BAURU E REGIÃO / CSP-CONLUTAS

domingo, 28 de julho de 2013

Segunda audiência do MPT do DF contra o BB, por demissão de funcionários que tinham ações de 7ª e 8ª horas


Dia 2 de agosto está marcada a segunda audiência do processo da Ação civil pública 846/2013, movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o Banco do Brasil e seis dos seus diretores por descomissionar e demitir sem justa causa trabalhadores que têm na Justiça processos cobrando o pagamento da 7ª e 8ª horas.

O BB terá de dar explicações de por que, de modo imotivado e arbitrário, retirou comissões e demitiu cerca de 20 trabalhadores, medida nefasta que só vem atestar a natureza temerária da atual gestão do banco de lançar mão da retaliação contra bancários que buscam valer seus direitos na Justiça.

A primeira audiência da ação ocorreu em 20 de junho e foi marcada pela tentativa dos advogados do BB de retirar da condição de corréus os diretores arrolados no processo. Ali o BB também tentou, mais uma vez sem sucesso, que fosse decretado segredo de Justiça à ação.

Além do cancelamento dos descomissionamentos e dos desligamentos e que o BB se abstenha de promovê-los, na ação o MPT cobra da instituição financeira o pagamento de R$ 60 milhões a título de indenização por dano moral coletivo, valor que, pede o órgão, não poderá ser retirado do chamado seguro corporativo, de R$ 304 milhões, com o qual o BB arca com eventuais despesas ou sanções financeiras de seus diretores quando atuam em seu nome.

Do site do Seeb DF

sábado, 27 de julho de 2013

Banco do Brasil contraria lei e funciona nos feriados

Escrito por  Bancários Rio  Terça, 23 Julho 2013 16:06 

O Banco do Brasil através da Superintendência de Varejo, determinou aos funcionários das agências que trabalhem normalmente nos dias 23 e 29, contrariando a lei  5.591/2013. 

A decisão do BB vai contra, também, a orientação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) que, desde 12 de julho, orienta, em seu site, o não funcionamento das agências, com base na mesma lei.

A notícia, veiculada através de boletim interno, revoltou os funcionários que imediatamente entraram em contato com o Sindicato. Em contato com a Superintendência e a Gerência de Pessoas (Gepe) local para apurar a reclamação, a diretora executiva da Secretaria de Bancos Públicos, Luciana Vieira, cobrou o cumprimento da lei, conforme comunicado feito pela Febraban. Acionou também a Secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Cleyde Magno, para dar orientação aos funcionários.

Recebemos, logo após o contato, a notícia de que a Superintendência realizaria vídeo-conferência com os gestores das unidades para que explicassem aos funcionários que o fechamento do ponto deveria ser às 16 horas, sem contagem negativa, mas finalizando o atendimento aos clientes presentes nas agências. Na segunda-feira (29), seria cumprido o horário do feriado conforme a lei.


O presidente do Sindicato, Almir Aguiar, solicita os funcionários a procurarem a entidade caso sejam obrigados a cumprir jornada diferenciada e a só fechar o ponto quanto efetivamente deixarem o local de trabalho. Alerta ainda que toda e qualquer jornada, fora do horário normal e em feriado é considerada hora extra, devendo ser paga em dobro.

Bancos privados fecham quase 5 mil postos de trabalho

Os bancos privados que operam no país fecharam quase cinco mil postos de trabalho no primeiro semestre de 2013, andando na contramão da economia brasileira, que gerou 826.168 novos empregos de janeiro a junho. Além disso, a rotatividade continua alta no sistema financeiro, mecanismo que os bancos usam para reduzir custos.


Esses são os principais resultados da 18ª Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada nesta quinta-feira 25 pela Contraf-CUT, que faz o estudo em parceria com o Dieese com base nos dados dos Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho.

"Mesmo aumentando os lucros e mantendo a mais alta rentabilidade do sistema financeiro internacional, os bancos brasileiros, principalmente os privados, continuam demitindo trabalhadores e empregando a rotatividade para reduzir os salários dos trabalhadores", critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

Segundo o Caged, os bancos brasileiros contrataram 20.230 bancários no primeiro semestre e desligaram 22.187. No total do sistema financeiro, foram fechados 1.957 postos de trabalho. O Caged não discrimina a evolução do emprego por empresa; apenas por setor. Mas como a Caixa Econômica Federal é a única instituição do seu segmento, sabe-se que ela apresentou um saldo positivo de 2.804 empregos no primeiro semestre. E como o Banco do Brasil manteve o quadro de funcionários estável, fica evidente que os cortes nos postos de trabalho se concentram nos bancos privados.

Veja aqui o quadro com a evolução do emprego na categoria.

Rotatividade reduz salário
A pesquisa Contraf-CUT/Dieese mostra que o salário médio dos admitidos pelos bancos no primeiro semestre foi de R$ 2.896,07, contra salário médio de R$ 4.523,65 dos afastados. Ou seja, os trabalhadores que entram no sistema financeiro recebem remuneração 36% inferior à dos que saem.

"Isso explica por que, embora com muita mobilização os bancários tenham conquistado 16,2% de aumento real no salário e 35,6% de ganho real no piso salarial desde 2004, a média salarial da categoria diminuiu neste período. Esse é o mais perverso mecanismo de concentração de renda, num país que faz um grande esforço para se tornar menos injusto", denuncia Carlos Cordeiro.

Veja aqui gráfico com o comparativo entre a evolução do PIB, do lucro líquido dos cinco maiores bancos e da remuneração média dos bancários.

Mulheres ganham menos na entrada e na saída
Apesar de constituírem hoje praticamente a metade da categoria bancária e de terem nível de escolaridade superior ao dos homens, a pesquisa Contraf-CUT/Dieese mostra que as mulheres continuam sendo discriminadas no sistema financeiro.

Quando são contratadas, as mulheres recebem salário médio de R$ 2.479,92, ou 25% a menos que os homens (R$ 3.290,43). E quando são desligadas, o salário médio das bancárias é 30% inferior ao dos bancários homens (R$ 3.713,43 contra R$ 5.314,74).

Veja aqui a evolução do emprego por gênero.

"A pesquisa mostra por que os bancários definiram a defesa do emprego como uma das principais bandeiras da campanha nacional deste ano. O setor que mais lucra na economia não pode continuar fechando postos de trabalho e concentrando renda da forma escancarada como faz hoje", afirma o presidente da Contraf-CUT.

Os 10% mais ricos no país, segundo estudo do Dieese com base no Censo de 2010, têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha durante 3,3 anos para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico.

No sistema financeiro a concentração de renda é ainda maior. No Banco Itaú, por exemplo, os executivos da Diretoria recebem em média R$ 9,05 milhões por ano, o que representa 234,27 vezes o que ganha o bancário do piso. No Santander, os diretores embolsam R$ 5,6 milhões, o que significa 145,64 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que paga R$ 5 milhões anuais a seus executivos, a diferença é de 129,57 vezes.

Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o Caixa do Itaú tem que trabalhar 16 anos e o caixa do Bradesco 9 anos.

"A sociedade brasileira mostrou nas recentes manifestações de rua que quer mudança e certamente está de olho na prática dos bancos, de juros e tarifas escorchantes. Queremos transformar o crescimento em desenvolvimento econômico e social. Isso passa por melhoria de salário e mais emprego, o contrário do que os bancos estão fazendo", comenta Carlos Cordeiro.

O Comando Nacional dos Bancários vai entregar à Fenaban na próxima terça-feira, dia 30, a pauta de reivindicações da campanha nacional de 2013 aprovada na 15ª Conferência Nacional, realizada em São Paulo no último fim de semana.

Contraf-CUT 

Sindicato convoca para assembleia de aprovação da minuta

6/07/2013

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região convoca todos os trabalhadores de sua base territorial para assembleia de aprovação da minuta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários 2013.


A assembleia será realizada na próxima segunda-feira, 29 de julho, às 18h30 (primeira convocação) e 19h00 (segunda convocação), no Espaço Cultural dos Bancários. Os trabalhadores também vão deliberar sobre o desconto assistencial.

A minuta de reivindicações foi elaborada durante a Conferência Nacional dos Bancários, realizada em São Paulo nos dias 19, 20 e 21 de julho. Ela será entregue à Fenaban no dia 30 de julho. A data-base dos bancários é 01 de setembro.

Clique aqui para ver as principais reivindicações aprovadas na 15ª Conferência Nacional dos Bancários.

Assembleia

Data: segunda-feira, 29 de julho
Horário: 18h30 (primeira convocação)
               19h00 (segunda convocação)
Local: Espaço Cultural dos Bancários (Rua Piquiri, 380, Rebouças, Curitiba)

Participe!

Por: Paula Padilha
SEEB Curitiba 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Conferência Nacional dos Bancários, pouco avança e mantém pauta rebaixada como em anos anteriores

Conferência Nacional dos Bancários, sinaliza que só haverá mudanças com pressão da base

Fim da Conferência Nacional d@s Bancári@s, em São Paulo. A última votação da pauta de reivindicações para a campanha salarial foi sobre o índice de reajuste. A articulação sindical, mais uma vez, defendeu um índice super rebaixado de inflação mais 5% de "aumento real", que não reflete as perdas salarias da categoria bancária nem a rentabilidade do sistema financeiro e que protege o governo e os banqueiros. A ousadia e a mobilização, que marcam o momento atual que vivemos no país, ficou gravada apenas nos materiais da Conferência.

Todas as outras forças do movimento (CSP-Conlutas, Bancários Podem Mais, Intersindical, CTB, CSD,...) se uniram em torno do índice de 18%. Gritamos juntos: "Ousadia é lutar por 18% já!" Infelizmente, a articulação ganhou a votação.


Numa conferência burocratizada e antidemocrática desde a eleições dos delegados nos Estados, a articulação contou com os votos dos levantadores oficiais de crachá que parecem robotizados, sem consciência. Mas a conjuntura mudou... E "Art pode esperar...o bancário não vai perdoar!" Que venha a campanha salarial! Vamos todos às assembleias de base, o fórum legítimo e democrático d@s bancári@s, barrar o governismo e o burocratismo da articulação! Vamos aproveitar o ânimo que vem das ruas e dar um novo rumo à nossa campanha salarial

A PEC 37 foi derrubada para que casos como a sonegação da GLOBO não ficassem impunes. E agora o MPF vai agir ?



Público, senhores promotores, público. Sabem o que é público?

22 de Jul de 2013 | 11:26 in Tijolaço

O Ministério Público Federal está diante de um momento que vai definir como o país – que tão generosamente lhe paga salários que, para não ofenderem o povo trabalhador, têm de se justificar numa ação incessante em defesa dos direitos e do dinheiro público – vai encará-lo.
Exigiu, com toda a justiça, a derrubada da PEC 37, sob a alegação de que nada poderia tolher sua liberdade de investigar e investigar, sobretudo, a corrupção e os descaminhos do dinheiro público.
Mas será que existe uma PEC-37 toda particular que impede o Ministério Público de investigar o caso nada explicado do processo de sonegação da Globo?
Pode uma instituição cuja  finalidade é exercer, em nome do povo, o persecutio criminis, deixar de fazê-lo quando o potencial criminoso é a empresa mais poderosa politicamente deste país?
Será que há sete anos vige um privilégio que fez a Globo jamais ter tido contra ela uma ação penal, enquanto todas as outras empresas que tiveram processos de sonegação surrupiados pela servidora-ladra da Receita respondem por isso na Justiça?
Que diabo de sigilo fiscal é esse que, mesmo inexistindo na lei para representações penais de natureza fiscal, existe na prática para a Globo?
Ações penais têm um “sobrenome”: são ações penais públicas.
Parece uma tautologia, mas não é, porque não são públicos os procedimentos do MP em relação à representação feita, há quase oito anos, por um agente fiscal, em processo regular e, desde então – perdoem a palavra definidora – afanado para, pelo menos, dilatar o prazo do pagamento de R$ 615 milhões.
O Ministério Pùblico está moralmente obrigado a tornar públicas as suas iniciativas no caso.
Quem será chamado a depor, que documentos serão requisitados, se as tais fitas de vídeo que exibem o momento do furto do processo exitem e foram confiavelmente periciadas, como foi reconstituído o processo, quem tinha que cópias, onde estão os registros eletrônicos da movimentação do processo na Receita.
Não adianta que alguns de seus integrantes estejam a maquinar como farão para processar os blogueiros que os deixaram “consternados” com a revelação dos documentos que fizeram esse caso surgir da gaveta onde o puseram para descansar todo este tempo.
A história, pedaço por pedaço, está vindo à tona.
E ainda é tempo que a lama que com ela surge não cubra os que, por corporativismo, negam o que está evidente.
Por: Fernando Brito

domingo, 21 de julho de 2013

Conferência Nacional dos Bancários aprova proposta rebaixada e pouco avança em relação aos anos anteriores

15ª Conferência aprova reivindicações da Campanha 2013


A 15ª Conferência Nacional dos Bancários aprovou na plenária final, realizada neste domingo 21 em São Paulo, a estratégia, o calendário e a pauta de reivindicações da Campanha 2013, que terá como eixos centrais reajuste de 11,93% (inflação projetada do período mais aumento real de 5%), valorização do piso salarial no valor do salário mínimo calculado pelo Diesse (R$ 2.860,21), defesa do emprego, fim da terceirização e combate às metas abusivas e ao assédio moral. A pauta de reivindicações será entregue à Fenaban no dia 30 de julho.


Participaram da Conferência, aberta na sexta-feira 19 no hotel Holiday Inn, 629 delegados de todo o país, dos quais 422 homens e 207 mulheres.

Para o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, a Campanha Nacional deste ano será muito forte. "Os bancários estão mais mobilizados que na greve do ano passado, inclusive pelo momento em que estamos vivendo. Esta Campanha não será apenas por questões corporativas, vamos lutar contra o PL 4330 da terceirização e por toda a pauta colocada pelas centrais sindicais. Também batalharemos pelas reformas que o país precisa, sobretudo a política e a tributária. E, claro, vamos continuar lutando pela realização da Conferência Nacional do Sistema Financeiro, pois temos de discutir que bancos queremos para o país. Agora, vamos à luta, pois todas as nossas conquistas só vieram com mobilização", resumiu Carlão.

Ousadia, unidade e mobilização
O presidente da Contraf-CUT destacou que a Conferência Nacional dos Bancários foi marcada pela unidade e participação. "Todas as forças que compõem o movimento sindical bancário participaram da Conferência, que foi bastante plural e produziu um debate muito rico", comentou.

Sobre as reivindicações dos bancários, Carlão destacou a valorização dos salários e do piso, a garantia de emprego e a importância de se melhorar as condições de trabalho. "Os bancários não aguentam mais as demissões e as péssimas condições de trabalho. Aliás, este ano, a luta contra o assédio moral e as metas abusivas terá um peso maior. Não podemos admitir que nossa categoria continue adoecendo física e psicologicamente por causa dos bancos", disse.

Principais reivindicações

Reajuste salarial de 11,93%: 5% de aumento real, além da inflação projetada de 6,6%;

PLR: três salários mais R$ 5.553,15;

Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese);

Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional);

Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários;

Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que libera geral e precariza as condições de trabalho, além da aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas;

Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários;

Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;

Prevenção contra assaltos e sequestros, com fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários;

Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de trabalhadores afro-descendentes;

Agenda política

Os 629 delegados que participaram da conferência também aprovaram uma agenda política, com temas importantes da conjuntura nacional que precisam ser discutidos com os bancários e com a população. São eles:

* Combate sem tréguas ao PL 4330, que precariza as relações de trabalho.
* Reforma política, para democratizar o Estado.
* Reforma tributária, para corrigir injustiças.
* Marco regulatório da mídia visando democratizar as comunicações.
* Conferência Nacional do Sistema Financeiro.
* Investir 10% do PIB na educação.
* Investir 10% do orçamento em saúde.
* Transporte público de qualidade.

Calendário de luta
A 15ª Conferência aprovou ainda um calendário de luta que mescla o engajamento da categoria tanto na Campanha Nacional dos Bancários quanto na pauta de reivindicações da CUT e demais centrais sindicais. Confira:

Até 29/7 - Realização de assembléias para aprovar a pauta definida na 15ª Conferência.

30/7 - Entrega da pauta de reivindicações à Fenaban.

6/8 - Dia Nacional de Luta contra o PL 4330.

12 e 13/8 - Mobilizações em Brasília para convencer os parlamentares a rejeitarem o PL 4330.

22/8 - Dia Nacional de Luta dos Bancários, com passeatas no final do dia.

28/8 - Dia do Bancário, com atos de comemoração e de mobilização.

30/8 - Greve de 24 horas, em defesa da pauta geral dos trabalhadores apresentada ao governo e ao Congresso Nacional apresentada pela CUT e demais centrais sindicais. 


Por: Fábio Jammal e José Luiz Frare
Rede de Comunicação dos Bancários 

sábado, 20 de julho de 2013

Negociação do dia 16/07, sobre a nova GDP e Reestrututação da DIRAO

Como já havia colocado, em   "O que esperar da campanha salarial 2013/2014", a rodada de negociação do dia 16/07, não trouxe nenhum resultado favorável aos bancários do BB.  Acabou como sempre, uma mera explanação do Banco das alterações que serão/foram  implementadas, sem  nenhum tipo de negociação, mais uma vez unilateralmente.

 Veja abaixo a matéria do site da SEEB Curitiba.

17/07/2013

BB apresenta ao movimento sindical a alteração na GDP

Em nova rodada de negociação realizada entre os representantes dos bancários e do Banco do Brasil, na última terça-feira, 16 de julho, em Brasília, o BB apresentou um novo modelo de avaliação, que começa a funcionar neste semestre. “O GDP prevê nota e cobrança de cumprimento de metas individuais abusivas, modelo que foi exaustivamente criticado pelos sindicatos e federações presentes na reunião”, informa Ana Smolka, representante do Paraná na Comissão de Empresa do BB.

“Apontamos tremendas injustiças que certamente ocorrerão como, por exemplo, os gerentes responsáveis pelo carteirão nas agências. Estes colegas são sobrecarregados pelo atendimento de clientes com renda abaixo de R$ 4 mil, e pela natureza de seu trabalho raramente cumprem metas de vendas”, explica a dirigente.

O Banco informou que fez uma “pesquisa de mercado". A dirigente Ana Smolka perguntou quais avaliações de quais bancos foram analisadas. “Para nossa surpresa informaram que foram sete bancos, dos quais seis são privados, entre eles o Banco Safra. Perguntei se era uma estratégia de privatização? Negaram. Perguntei desde quando o Banco Safra é parâmetro para o BB?”, questiona.

A mesa de negociação permanente, na avaliação de Ana Smolka, ocorreu como previsto, sem nenhum avanço significativo. O novo modelo GDP também irá prejudicar os trabalhadores ao promover anotações sobre as metas não atingidas, que historicamente são superdimensionadas no início do semestre e retificadas e adaptadas à média nacional no final. “As anotações representam uma tortura ao funcionário por não atingir o inatingível e ficarão registradas individualmente, mesmo que ao final não reflitam a nota que será automática sobre o resultado do sinergia, programa que foi alterado 12 vezes em 2012 por superdimensionar metas. Estas anotações, portanto injustas, é que são analisadas em caso de descomissionamento”, avisa Ana Smolka.

Os dirigentes sindicais concluíram que a alteração no GDP descumpre o acordo na cláusula de garantias contra descomissionamento, pois a premissa da forma de avaliação (sem individualização de metas) foi unilateralmente alterada pelo Banco.

7ª e 8ª horas - O banco publicou, na mesma data da reunião, um novo boletim interno, criando um clima político tenso com os sindicatos do DF e BH quando afirmou suas adesões à CCV. “Ambos fariam assembleias ratificadoras da decisão debatendo o tema novamente sob o ponto de vista sindical de rejeitar estas CCVs. Infelizmente as assembleias ratificaram suas decisões anteriores e  voltaram a aceitar as CCVs”, avalia Ana Smolka.

Reestruturação DIRAO – O BB informou que aumento de serviço trará diminuição de funcionários. Ao serem questionados sobre a incoerência, já que com o aumento de serviço deve-se aumentar o número de funcionários, informou sobre a terceirização de parte deste trabalho. Para o BB esta matemática significa fechamento de unidades GERAT e terceirização de mais serviços. “Nas nossas contas a reestruturação custará aos bancários 132 postos de trabalho comissionados. E na dança das cadeiras está prevista muita concorrência para lateralidade em outra cidade e descenso funcional para os que sobrarem com VCP de 4 meses para ficar onde estão como escriturários excedentes. Sem luta a tendência é piorar”, finaliza Ana Smolka.


SEEB Curitiba

15ª Conferência Nacional dos Bancários

Temos de apontar para a mobilização

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e representante da Intersindical, Ricardo Luiz Lima Saraiva, o Big, os estudantes apontaram para o movimento sindical que o momento é de unidade e criticou o governo, "que tem de começar a defender o direito dos trabalhadores e deixar de andar de mãos dadas com banqueiros".

Ele disse que a CUT foi fundamental para barrar a votação do PL 4330 até agora e propôs: "Temos de apontar para a mobilização e no dia 6 ir para Brasília e deflagrar greve geral para impedir a aprovação do projeto da terceirização".

Dirceu Travassos (Didi), da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), destacou a importância do momento histórico que o país atravessa com a força das mobilizações nas ruas, ressaltando que a Campanha Nacional dos Bancários de 2013 precisa incorporar esses novos elementos. "Devemos repensar nossa concepção de organização e estratégia, principalmente porque trabalhamos no setor que é o maior responsável pela crise econômica mundial, que é o sistema financeiro", afirmou Didi.


Emanoel de Souza, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e representante da CTB, declarou que "o papel da juventude é a rebeldia. O desafio das centrais e movimentos sociais é construir a unidade na luta e elevar o nível de consciência dos trabalhadores e da população em geral. Só assim poderemos impedir que as vigorosas manifestações das últimas semanas sejam manipuladas pela direita e pela mídia."

sexta-feira, 19 de julho de 2013

José Arbex Jr.: Conjuntura no Brasil pode desembocar em crise revolucionária

publicado em 17 de julho de 2013 às 10:29

in Viomundo

Yasuyoshi Chiba/AFP: PM atira em manifestantes em Fortaleza
É a conjuntura, estúpido
por José Arbex Jr., especial para o Viomundo
“Seria mais fácil explicar os protestos quando eles ocorrem em países não democráticos, como no Egito e na Tunísia, em 2011, ou em países onde a crise econômica elevou a índices assustadores o número de jovens desempregados, como na Espanha e na Grécia, do que quando eles ocorrem em países com governos populares e democráticos – como no Brasil, que atualmente exibe os menores índices de desemprego de sua história e uma expansão sem paralelo dos direitos econômicos e sociais. Muitos analistas atribuem os recentes protestos à rejeição da política. Creio ser precisamente o contrário: eles refletem o desejo de ampliar o alcance da democracia, de encorajar as pessoas a participarem de uma maneira mais plena.”
O diagnóstico é feito pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em artigo de sua autoria, publicado no jornal estadunidense The New York Times (clique aqui para ler), em 16 de julho. Lula está certo. Os jovens que tomaram as ruas querem mais do que aquilo que já têm.
O desejo se reflete na palavra de ordem “queremos escolas (e hospitais, postos de saúde, serviços públicos) com padrão Fifa”. A alusão à Fifa não é um aspecto secundário das manifestações.
Ao contrário: mostra que, no Brasil contemporâneo, o próprio circo pegou fogo. Estamos a um milhão de anos luz do inglório 1970, quando a conquista do tricampeonato mundial deu fôlego à ditadura em sua fase mais sangrenta, sob as botas do general Emílio Garrastazu Médici.
Embalados pelos inestimáveis serviços prestados ao regime pela Rede Globo, os brasileiros cantavam o hino oficioso “90 milhões em ação / pra frente Brasil / do meu coração”, enquanto agentes da ditadura torturavam e assassinavam nos presídios oficiais e nas masmorras clandestinas.
Já não é assim. “Fifa”, hoje, virou sinônimo de imperialismo, e “Copa do Mundo” de corrupção, mamata e desperdício do dinheiro público.
Não por acaso, as sedes da Globo em São Paulo e no Rio foram objeto de repúdio dos manifestantes.
Mesmo Pelé teve que vir a público explicar que sua majestade nada tinha contra as “jornadas de junho”, após o seu apelo patético, gravado em vídeo, para que todos esquecessem as manifestações e apoiassem a seleção, durante a Copa das Confederações.
“Pelé calado é um poeta”, respondeu o ex-jogador e atual deputado federal Romário, que denuncia a imensa farra com o erário possibilitada pela Copa de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016.
Os tempos, pois, são outros. Um claro sinal disso é dado pela seguinte comparação: em 1995, a heroica greve dos trabalhadores brasileiros do petróleo, iniciada em 3 de maio,  morreu melancolicamente, 32 dias depois, sem ter logrado atrair a solidariedade ativa do movimento sindical e da sociedade, abrindo o caminho para Fernando Henrique “Thatcher” Cardoso impor todas as reformas que pretendia ao mundo do trabalho; quase exatos 18 anos depois, no início de junho, um pequeno grupo intitulado Movimento pelo Passe Livre, convoca atos para protestar contra o aumento de 20 centavos no preço do transporte urbano, em algumas das principais cidades do país, para detonar um movimento que acabaria levando pelo menos 2 milhões às ruas. É isso que deve ser explicado: porque, em 1995, o movimento iniciado por  uma das mais poderosas e organizadas categorias do país foi incapaz de atrair as simpatias da população, ao passo que, em 2013, o MPL incendiou o Brasil.
A resposta está na conjuntura. Não está na vontade dos dirigentes partidários, sindicais, dos movimentos sociais e nem mesmo do MPL – que foram tão pegos de surpresa quanto qualquer outro cidadão. Não está em manobras e articulações palacianas, nem da “direita” nem da “esquerda”.
Está no conjunto complexo, contraditório, profundo e extremamente poderoso que constitui o tecido das relações econômicas, sociais, políticas, ideológicas, sociais e morais de uma determinada época.
Não é só no Brasil que isso acontece, é óbvio. Dificilmente o vendedor ambulante tunisiano Ahmed Buazizi teria consciência de que ao atear fogo ao próprio corpo, em 17 de dezembro de 2010, estaria com isso incendiando o Oriente Médio.
Quantos Bouazizis fizeram gestos extremados, antes dele, sem com isso causar o menor distúrbio social? Porque justamente aquele gestou produziu a assim chamada “primavera árabe”? A resposta está na conjuntura.
A revolucionária Rosa Luxemburgo notou isso, ao comparar uma greve espontânea, organizada pelos trabalhadores de Batumi, na Geórgia (situada no Cáucaso), em 1902, com movimentos liderados, na mesma época, pelas poderosas centrais sindicais social-democratas na Alemanha: a greve dos trabalhadores de Batumi acabou desembocando, três anos depois, no Soviete de São Petersburgo, um dos grandes impulsionadores da Revolução Bolchevique de 1917; os movimentos na Alemanha mal foram notados.
Novamente: o que faz com que uma greve espontânea, numa região tão secundaria, do ponto de vista econômico, acabe sendo o motor de uma das mais importantes revoluções da história, enquanto movimentos operários organizados num país central para a economia capitalista não surta grandes efeitos? A própria Rosa explica: a resposta está na conjuntura.
Lula está certo, ao dizer que a juventude quer mais. O Programa Bolsa Família, o aumento real do salário mínimo, os programas de inclusão social (como o Luz para Todos), na esfera da educação (como o Prouni) e o da casa própria (Minha Casa Minha Vida) colocaram milhões de brasileiros na esfera do consumo, a qual foi artificialmente ampliada ao máximo com a concessão de créditos fáceis aos consumidores.
Milhões e milhões de brasileiros, antes relegados às margens do sistema econômico, agora aprenderam, com os mais variados graus de consciência ou intuição, que não têm que se conformar com a precariedade do sistema público de educação e saúde; que a corrupção pode e deve ser punida; que o sistema de transporte público é entregue a empresas privadas, embora fartamente subsidiado pelos impostos que todos pagam; que não há dinheiro para a segurança, para as escolas e para a saúde, mas há para imensos estádios de futebol.
O que Lula não diz em seu artigo é que boa parte dos problemas que hoje afligem a população brasileira também é resultado das políticas adotadas pelo seu governo e mantidas por aquela que preenche os contornos de seu espectro refratado no Planalto, a senhora Dilma Rousseff.
Lula não diz, por exemplo, que o programa Bolsa Família equivale a escassos 10% do total dos juros da dívida pública anualmente pagos ao capital financeiro; que os investimentos feitos pelo governo federal em educação e saúde são um dos menores do mundo, quando comparados ao PIB; que o governo adotou uma política irresponsável de promover o crescimento econômico com base no endividamento das famílias, que hoje enfrentam o fantasma da inadimplência; que, ideologicamente, o lulismo privilegiou uma concepção neoliberal que confunde “progresso social” com “enriquecimento dos indivíduos”, assim criando um abismo intransponível entre o eventual maior bem-estar que cada família passou a experimentar da porta de sua casa para dentro e o desastre absoluto verificado da porta para fora (insegurança, medo, poluição, caos urbano, guerras entre gangues, etc.); e que o”lulismo” transformou o PT e a CUT, símbolos das esperanças que mobilizaram milhões de brasileiros no final dos anos 70, em condutos forçados de negociatas do mercado persa chamado Congresso Nacional.
O Brasil chegou a um ponto de basta. Esse “ponto de basta”  apenas aparentemente se apresenta como que do nada, uma espécie de raio em céu azul.
Ele vem se anunciando há tempos, embora só retrospectivamente os sinais ganhem visibilidade adequada: no elevado índice de abstenção e voto nulo nas eleições de 2010; em revoltas explosivas, como a ocorrida no canteiro de obras na usina de Jirau (Amazônia), em março de 1911; nas inúmeras greves do funcionalismo público, nas revoltas em bairros da periferia, na longa paralisação que envolveu quase 100% das universidades federais em 2012, seguida pela greve dos professores do ensino municipal e estadual durante os primeiros meses de 2013.
Ninguém aguenta mais o inferno em que se transformou a vida nas grandes cidades, o espetáculo perdulário dos gastos públicos com a Copa, o descaso das autoridades com as pessoas que, diariamente, morrem ou padecem nas filas do SUS.
É esse sentimento de basta que explica aquilo que, de outra maneira, permaneceria incompreensível: quanto mais a polícia usa da violência, mais as pessoas vão às ruas. Seria de se esperar o oposto.
De fato, a polícia também foi surpreendida pela decisão da população. Ao contrário do que sempre aconteceu, a violência, por si só, mostrou-se incapaz de conter ou impedir os protestos. Trata-se de uma situação conjuntural em que os “de cima” – a burguesia e os seus representantes – já não conseguem governar como sempre governaram, ao passo que os “de baixo” – os trabalhadores, a juventude, a maioria da nação – já não suportam mais viver como sempre viveram.
Vladimir Ilitch Lênin assim descreve uma conjuntura que pode desembocar numa crise revolucionária.
Não se trata, aqui, de fazer futurologia. Potencialmente, o Brasil vive hoje uma situação conjuntural que pode desembocar numa crise revolucionária.
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Isso aconteceu, por exemplo, na Argentina, no começo do século, quando os trabalhadores e a população expulsaram o presidente Fernando de La Rúa e sucedâneos a pontapés da Casa Rosada, aos gritos de “que se vayan todos”; e tudo para acabarem, melancolicamente, elegendo o peronista Néstor Kirchner, que ainda teve tempo de conduzir a sua mulher, a inefável Cristina, à chefia da Casa Rosada, antes de morrer.
O que acontecerá no Brasil? É claro que ninguém sabe. Mas é uma questão que preocupa, pelas dimensões que o país ocupa no cenário mundial.
O Brasil ostenta o 7º maior PIB do planeta (2,5 trilhões de dólares), é um dos pilares dos BRICs e peça importante de um edifício econômico cujas bases estão solapadas pela crise que se arrasta desde 2007.
Do ponto de vista do capital financeiro mundial, a conjuntura ideal seria aquela que lhe permitisse manter taxas de lucro astronômicas no Brasil (como as exibidas pelos bancos), numa situação de “ordem” e estabilidade social.
Se uma pequena ilhota como o Chipre (PIB de 25 bilhões) foi capaz de colocar o mundo em polvorosa – tamanha a fragilidade da Zona do Euro -, imagine o que acontecerá se o “gigante” começar a dar passos de anão.
Mas rimar paraíso financeiro com ordem social não será mais possível no Brasil. O capital não pode abrir mão da taxa de lucros, ainda que isso signifique pressionar o governo para arrancar da população as poucas conquistas sociais já alcançadas (por exemplo, com investimentos ainda menores nos setores de educação e saúde, para assegurar a remuneração do capital, por meio do superávit primário).
Dilma está entre a cruz e a espada. Para atender ao capital, terá que enfrentar a população nas ruas; para atender às demandas da população, terá que romper, ou pelo menos resistir ao capital.
Os prazos são cada vez mais curtos, como mostra a valorização crescente do dólar (mais de 10% em dois meses), e com ela o preço do petróleo importado, dos insumos agrícolas e das máquinas que empregam tecnologia de ponta, com todas as consequências para a vida.
Até quando o governo federal conseguirá manobrar para impedir que a população sinta em cheio os efeitos da crise econômica?
Dilma procura “enquadrar” o movimento das ruas, canalizando as energias para as vias institucionais, configuradas pelas propostas de Constituinte (que teve curtíssima vida) e de plebiscito sobre a reforma política (incapaz, até o momento, de agregar um núcleo capaz de lhe dar forma concreta e eficaz).
Claro que a “oposição de direita” (aqui entendida como os patéticos senhores agregados no PSDB e redondezas) tenta bombardear qualquer proposta oriunda do Planalto.
A “esquerda”, ou o que sobrou dela, agrupada principalmente no PSOL, mostra-se impotente para apontar alternativas.
Todos os partidos estão de olho nas eleições presidenciais de 2014, e jogarão as suas fichas para colher os máximos de dividendos da crise.
A “direita”, que nada tem a propor, tenta alimentar a erosão da base governista, ao passo que faz o elogio da “ordem” nas manifestações (novamente, a Rede Globo, secundada por emissoras de menor importância, é providencial  na tarefa de criar um consenso nacional segundo a qual só é legítima a manifestação que respeita estritamente os limites da propriedade privada e o respeito supersticioso à “autoridade constituída”).
A mediocridade da oposição “de direita” e a impotência da “esquerda” ainda dão fôlego ao governo Dilma, que, claramente, oscila ao sabor dos acontecimentos.
Lula acompanha à distância a evolução da conjuntura. Assiste de camarote à “fritura” de Dilma.
Não por acaso, escolheu o NYT, porta-voz do establishment financeiro liberal dos Estados Unidos, para dar o seu recado: ele ainda faz parte do jogo, ainda é capaz de mover as peças, ainda pode ser o Bonaparte que surge a cavalo, no alto do Planalto, para tentar recompor a confiança da juventude e dos trabalhadores na forma partidária da representação política.
Em seu artigo, ele acena com a necessidade de uma “transformação profunda do PT”.
O que isso significa, talvez nem o próprio Lula saiba. Ainda.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Bancada "religiosa" pressiona Dilma contra atendimento a vítimas de estupro


Parlamentares da bancada religiosa do Congresso pressionam para que a presidente Dilma Rousseff vete projeto que regulamenta o atendimento emergencial a mulheres vítimas de violência sexual e estupro em hospitais. A proposta foi aprovada na Câmara e no Senado e já foi à sanção presidencial. Na interpretação de religiosos, um dos artigos do projeto abre brecha para a legalização do aborto.
O grupo tenta audiência com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tenta convencer o governo a vetar ao menos o artigo que fala em “profilaxia da gravidez”. Para a bancada religiosa, essa expressão abre brecha para que a mulher possa interromper gravidez até num estágio avançado, com cinco meses de gestação. Na interpretação deles, o aborto ocorreria mesmo sem a comprovação de que a mulher foi violentada e sem apresentação de boletim de ocorrência.
Autora do projeto, a deputada Iara Bernardi (PT-SC) nega que a proposta tenha como finalidade legalizar o aborto. Segundo ela, o projeto apenas detalha os protocolos a serem seguidos quando uma mulher é vítima de violência sexual.
— A mulher vítima de violência tem que ser atendida até 72 horas após o ocorrido. Profilaxia é tomar o coquetel de remédios anti-HIV e contra DSTs, e a profilaxia da gravidez é a pílula do dia seguinte, que já está disponível no posto de saúde. É uma alternativa ao aborto em caso de estupro, previsto na Constituição — disse Bernardi.
Nesta terça-feira, jovens católicos do grupo Promotores da Vida farão um ato em frente ao Planalto pedindo que Dilma vete o texto.
— Vamos mostrar à presidente que esse projeto não está em consonância com as ruas — disse o advogado Paulo Fernando, coordenador do Pró-Vida.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Por que a indústria farmacêutica evita curar

 15 DE JULHO DE 2013

130715-Roberts
Um Nobel da Medicina sustenta: enquanto forem autorizados a fazê-lo, laboratórios preferirão pesquisar e produzir medicamentos que criam dependência…
Há poucos dias, foi revelado que as grandes empresas farmacêuticas dos EUA gastam centenas de milhões de dólares por ano em pagamentos a médicos que promovam os seus medicamentos. Para complementar, reproduzimos esta entrevista com o Prémio Nobel Richard J. Roberts (na foto), que diz que os medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas farmacêuticas. Em troca, elas desenvolvem medicamentos de uso crônico, consumidos todos os dias ao longo da vida. Por isto, diz Roberts, alguns remédios, que poderiam curar doenças não são investigados. Pergunta-se: até que ponto é válido e ético que a indústria da saúde seja regida pelos mesmos valores e princípios que o mercado capitalista?
A investigação pode ser planejada?
Se eu fosse Ministro da Saúde ou o responsável pelas Ciência e Tecnologia, iria procurar pessoas entusiastas com projectos interessantes; dar-lhes-ia dinheiro para que não tivessem de fazer outra coisa que não fosse investigar e deixá-los-ia trabalhar dez anos para que nos pudessem surpreender.
Parece uma boa política.
Acredita-se que, para ir muito longe, temos de apoiar a pesquisa básica, mas se quisermos resultados mais imediatos e lucrativos, devemos apostar na aplicada …
E não é assim?
Muitas vezes as descobertas mais rentáveis foram feitas a partir de perguntas muito básicas. Assim nasceu a gigantesca e bilionária indústria de biotecnologia dos EUA, para a qual eu trabalho.
Como nasceu?
A biotecnologia surgiu quando pessoas apaixonadas começaram a perguntar-se se poderiam clonar genes e começaram a estudá-los e a tentar purificá-los.
Uma aventura.
Sim, mas ninguém esperava ficar rico com essas questões. Foi difícil conseguir financiamento para investigar as respostas, até que Nixon lançou a guerra contra o câncer em 1971.
Foi cientificamente produtivo?
Permitiu, com uma enorme quantidade de fundos públicos, muita investigação, como a minha, que não trabalha directamente contra o câncer, mas que foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida.
O que descobriu?
Eu e o Phillip Allen Sharp fomos recompensados pela descoberta de introns no DNA eucariótico e o mecanismo de gen splicing (manipulação genética).
Para que serviu?
Essa descoberta ajudou a entender como funciona o DNA e, no entanto, tem apenas uma relação indirecta com o câncer.
Que modelo de investigação lhe parece mais eficaz, o norte-americano ou o europeu?
É óbvio que o dos EUA, em que o capital privado é activo, é muito mais eficiente. Tomemos por exemplo o progresso espectacular da indústria informática, em que o dinheiro privado financia a investigação básica e aplicada. Mas quanto à indústria de saúde… Eu tenho as minhas reservas.
Entendo.
A investigação sobre a saúde humana não pode depender apenas da sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas nem sempre é bom para as pessoas.
Explique.
A indústria farmacêutica quer servir os mercados de capitais …
Como qualquer outra indústria.
É que não é qualquer outra indústria: nós estamos a falar sobre a nossa saúde e as nossas vidas e as dos nossos filhos e as de milhões de seres humanos.
Mas se eles são rentáveis investigarão melhor.
Se só pensar em lucros, deixa de se preocupar com servir os seres humanos.
Por exemplo…
Eu verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado completamente com uma doença …
E por que pararam de investigar?
Porque as empresas farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas em curar as pessoas como em sacar-lhes dinheiro e, por isso, a investigação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não curam totalmente, mas que tornam crônica a doença e fazem sentir uma melhoria que desaparece quando se deixa de tomar a medicação.
É uma acusação grave.
Mas é habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em linhas de investigação não para curar, mas sim para tornar crônicas as doenças com medicamentos cronificadores muito mais rentáveis que os que curam de uma vez por todas. E não tem de fazer mais que seguir a análise financeira da indústria farmacêutica para comprovar o que eu digo.
Há lucros que matam.
É por isso que lhe dizia que a saúde não pode ser um mercado nem pode ser vista apenas como um meio para ganhar dinheiro. E, por isso, acho que o modelo europeu misto de capitais públicos e privados dificulta esse tipo de abusos.
Um exemplo de tais abusos?
Deixou de se investigar antibióticos por serem demasiado eficazes e curarem completamente. Como não se têm desenvolvido novos antibióticos, os microorganismos infecciosos tornaram-se resistentes e hoje a tuberculose, que foi derrotada na minha infância, está a surgir novamente e, no ano passado, matou um milhão de pessoas.
Não fala sobre o Terceiro Mundo?
Esse é outro capítulo triste: quase não se investigam as doenças do Terceiro Mundo, porque os medicamentos que as combateriam não seriam rentáveis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Primeiro Mundo: o medicamento que cura tudo não é rentável e, portanto, não é investigado.
Os políticos não intervêm?
Não tenho ilusões: no nosso sistema, os políticos são meros funcionários dos grandes capitais, que investem o que for preciso para que os seus boys sejam eleitos e, se não forem, compram os eleitos.
Há de tudo.
Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase todos os políticos, e eu sei do que falo, dependem descaradamente dessas multinacionais farmacêuticas que financiam as campanhas deles. O resto são palavras…
18 de Junho, 2011
Publicado originalmente no La Vanguardia.
Tradução de Ana Bárbara Pedrosa para o Esquerda.net