segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Assembleia 01/10 às 17h00 na Piquiri


Dignidade não se negocia

Primeiro dia de aula, o professor de 'Introdução ao Direito' entrou na sala
e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava
sentado na primeira fila:
_- Qual é o seu nome? _
_- Nelson, Senhor. _
_- Saia de minha aula e não volte nunca mais!_ gritou o desagradável
professor.
Nelson estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente,
recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos estavam assustados e indignados,
porém ninguém falou nada.
_- Agora sim, vamos começar ._
_- Para que servem as leis?_ perguntou o professor.
Assustados ainda, os alunos pouco a pouco começaram a responder à sua
pergunta:
_- Para que haja uma ordem em nossa sociedade. _
_- Não! respondia o professor. _
_- Para cumpri-las. _
_- Não! _
_-_ _Para que as pessoas erradas paguem por seus atos. _
_- Não!_
_- Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?! _
_- Acho que é para que haja justiça_, falou timidamente uma garota_. _
- _Até que enfim! É isso, para que haja justiça! E agora, para que serve a
justiça? _ Todos começaram a ficar incomodados pela atitude tão grosseira.
Mas continuaram respondendo:
_-_ _Para salvaguardar os direitos humanos..._
_- Bem, e que mais? _
_- Para diferençar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem..._
_- Ok, não está mal. Porém respondam a mais esta pergunta: agi corretamente
ao expulsar Nelson da sala de aula?_
Todos ficaram calados, ninguém respondia.
_- Quero uma resposta decidida e unânime! _
_- __NÃO!_ responderam todos a uma só voz.
_- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça? _
_- __SIM!_
_- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras
se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem
a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça.
Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! E vão buscar o Nelson.
Até porque, afinal, ele é o professor. Eu sou só aluno de outro período..._


Aprendam:
Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade.
E a dignidade não se negocia.
 

 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Decisão do STF, ao contrário do que alega, Banco do Brasil, não pode fazer demissões por ato de gestão.

Em mais uma atitude assediadora para com seus trabalhadores, o Banco do Brasil soltou na véspera da greve nacional uma nota em sua página sobre negociação coletiva na internet fazendo uma estapafúrdia interpretação de recente acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF), que a Contraf-CUT interpreta como uma ameaça velada da empresa de que demitirá funcionários que participam da greve nacional dos bancários.

O acórdão RE 589998 do STF, publicado no dia 12 de setembro, consolida o entendimento de que empresas públicas e sociedades de economia mista, como é o caso do Banco do Brasil, não podem fazer demissões por ato de gestão, havendo sim a "necessidade de motivação da dispensa".

"A motivação do ato de dispensa, assim, visa resguardar o empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade por parte do agente estatal investido do poder de demitir", diz a ementa do acórdão.

O Banco do Brasil, portanto, mente quando diz em sua página na internet que a empresa, "apesar de ser um agente de políticas públicas, explora atividade econômica, estando sujeito a outro regime jurídico, conforme prevê a Constituição Federal, no artigo 173, parágrafo 1º, inciso II. Assim, os atos de gestão praticados pelo banco estão respaldados pela legalidade constitucional".

"A decisão do STF, como expressamente explicitado no acórdão, atinge a todas as empresas públicas e sociedades de economia mista nas esferas federal, estadual e municipal. Portanto, é inconstitucional qualquer demissão por ato de gestão da empresa. Ou seja, qualquer demissão no Banco do Brasil e outras empresas e sociedades de economia mista exige motivação", afirma Martius Sávio Lobato, consultor jurídico da Contraf-CUT.
"Em razão disso, a Contraf-CUT adotará todas as medidas judiciais cabíveis, por improbidade administrativa, contra os gestores que descumprirem essa decisão do Supremo Tribunal Federal", adverte Carlos Cordeiro, presidente da confederação.


Fonte: Contraf-CUT

Comando Nacional decide ampliar movimento, que já paralisa 10.586 agências

27/09/2013

A greve nacional dos bancários, que nesta quinta-feira 26 completou oito dias e fechou 10.586 agências e centros administrativos, já é a maior dos últimos anos e deve continuar crescendo em todo o país, porque a categoria está indignada com a postura intransigente dos bancos. Essa é a avaliação do Comando Nacional dos Bancários, que se reuniu nesta quinta em São Paulo para fazer um balanço do movimento na primeira semana e decidiu ampliar a paralisação para forçar os banqueiros a apresentarem uma nova proposta que contemple as reivindicações econômicas e sociais dos trabalhadores.

O Comando também aprovou nota oficial reafirmando a decisão de intensificar a greve, manifestando a disposição de negociação e responsabilizando os presidentes da Fenaban e dos seis maiores bancos pelo fechamento do diálogo com os bancários. 

Nota do Comando Nacional dos Bancários 

O Comando Nacional dos Bancários, reunido nesta quinta-feira 26 de setembro em São Paulo na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), após avaliação da primeira semana da greve da categoria, decidiu:

1. Ampliar e fortalecer a greve nacional dos bancários, que nesta quinta-feira completou oito dias e fechou 10.586 agências e centros administrativos nos 26 estados e no Distrito Federal.

2. Reafirmar a disposição de negociação dos representantes dos bancários, fechada pelos bancos no dia 5 de setembro, quando apresentaram apenas a reposição da inflação e ignoraram todas as outras reivindicações econômicas e sociais.

3. Afirmar que a greve é de responsabilidade dos presidentes da Fenaban (Murilo Portugal), do Itaú (Roberto Setúbal), do Bradesco (Luiz Carlos Trabuco), do Banco do Brasil (Aldemir Bendine), da Caixa Econômica Federal (Jorge Hereda), do Santander (Jesús Zabalza) e do HSBC (André Brandão) por fecharem o processo de negociação ao ignorarem a pauta de reivindicações dos trabalhadores.

4. Ressaltar que os bancos que operam no Brasil têm totais condições de atender às demandas dos bancários, conforme demonstra relatório do Banco Central divulgado nesta quinta-feira 26, segundo o qual o lucro do sistema financeiro nacional é "robusto" e atingiu R$ 59,7 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em junho.

5. Denunciar a irresponsabilidade social dos bancos, especialmente os privados, que cortaram 6.987 postos de trabalho, precarizando o atendimento à população, aumentando as filas e a sobrecarga de trabalho dos bancários.

6. E denunciar que, em busca de "melhor eficiência", os bancos vêm obrigando os bancários a cumprirem metas e a venderem produtos financeiros desnecessários à população, o que tem aumentado a incidência de adoecimentos. 

Carlos Cordeiro,
Presidente da Contraf e coordenador do Comando Nacional dos Bancários

Luta contra o PL 4330

Os representantes dos bancários reafirmaram ainda a necessidade de intensificar a mobilização contra o PL 4330, que libera a terceirização até para atividades-fim, e participar da Jornada Mundial pelo Trabalho Decente, programada por diversas centrais sindicais para 7 de outubro.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Banco do Brasil tenta burlar greve e se dá mal

Prédio alugado para contingenciamento de funcionários fica fechado no sétimo dia de paralisação

São Paulo – Parte dos R$ 2 milhões que o Banco do Brasil destinou ao contingenciamento de funcionários para tentar ludibriar a greve foi jogada no lixo. Um prédio que a instituição pública alugou na zona norte para transferir bancários do setor de crédito imobiliário ficou fechado nesta quarta-feira 25, e os trabalhadores que foram deslocados para lá cruzaram os braços.

> BB gasta mais de R$ 2 milhões com contingência

“A greve é legítima e justa, e por isso tem que ser respeitada”, afirmou o bancário Miguel Carlos, para quem o reajuste de 6,1% oferecido pelos bancos é “estapafúrdio, não tem nem o que comentar”.

Para ele, a diretoria precisa voltar a tratar o BB como uma instituição que priorize a responsabilidade social. “Eles têm de parar de olhar o funcionário como uma máquina”, avisa.

Desvalorização – Opinião semelhante tem Silvia Buzini Duarte, funcionária do BB há 13 anos. “O meu sentimento é de desvalorização. Antes o bancário era importante, hoje não é nada mais do que uma peça”, critica.

Ela aponta o comando do banco como responsável pela precarização das condições de trabalho. “A diretoria atual subiu muito rápido, não tem uma história com o banco. Só quer saber de número, não tem uma visão mais ampla”, diz.

Silvia também se revoltou com a proposta de reajuste. “Achei ridícula. Esse aumento é uma estratégia de empresa de terceiro mundo. O banco lucrou R$ 12 bilhões no ano passado. Todos os funcionários trabalharam muito para isso. Vamos fazer uma proposta justa!”, cobra a trabalhadora.

Pensamento pequeno – A terceirização foi outro tema citado pelos bancários como um dos maiores problemas atuais no BB. “Essa prática de pagar cada vez menos e não valorizar os trabalhadores é mais um pensamento pequeno da diretoria”, considera a bancária Silvia, que se diz desestimulada e descontente. “Estou pensando em sair do banco e prestar outro concurso”, desabafa.

Tão recorrente como a indignação com a proposta de reajuste oferecida pelos bancos e a ameaça da terceirização são as reclamações com o assédio moral. “As pessoas estão adoecendo cada vez mais por causa das cobranças por metas abusivas em troca dos lucros. Mas será que vale isso?”, questiona o bancário Carlos Miguel.

“A cobrança por resultados é constante, e se tem cobrança, tem que haver recompensa à altura”, diz o bancário Henrique Carboni, que considera a greve o único meio de atingir as reivindicações dos trabalhadores. “Enquanto formos cordeiros e balançarmos a cabeça para o banco, estará tudo bem para eles”, conclui.


Rodolfo Wrolli – 25/9/2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

BB usa drone para intimidar bancários em greve

Esta matéria saiu no site do SEEB Brasília, helicóptero já é usado há muito tempo, mas usar drone, eles se superaram.



Como se não bastassem as demissões injustificadas, os descomissionamentos arbitrários, as metas inatingíveis, o assédio moral e a sobrecarga de trabalho, entre outras ‘benesses’, a direção do Banco do Brasil conta agora com equipamentos utilizados em conflitos armados para tentar inibir os bancários a participarem da greve, que é legítima e garantida pela Constituição Federal.

Na sexta-feira (20), o Sindicato flagrou um drone (pequeno avião não tripulado) sobrevoando o comitê de esclarecimento que atuou no edifício sede VI, localizado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

O movimento sindical avalia que, além de intimidar, o uso do equipamento pelo BB teve como objetivo forjar ‘fatos’ para judicialização da greve.

“Em vez de gastar dinheiro e esforço com este equipamento e/ou com medidas judiciais, o BB deveria melhorar a proposta para os bancários e bancárias”, critica o diretor do Sindicato Peterson Gomes, que também é bancário do BB.

“Equivocada, a prática do banco revela a falta de sensibilidade de seus gestores em lidar com manifestações reivindicatórias”, reforça o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Wescly Queiroz, que também é bancário do BB.

Rodrigo Couto

Do Seeb Brasília

Assembleia dos bancários nesta quarta, 25/09/13




O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região convoca toda sua base para assembleia de mobilização e organização no dia 25 de setembro, às 17h00, no Espaço Cultural e Esportivo. Na ocasião, os dirigentes e delegados sindicais, juntamente com os trabalhadores de base, irão avaliar o andamento da greve e planejar os próximos passos do movimento paredista. “Mais uma vez, a participação de todos os bancários é fundamental para garantirmos a ampliação da greve e lutarmos por nossos diretos e novas conquistas”, conclama Otávio Dias, presidente do Sindicato.

Assembleia de organização

Data: quarta-feira, 25 de setembro

Horário: 17h00

Local: Espaço Cultural e Esportivo
           (Rua Piquiri, 380, Rebouças)


SEEB Curitiba

R$ 2,25 JÁ ! ATO PELO TRANSPORTE PÚBLICO DE QUALIDADE



A Frente de Luta pelo Transporte - Curitiba chama mais um ato. Os novos fatos trazidos pelo relatório do Tribunal de Contas do PR e da CPI do transporte mostram o que a Frente já denunciava desde os atos de junho: irregularidades nos contratos e como o transporte deve ser gerido pelo poder público. Segundo o TCE, a passagem pode ser reduzida para R$ 2,25!

Está na hora de nos manifestarmos!

Pela redução da tarifa. R$ 2,25 Já

Quinta  - 26/09/2013 – 18 Horas

Boca Maldita – Curitiba – PR


Convocamos os Bancários em GREVE para participar deste ato








Delegados Sindicais do BB Curitiba


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Por que fazer a Greve ? Sem ela conquistaremos algo ou os ataques patronais serão ainda maiores? Você decide

Reproduzo o texto do colega Jailton Santos, uma análise sensata e esclarecedora sobre a decisão de se entrar em greve ou não. Talvez uma das melhores que eu li nos últimos tempos. Não é revanchista com aqueles colegas, que por vários motivos acabam não aderindo a greve, mas com certeza os fará pensar melhor sobre o seu ato e sobre o que ele representa.

Aconselho a leitura, sinceramente você não vai se arrepender, vai tomar no máximo 5 minutos do seu tempo e com certeza é um texto  quase filosófico. Filosófico no sentido dos rumos que damos a nossas vidas, pessoal e profissional. Para aquele que se dignar a ler faça bom proveito, não precisa concordar com tudo, sei que alguns não concordarão com nada, mas o contraditório também deve estar presente em nosso entendimento

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Sendo um conhecimento essencial para a carreira de bancário, vamos exercitar um pouco a matemática financeira básica. Bem básica.

No site do sindicato dos bancários de Curitiba há uma tabela detalhando os resultados das campanhas salariais de 2003 a 2012. Lá temos informações como: inflação oficial, a proposta dos bancos, ocorrência de greve e quantidade de dias, o reajuste conquistado, e a diferença dos dois valores em relação a inflação (ganho real) antes e após cada uma das campanhas. Vale a pena verificar:

http://www.bancariosdecuritiba.org.br/noticias_detalhe.asp?id=17457&id_cat=1

Agora, para fazer umas continhas básicas sem ficar muito cansativo, vamos considerar somente os 3 últimos anos.

2010
Ganho real antes da greve:     0,00%
Ganho real após a greve:     3,08%

2011
Ganho real antes da greve:     0,37%
Ganho real após a greve:     2,35%

2012
Ganho real antes da greve:     0,58%
Ganho real após a greve:     2,02%

E para caracterizar diferentes perfis de bancários, exemplificamos com 3 faixas de salários em 2009 (antes da campanha de 2010): R$ 14.000,00, R$ 7.000,00 e R$ 3.500,00.

Mas vamos facilitar. No arquivo anexo temos uma planilha com uma rápida análise dos números, onde são apresentados os ganhos para cada uma das faixas salariais a cada campanha e um acumulado dos últimos 3 anos. Temos as informações das diferenças dos salários considerando a proposta dos bancos e o valor obtido após as campanhas e as greves. Também são feitas projeções destas diferenças acumuladas em um ano, 20 anos e 30 anos, para que possa se avaliar a significância dos valores se considerarmos diferentes expectativas de vida para o recebimento de aposentadorias e pensões.

Como vemos, o valor das diferenças salariais obtidas com as greves, acumulado em 30 anos chega a cerca de R$ 365.000 para quem recebia R$ 14.000 em 2009; mais de R$ 182.000 para quem recebia R$ 7.000 e mais de R$ 91.000 para salários de R$ 3.500.

Alguém pode alegar que não viverá 30 anos. Provavelmente nem todos viverão, mas a expectativa de vida e a idade média dos bancários é
bastante positiva. Além disso, seu cônjuge não continuará recebendo pensão? Seus herdeiros não usufruirão do patrimônio acumulado?

Lembramos que foram considerados apenas as últimas 3 campanhas. Quem quiser exercitar  um pouco mais, pode calcular os valores desde 2003, último ano sem greve, quando obtivemos uma bela perda de -4,19% em relação à inflação. Verá que os valores mais que dobram, ou seja, o patrimônio daqueles 3 perfis exemplificados aumenta em mais de R$ 700.000, R$ 360.000 e R$ 180.00, respectivamente, ao longo de 30 anos.

Estes números ajudam àqueles que acham insignificantes as pequenas diferenças percentuais obtidas, a avaliar melhor o impacto destes valores numa perspectiva histórica e perceber a diferença patrimonial obtida.

Quem acha estes valores insignificantes? Quem não gostaria de usufruir destas diferenças? Quem não gostaria de ter o conforto e tranquilidade que estes números podem trazer para si e para sua família?

Como as imagens, alguns números também valem mais que mil palavras.

Se você é daqueles que não se junta ao movimento legítimo, legal e consagrado nos regimes democráticos e capitalistas para buscar o que lhe é de direito, por achar que não vale a pena, é bom repensar.

Se você é daqueles que não adere à greve por por conforto, comodismo, medo, insegurança ou dúvidas existenciais, é bom repensar. E procurar ajuda,  apoio dos colegas e amigos, até tratamento auxiliar que possibilite sair deste estado de letargia lesivo aos seus interesses e de seus colegas. Pressões explícitas, veladas ou nem tanto, até disfarçadas em pseudos "comunicados", sempre houve e continuarão existindo enquanto alguém se intimidar. Mesmo que inócuas e ineficazes juridicamente quando o movimento cumpre os ritos legais.

Se você desconsidera o movimento com a intenção de agradar seu gerente, é muito saudável repensar também. O que ele pensará quando perceber que, dependendo de você, deixaria de receber  mais de 700 mil reais? Ou que você estaria subtraindo um belo imóvel, por exemplo, do patrimônio dele e de seus dependentes?

Fique certo que seu gerente não está ali por acaso e muitos deles tem a noção exata do que representam estes números. Fazem o que julgam ser seu papel, “convidando”, ou “convocando”  seus subordinados a trabalhar durante a greve, pois devem cumprir o que é esperado deles e agradar seus superiores. Mas alguém acredita que eles estão dispostos a abrir mão destas diferenças?

Seu chefe tem estes valores bem presentes quando avalia o que é melhor para a VIDA dele, o que é uma abordagem bem mais ampla que os poucos dias de paralisação e serviços atrasados, pelos quais nem mesmo poderá ser responsabilizado.

Saiba que ele pode lhe chamar para o trabalho, explorar o que puder, descarregar as tarefas que julgar necessárias, mesmo que não lhe sejam familiares e fazer a sua própria média com seu superior. Vai ser amistoso, simpático, compreensivo e agradecer a “colaboração”. Mas, no fundo, vai lhe desprezar por estar se empenhando em suprimir um patrimônio considerável de sua vida e dos seus familiares. Esta verdade é seguidamente repetida nas conversas informais e íntimas com quem ocupa cargos gerenciais. Usam, exploram e desprezam os bajuladores de plantão.

E os colegas? Como se sentem quando se empenham em lutar, se expondo, se desgastando, se preocupando, provocando estresse em toda a família e arcando com as consequências? Tendo, depois, que repor horas até o final do ano e muitas vezes deixando de receber as hora extras, que já vinha habitualmente prestando em função das necessidades dos serviços e falta de pessoal, e sofrendo este impacto em seu orçamento? O que eles pensam enquanto você se exime de tudo isto, sabendo que no final terá os mesmos ganhos, sem nenhum ônus ou desgaste?

E aqueles que não aderem à greve por convicção pessoal, ou porque acham não precisam de mais dinheiro e trabalham só pelo prazer, ou preferem viver com o mínimo, ou acreditam que ficarão ricos apostando na bolsa de valores ou na loteria, também devem pensar um pouco e manter um mínimo de coerência. Um desafio é lançado todos os anos nesta época e, até hoje, não se tem notícia de uma única resposta coerente. Aquele que está satisfeito com o índice oferecido pelos patrões e se recusa a participar do movimento reinvindicatório deverá doar a diferença que receberá às custas do esforço e sacrifício dos outros.

Escolhe uma instituição de caridade reconhecida, e doa mensalmente o valor da diferença. Como bancário, burocrata e afeito aos processos documentais, deve apresentar aos colegas os comprovantes da doação. Dispensável dizer que não vale doar para instituições fictícias em nome de laranjas familiares ou amigos. E que estas doações deverão ser cumulativas, ano após ano, e até o último salário, benefício ou pensão recebida. Difícil de aceitar? Então está na hora de ser coerente e mudar suas atitudes ou será mais um taxado de usurpador e aproveitador do próximo.

Aos pretensos juristas, que alegam terem o direito de escolher se fazem greve ou não, pois a legislação assim estipula, lembramos nem tudo que é legal, é moralmente aceitável. Nossos parlamentares estão totalmente dentro da lei quando contratam parentes e protegidos, com salários astronômicos para nada fazerem pela população. Estão respaldados por instrumentos legais quando alugam carros de empresas desconhecidas, viajam com a família custeados pelo dinheiro público, não comparecem às sessões de trabalho e toda a interminável lista de imoralidades praticadas e extritamente legais.

Por fim, depois de ver estes valores que, ao não se engajar, você se esforça ao máximo para sonegar a seus pares e gerentes, conseguirá entender o que se passa no íntimo deles? Sabendo disto, quem não participa da uma greve espera, realmente, que não haja nenhum ressentimento de seus colegas na volta ao trabalho? Não seria demais, exigir deles tal desprendimento, quando você mesmo não demonstra nenhum, buscando de modo egoísta apenas os seus objetivos pessoais, seja conforto psicológico, tranquilidade, ou imaginando obter alguma vantagem bajulando seus superiores?

Desde a Grécia antiga, filosofia e matemática andaram juntas como ferramentas para entender e explicar o universo. Tomara este pequeno exercício de matemática bancária possa trazer alguma luz filosófica a quem ainda não tinha a noção exata do impacto de suas decisões e atitudes.

E vamos em frente, que atrás vem gente.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Proposta do BB frustra expecta tivas e bancários devem aderir à greve

Em negociação ocorrida nesta segunda-feira (16) com o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pela Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, a direção do Banco do Brasil frustrou as expectativas. Apesar de trazer avanços sociais importantes, o banco não apresentou respostas para as principais questões específicas do funcionalismo, que foram debatidas e aprovadas no 24º Congresso Nacional dos Funcionários do BB.
A avaliação do Comando Nacional é que mais uma vez o banco ficou devendo soluções para os grandes problemas debatidos e reivindicados na Campanha Nacional 2013, como plano de funções, piso, saúde, violência das metas, assédio moral e contratações.
“O sentimento é de frustração. Os bancários do BB esperavam que o banco apresentasse propostas efetivas para os principais problemas apresentados durante as três rodadas de negociação específicas e concomitantes à mesa geral dos bancários com a Fenaban, ocorridas durante o mês de agosto, e isso não aconteceu” afirma William Mendes, secretário de formação da Contraf- CUT e coordenador da Comissão de Empresa.
Desta forma, a orientação do Comando Nacional aos funcionários do BB é aderir à greve da categoria que inicia nesta quinta-feira (19) e lutar com muita unidade para que arrancar propostas que atendam as reivindicações econômicas e sociais, como aumento real, piso do Dieese, fim do assédio moral e das metas abusivas, emprego, melhores condições de saúde e trabalho, previdência e segurança bancária.
Contraf-CUT cobra fim das reestruturações e terceirizações
Logo no início da negociação, a Contraf-CUT e as entidades sindicais cobraram a interrupção imediata dos processos de reestruturação com a transferência dos serviços dos bancários para empresas terceirizadas como, por exemplo, a Cobra Tecnologia. Também foi questionado o total desrespeito do banco em lançar programas de desligamento, como PDV para vítimas de reestruturações.
“Na última sexta-feira (13) ocorreu forte atividade de paralisação em São Paulo, cobrando a reversão desses processos e o fim da violência na cobrança de metas. Os funcionários de todas as bases onde há áreas meio estão aflitos com o rumo que a direção do banco tomou de reestruturar e terceirizar os serviços da atividade bancária”, criticou William Mendes.
Outra questão abordada foram os boletins da direção do BB ameaçando os bancários, como o do último dia 12, onde o banco sugere que os funcionários reflitam ao aderirem à greve, dizendo que haverá consequências indesejáveis no “pós-greve”.
“O banco alegou que a informação que ele quis dizer era de ‘consequências ao banco’, só que desde a greve em 2012 há processo investigatório no Ministério Público do Trabalho porque a Contraf-CUT teve que acionar o BB por perseguir grevistas. Se o banco faz referência a ‘pós greve’, ele está ameaçando de novo os bancários com retaliações e isso é prática antissindical condenada mundialmente pelas legislações que protegem os trabalhadores”, denunciou o dirigente sindical.
Propostas apresentadas pelo BB
I – Com cláusula no Acordo Coletivo de Trabalho 2013/2014
- Abono das horas de ausências, durante a jornada de trabalho, para os funcionários com deficiência, para aquisição, manutenção ou reparo de ajudas técnicas (cadeiras de rodas, muletas, etc), com limite de uma jornada de trabalho por ano;
- Elevação da licença adoção para homens solteiros (família monoparental) ou com união estável homoafetiva, de 30 para 180 dias;
- Vale cultura: R$ 50,00 por mês para os funcionários que ganhem até 5 salários mínimos;
- Aumento do valor da bolsa dos estagiários, de R$ 332,97 para R$ 570,00.

II – Sem cláusula no Acordo Coletivo de Trabalho 2013/2014
- Vacina contra a gripe para todos os funcionários; e
- Auxílio educacional para dependentes de funcionário falecido ou que tenha ficado inválido em decorrência de assalto intentado contra o banco: R$ 800,00 por mês até 24 anos incompletos.

Prioridades apresentadas pelos funcionários do BB
Plano de Funções e PCR:
- Piso
- Aumento no interstício
- Crescimento horizontal nas funções
- Anuênio
- Incorporar funções após 10 anos
- Volta do valor das gratificações de função ao valor anterior (ABF+ATFC+25%) tanto para os AFG 6h quanto para os AFC 8h
- Garantir reajustes nas verbas do novo plano como, por exemplo, verba 226

Ascensão Profissional
- Programa de Seleção Interna com critérios claros e transparentes;
- Fim da trava para concorrências;
- fim dos descomissionamentos e inclusão dos primeiros gestores na cláusula de proteção com 3 avaliações. E maior clareza sobre o que seria satisfatório e insatisfatório nas avaliações;
- volta da substituição remunerada nas funções.

PSO/Caixas executivos e demais unidades da rede
- igualar a pontuação do Mérito dos caixas e incluir os escriturários na carreira de Mérito, retroagindo ao histórico funcional de cada um;
- aumentar as dotações nas PSO;
- nomear todos os caixas executivos;
- ter regras para a eleição de delegados sindicais nas PSO (proporcional à quantidade de agências cobertas por cada PSO);
- criar supervisor de caixa e ou criar gratificação para o “caixa líder”.

Contratações e fim das reestruturações e terceirizações
- contratar mais 5 mil bancários e chamar imediatamente os concursados;
- reposição das aposentadorias e desligamentos;

Questões de Saúde
- Cassi e Previ para todos;
- Manutenção da função e do vínculo ao local de trabalho quando houver afastamento por questões de saúde com a substituição remunerada na vaga do afastado;
- melhorar a assistência odontológica;
- melhorias nos exames periódicos

Metas individuais e diárias
- fim da violência na cobrança de metas;
- fim das metas na GDP.

Fonte: Contraf-CUT

domingo, 15 de setembro de 2013

BB : banco público com alma de privado

Este é o melhor Banco para se trabalhar ?
- lucro recorde de 10 bilhões, e não aceitou discutir nenhuma das reivindicações específicas dos funcionários

- em plena campanha salarial implementa reestruturação nas Gerats, reduz o quadro das Ajures, lança plano de incentivo a "descomissionamentos" 

- descumpre acordos e convenções coletivas, implementando, unilateralmente mudanças nos normativos de descomissionamento e GDP

- agências bancárias do Rio de Janeiro não abriram as portas nesta semana porque a empresa terceirizada pelo BB,CJF, não pagou o salário aos vigilantes ( que estão em greve)...e o BB mantém os contratos

- aprofunda a terceirização da área meio, transferindo serviços para a Cobra ( BBTS )

- tem 5138 agências , mas 31.877 correspondentes bancários, cujos trabalhadores recebem, em média, 25% do salário do bancário

- aumentou o passivo trabalhista em 14% nos últimos 12 meses

- descomissiona e demite colegas que requerem seus direitos na justiça trabalhista

- as agências se transformaram em verdadeiros campos de concentração , com metas diárias e récordes em consumo de tarja preta 

- enquanto a base de clientes nos últimos 15 anos subiu de 5 para 55 milhóes, a direção do BB reduziu 276 funcionários ( no último ano ) e decide que não contratará mais funcionários

- em apenas 3 dias úteis, o bancário do BB paga seu salário mensal e trabalha 17 dias de graça para o Banco
- a relação entre receita de tarifas e despesa de pessoal é de 125%

- diz que é o Banco do pequeno agricultor, mas emprestou apenas 26 bilhóes para o Pronaf e mais de 126 bilhóes para os grandes ruralistas/agronegócio

- Dilma diz que não privatiza, mas 58% das ações vendidas do BB Seguridade foram para as mãos do JP Morgan e Citibank

sábado, 14 de setembro de 2013

Adriano Benayon: Desde 88, Brasil gastou 10 trilhões com a dívida

Publicado em Blog Viomundo - 01.07.2013 
 por Adriano Benayon*, via e-mail

1. Por que milhões de pessoas vão às ruas manifestar-se, mesmo sem ter tido conhecimento dos passos mais recentes dados pelos poderes do Estado no sentido da destruição do País?

2. Claro que para revoltar-se nem precisam estar bem informados. Basta sentir os sofrimentos  decorrentes de problemas que continuam agravando-se: 1) transporte público insuportável e, além disso,  nas grandes cidades, transporte particular inviabilizado pelo excesso de veículos; 2) acesso  difícil ou inexistente a  serviços públicos de saúde e de educação, de alguma qualidade, além de, no âmbito privado,  preços absurdos sem qualidade correspondente; 3) salários baixos; 4) preços elevados, em mercados dominados por empresas e bancos concentradores; 5) impostos e taxas numerosos e custosos.

3. Credita-se ter desencadeado a faísca ao Movimento do Passe Livre (MPL), baseado em São Paulo e outras cidades, organizado há anos e voltado para objetivos justos, embora limitados

4. O momento em que surgiram os protestos devidos ao aumento das passagens de ônibus em São Paulo, coincidiu com os jogos da Copa das Confederações, a qual expôs os superfaturamentos e outros absurdos ligados à construção dos estádios.

5. É compreensível que associem esses gastos suntuários às carências no atendimento das necessidades da população.

6. Falta, porém, elevar mais o número dos manifestantes e motivá-los a lutar pela erradicação das verdadeiras causas das desditas do povo.  Para isso é urgente disseminar, para dezenas de milhões de brasileiros, as informações econômicas e políticas relevantes.

7. Dizer-lhes, por exemplo: Os gastos com a dívida pública absorveram 43,98% dos recursos federais em 2012. Mais de R$ 750 bilhões. Para a saúde foram destinados somente 4,17% desses recursos;3,34% à educação; 0,7 aos transportes; 0,39% à segurança e 0,01% à habitação.

8. Os R$ 750 bilhões para a dívida equivalem a quase o total dos investimentos públicos e privados no mesmo ano. Significa que se esse dinheiro fosse investido produtivamente, em vez de dilapidado em despesas financeiras, poderiam ser dobrados os gastos realizados na produção e na geração de  empregos.

9. Desde 1988 foram gastos 10 trilhões de reais com a dívida pública. Um trilhão é mil vezes um bilhão, e um bilhão é mil vezes um milhão, que é mil vezes mil.

10. De onde veio isso: A indústria e os mercados são controlados por empresas estrangeiras, que remetem dinheiro ao exterior de mais de quinze modos. Os bens e serviços que vendemos são subfaturados, e os que compramos são superfaturados.

11. Então se acumulam as dívidas.  O produto de nosso trabalho, os nossos minérios, a produção agrícola, tudo é mandado para o exterior por quase nada, e o governo ainda premia os exportadores e os isenta de ICMS e contribuições sociais.

12. Por que é assim? Os políticos recebem dinheiro das empresas e bancos concentradores para as eleições e dependem também das TVs comerciais e imprensa, tudo ligado aos concentradores financeiros.

13. Por isso o problema dos investimentos produtivos não é só serem poucos, mas serem mal escolhidos e realizados. Tudo é desenhado, orientado para o ganho dos  concentradores: transportes, educação,  saúde,  telecomunicações e energia.

14. E também: O transporte está ruim? Lógico, as ruas estão entulhadas com veículos produzidos por montadoras estrangeiras, às quais o  governo federal, os estaduais e os municipais dão prêmios e isenções de centenas de bilhões de reais. E não construíram linhas de metrô. Por isso o trabalhador se desgasta durante cinco horas por dia dentro das conduções. Não se fazem tampouco hidrovias nem ferrovias para transportar passageiros e cargas.

15. A corrupção tem efeitos muito mais graves que os percebidos pela grande maioria dos brasileiros. Esta se  indigna diante dos casos de enriquecimento, na ordem de milhões de reais, dos políticos e agentes públicos, que a grande mídia resolve expor, poupando os corruptos mais ligados aos interesses estrangeiros.

16. O povo não protesta, ainda, com a devida força, contra as lesões praticadas pelo atual governo ao patrimônio público nos leilões de petróleo — trilhões de dólares entregues praticamente de graça a petroleiras estrangeiras — nem contra a gradual destruição da Petrobrás.

17. Ainda por cima Executivo e Legislativo fazem demagogia decretando que 75% dos royalties do petróleo sejam carreados para a educação e 25% para a saúde. Ora, esses percentuais incidem sobre praticamente nada, além de a produção ainda demorar, os royalties são 10% das receitas subdeclaradas (o governo não controla o que sai).

18. Ainda se manifesta pouco contra as  concessões de ferrovias, portos e aeroportos financiadas pelo BNDES. Igual com os empréstimos de grande vulto para empresas concentradoras e para as parcerias público-privadas nos investimentos de infra-estrutura, em que o  setor privado tem lucros garantidos pelo Estado, sem sequer investir.

19. Não se mostra ao povo de que modo os bancos obtêm ganhos colossais. Apenas três bancos privados –  Itaú, Bradesco e Santander –  somam lucros anuais de R$ 30 bilhões, emprestando e aplicando dinheiro dos depositantes. E o art. 164 da Constituição obriga o Banco Central a financiar somente os bancos, proibindo-o de financiar o próprio Tesouro Nacional.

20. Ignoram-se, ainda, os prejuízos de trilhões de reais que resultaram das privatizações de FHC, como a da Vale, a do BANESPA, dado ao Santander, e as das siderúrgicas. E as de serviços públicos extorsivos e deficientes, como a eletricidade e as telecomunicações.

21. Nem falam das antigas estradas construídas com dinheiro público, mal conservadas e entregues a concessionárias, que se cevam através de absurdos pedágios. E ninguém constroi novas.

22. Está, pois, na hora de o povo ser informado do que precisa saber para exigir instituições que revertam a lastimável situação do País.

23. Conscientizá-lo de que a luta é árdua. A mídia condenará as manifestações quando focarem no que interessa, e recrudescerá a repressão policial, inexistente para vândalos e assaltantes.

24. Mas o povo terá de enfrentar isso tudo, se não quiser, mais uma vez, servir de massa de manobra para os interesses que o têm mantido sem perspectivas de se libertar. Libertar-se das imposições de potências estrangeiras, brutais embora ocultadas.

25. Em suma, ter-se-á de ir ao fundo da questão: exigir autodeterminação, só possível num sistema político em que os governantes não sejam escolhidos, cooptados, corrompidos nem acuados pelos concentradores.

26. Os obstáculos são muitos. Um dos principais é o tradicional jogo do império anglo-americano, de incitar o ódio ideológico. Para vencê-lo, os brasileiros têm de se unir em torno de questões concretas pautadas pelo interesse nacional.

27. Por exemplo, os manipuladores qualificam o governo de socialista ou neocomunista, quando as políticas dele privilegiam a oligarquia financeira imperial. Enquanto isso, partidos como o PT e PCdoB espalham o mito de serem de esquerda.

28. O programa de reconstrução do Brasil deve priorizar a reindustrialização sob capital nacional e dar ênfase à defesa do País. O oposto do que acabam de fazer lideranças da Câmara dos Deputados desengavetando o acordo que cede aos EUA, potência balística, nuclear e imperial,  a base de lançamento de foguetes em Alcântara.

*Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento

A financeirização da burocracia sindical no Brasil

Alvaro Bianchi e Ruy Braga
Publicado em Blog Convergência

Desde a eleição de Lula da Silva, em 2002, a relação do sindicalismo brasileiro com o aparelho de Estado modificou-se radicalmente. Nunca é demais rememorar alguns fatos. Em primeiro lugar, a administração de Lula da Silva preencheu aproximadamente metade dos cargos superiores de direção e assessoramento – cerca de 1.300 vagas, no total – com sindicalistas que passaram a controlar um orçamento anual superior a R$ 200 bilhões. Além disso, posições estratégicas relativas aos fundos de pensão das empresas estatais foram ocupadas por dirigentes sindicais. Vários destes assumiram cargos de grande prestígio em companhias estatais – como, por exemplo, a Petrobrás e Furnas Centrais Elétricas –, além de integrarem o conselho administrativo do BNDES. O governo Lula promoveu, ainda, uma reforma sindical que oficializou as centrais sindicais brasileiras, aumentando o imposto sindical e transferindo anualmente cerca de R$ 100 milhões para estas organizações.

Tudo somado, o sindicalismo brasileiro elevou-se à condição de um ator estratégico no tocante ao investimento capitalista no país. Esta função, não totalmente inédita, mas substancialmente distinta daquela encontrada no período anterior, estimulou Francisco de Oliveira a apresentar, ainda no início do primeiro governo de Lula da Silva, sua hipótese acerca do surgimento de uma “nova classe” social baseada na articulação da camada mais elevada de administradores de fundos de previdência complementar com a elite da burocracia sindical participante dos conselhos de administração desses mesmos fundos.

Na opinião de Oliveira, a aproximação entre “técnicos e economistas doublés de banqueiros” e “trabalhadores transformados em operadores de fundos de previdência” serviria para explicar as convergências programáticas entre o PT e o PSDB e compreender, em última instância, o aparente paradoxo de um início de mandato petista que, nitidamente subssumido ao domínio do capital financeiro, conservou o essencial da política econômica estruturada pelos tucanos em torno do regime de metas de inflação, do câmbio flutuante e do superávit primário nas contas públicas.[1]

Ao mesmo tempo em que Oliveira avançava a tese da “nova classe”, apresentamos a hipótese de que o vínculo orgânico “transformista” da alta burocracia sindical com os fundos de pensão poderia não ser suficiente para gerar uma “nova classe”, mas seguramente pavimentaria o caminho sem volta do “novo sindicalismo” na direção do regime de acumulação financeiro globalizado. Apostávamos que essa via liquidaria completamente qualquer possibilidade de retomada da defesa, por parte desta burocracia, dos interesses históricos das classes subalternas brasileiras. Chamamos esse processo de “financeirização da burocracia sindical”.[2]

Assim como várias análises críticas do governo do Partido dos Trabalhadores o problema da hipótese da “nova classe” era explicar como se chegou até esse ponto. Não foram poucos os analistas que acreditaram que a Carta ao Povo Brasileiro, na qual Lula da Silva garantia a segurança dos operadores financeiros, teria modificado de modo radical o curso seguido até então pelo PT e seu candidato. A tese de uma transformação abrupta e imprevista só poderia encontrar apoio na ingenuidade do analista ou na sua incapacidade de enxergar as óbvias mudanças que se processavam nesse partido. A hipótese da “financeirização da burocracia sindical” enfrentava esse problema e localizava sua origem em uma burocracia sindical presente no partido desde seus primeiros passos no ABC paulista e que ao longo dos anos 1990 associou-se gradativamente ao capital financeiro. A trajetória do PT só surpreendeu quem não quis ver ou ouvir.

A história recente da burocracia do Sindicato dos Bancários de São Paulo é exemplar. Como muitas entidades filiadas à CUT, a dos bancários de São Paulo alinhou-se com a administração Lula da Silva,  transformando-se em porta-voz do governo na categoria. Em todas as situações nas quais os trabalhadores enfrentaram o governo, a diretoria dessa entidade procurou colocar-se na condição de amortecedor do conflito social, papel desempenhado pelos tradicionais pelegos sindicais. No jornal e nas revistas do Sindicato a propaganda do governo dá o tom.[3] O “Sindicato cidadão” deu lugar ao “Sindicato chapa-branca”.

Este não é, entretanto, um caso de simples adesismo. É possível dizer que a cúpula dos bancários de São Paulo foi o principal meio de ligação da aliança afiançada por Lula da Silva entre a burocracia sindical petista e o capital financeiro. Na verdade, como previmos, o cimento desse pacto foram os setores da burocracia sindical que se transformaram em gestores dos fundos de pensão e dos fundos salariais. O Sindicato dos Bancários de São Paulo forneceu os quadros políticos para essa operação. Enquanto os sindicalistas egressos das fileiras dos metalúrgicos do ABC ocupavam-se da política trabalhista e Luiz Marinho tomava assento no Ministério do Trabalho, os bancários de São Paulo voavam em direção ao mercado financeiro.

Pontos importantes de nosso argumento foram corroborados pela pesquisa de Maria Chaves Jardim que revelou a existência do que chamou de “elite sindical de fundos de pensão”. Os principais expoentes dessa elite seriam Luiz Gushiken, Ricardo Berzoini e Adacir Reis. Segundo a pesquisadora, “os membros dessa ’elite’ são oriundos do setor bancário de São Paulo, e fazem parte do núcleo formulador das políticas do PT; passaram pela FGV/SP, são de origem social de classe média, do sexo masculino, considerados brancos e heterossexuais.”[4] A esta lista seria possível acrescentar o nome dos ex-sindicalistas Sérgio Rosa e Gilmar Carneiro, este último também egresso da FGV.

As pretensões dessa “nova elite” eram antigas. Gilmar Carneiro, presidente do sindicato entre 1988 e 1994, declarou quando ainda era diretor do Sindicato dos Bancários, que ao fim de seu mandato poderia ser diretor do Banco do Estado do Rio de Janeiro do qual havia sido funcionário. Seu sonho não foi realizado, mas, logo a seguir, Carneiro transformou-se em diretor de um dos braços financeiros do Sindicato, a Cooperativa de Crédito dos Bancários de São Paulo. Seu predecessor Luiz Gushiken, presidente de 1985 a 1987, foi mais longe. No começo dos anos 2000, Gushiken mantinha a empresa Gushiken & Associados, juntamente com Wanderley José de Freitas e Augusto Tadeu Ferrari. Com a vitória de Lula da Silva a companhia mudou de nome e passou a se chamar Globalprev Consultores Associados. O ex-bancário retirou-se da empresa e coincidentemente esta passou, logo a seguir, a fazer lucrativos contratos com os fundos de pensão.[5] Tornou-se, assim, eminência parda dos fundos de pensão estatais sendo decisivo para a indicação do comando do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ, da Petrobras, a Petros, e da Caixa Econômica Federal, a Funcef.

O sucessor de Gushiken e Carneiro, Ricardo Berzoini, tem também sólidos laços com o sistema financeiro. Foi ele o promotor da reforma da previdência, que além de retirar direitos dos trabalhadores abriu o caminho para instituição da previdência complementar. Os fundos de pensão estatais e privados foram os grandes beneficiados por essa medida. Berzoini tem sido recompensado. Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo em 2009 constatou que 43 diretores de fundos de pensão tem vínculos com partidos políticos, a maioria deles com o PT. Desses diretores 56% fizeram doações financeiras a candidatos nas últimas quatro eleições e o então presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, recebeu quase um terço delas.[6]

A conversão de dirigentes sindicais em gestores financeiros tem um caso exemplar: Sérgio Rosa. Este gestor começou sua carreira como funcionário do Banco do Brasil, integrando a diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo na gestão de Luiz Gushiken. Em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Rosa assumiu um cargo de diretor da Previ, representando os funcionários do banco. Com a posse de Lula da Silva, passou à posição de presidente da Previ, comandando o maior fundo de pensão da América Latina e o 25º do mundo em patrimônio. Após o final de seu mandato assumiu o comando da Brasilprev, a empresa de previdência aberta do Banco do Brasil. Em janeiro de 2011, aos 50 anos, Rosa aderiu ao “programa de desligamento de executivos” do BB e se aposentou.[7]

A financeirização da burocracia sindical é um processo que divide fundamentalmente a classe trabalhadora e enfraquece a defesa de seus interesses históricos. Na condição de gestores dos fundos de pensão, o compromisso principal deste grupo é com a liquidez e a rentabilidade de seus ativos. Muitos têm argumentado que os fundos teriam um papel importante na seleção de investimentos ecologicamente sustentáveis e geradores de empregos. Pura enganação.

Os fundos de pensão brasileiros têm atuado como uma linha estratégica do processo de fusões e aquisições de empresas no país e, consequentemente, estão financiando o processo de oligopolização econômica com efeitos sobre a intensificação dos ritmos de trabalho, o enfraquecimento do poder de negociação dos trabalhadores e o enxugamento dos setores administrativos. Isso sem mencionar sua crescente participação em projetos de infraestrutura, como a usina de Belo Monte, uma das principais fontes de preocupação dos ambientalistas brasileiros.[8]

Tendo em vista a natureza semiperiférica de sua estrutura econômica, o Brasil apresenta importantes dificuldades relativas ao investimento de capital. A taxa de poupança privada é historicamente baixa e a solução para o investimento depende fundamentalmente do Estado. Os fundos de pensão atuam nesta linha, buscando equacionar a relativa carência de capital para investimentos. O curioso é que, no período atual, a poupança do trabalhador, administrada por burocratas sindicais oriundos do novo sindicalismo, está sendo usada para financiar o aumento da exploração do trabalho e da degradação ambiental.

Notas:

[1] Francisco de Oliveira. Critica a razão dualista: o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003, p 147.

[2] Alvaro Bianchi; Ruy Ruy. Brazil: The Lula Government and Financial Globalization. Social Forces, Chapel Hill, v. 83, n.4, p. 1745-1762, 2005.

[3] O site do Sindicato dos Bancários de São Paulo parece uma peça de campanha eleitoral. Em 2011 podia se ler nele: “A estabilidade econômica, com crescimento médio de 3,6% da economia a cada ano desde 2002 e a criação, no mesmo período, de 10,8 milhões de novos postos de trabalho no mercado formal, reforçaram o poder dos trabalhadores e deram base para a política de valorização do salário mínimo e da correção da tabela do IR, entre outros avanços importantes garantidos durante os oito anos do governo Lula.”

[4] Maria Chaves Jardim. “Nova” elite no Brasil? Sindicalistas e ex-sindicalistas no mercado financeiro. Sociedade e Estado. Brasília, v. 24, n. 2,  2009.

[5] Ronaldo França. Ação entre amigos. Veja, n. 1912, 6 jul. 2005 e Fundos de pensão contratam antigos sócios de Gushiken. Folha de S. Paulo, 3 jul. 2005, Primeiro Caderno, p. 12. Há indícios de que a influência de Gushiken não diminuiu após sua saída do governo. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo: da “lista dos dez maiores fundos de pensão de estatais brasileiras, seis estão sob comando do PT e a maioria deles ainda é dirigida por apadrinhados dos ex-ministros petistas José Dirceu e Luiz Gushiken, que deixaram o governo há quase quatro anos, em meio ao escândalo do mensalão.” (Dirceu e Gushiken ainda dão as cartas nos fundos. O Estado de S. Paulo, 4 mar. 2009.)

[6] Ranier Bragon. PT tem diretores em 7 dos 10 maiores fundos. Folha de S. Paulo, 8 mar. 2009.

[7] Um relato minucioso da trajetória de Rosa pode ser lido em Consuelo Dieguez. Sérgio Rosa e o mundo dos fundos. Revista Piauí, São Paulo, n. 35 agosto de 2009.


[8] Aliás, o silêncio da CUT a respeito das greves operárias nas obras do PAC, especialmente em Jirau, sem mencionar sua completa inação após o anúncio da empresa Camargo Corrêa de demitir 4.000 trabalhadores, poucas horas depois de um acordo coletivo com a mesma empresa ter sido celebrado pela central, obviamente não são produtos de sua súbita inexperiência à mesa de negociação. Muito ao contrário: a iminência de grandes eventos como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas do Rio, em 2016, aumenta exponencialmente a demanda por investimentos em infraestrutura que dependem fundamentalmente do capital estatal e dos fundos salariais. Desde que não hajam atrasos nas obras, o que implica, naturalmente, a “pacificação” dos canteiros e a supressão de movimentos grevistas, trata-se de lucro líquido e certo para a burocracia sindical financeirizada. Ainda que às custas da crescente degradação das condições de trabalho nos canteiros de obras.