
Aconselho
a leitura, sinceramente você não vai se arrepender, vai tomar no máximo 5 minutos
do seu tempo e com certeza é um texto quase filosófico. Filosófico no sentido dos
rumos que damos a nossas vidas, pessoal e profissional. Para aquele que se
dignar a ler faça bom proveito, não precisa concordar com tudo, sei que alguns
não concordarão com nada, mas o contraditório também deve estar presente em
nosso entendimento
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Sendo
um conhecimento essencial para a carreira de bancário, vamos exercitar um pouco
a matemática financeira básica. Bem básica.
No
site do sindicato dos bancários de Curitiba há uma tabela detalhando os
resultados das campanhas salariais de 2003 a 2012. Lá temos informações como:
inflação oficial, a proposta dos bancos, ocorrência de greve e quantidade de
dias, o reajuste conquistado, e a diferença dos dois valores em relação a
inflação (ganho real) antes e após cada uma das campanhas. Vale a pena
verificar:
http://www.bancariosdecuritiba.org.br/noticias_detalhe.asp?id=17457&id_cat=1
Agora,
para fazer umas continhas básicas sem ficar muito cansativo, vamos considerar
somente os 3 últimos anos.
2010
Ganho
real antes da greve: 0,00%
Ganho
real após a greve: 3,08%
2011
Ganho
real antes da greve: 0,37%
Ganho
real após a greve: 2,35%
2012
Ganho
real antes da greve: 0,58%
Ganho
real após a greve: 2,02%
E
para caracterizar diferentes perfis de bancários, exemplificamos com 3 faixas
de salários em 2009 (antes da campanha de 2010): R$ 14.000,00, R$ 7.000,00 e R$
3.500,00.
Mas
vamos facilitar. No arquivo anexo temos uma planilha com uma rápida análise dos
números, onde são apresentados os ganhos para cada uma das faixas salariais a
cada campanha e um acumulado dos últimos 3 anos. Temos as informações das
diferenças dos salários considerando a proposta dos bancos e o valor obtido
após as campanhas e as greves. Também são feitas projeções destas diferenças
acumuladas em um ano, 20 anos e 30 anos, para que possa se avaliar a
significância dos valores se considerarmos diferentes expectativas de vida para
o recebimento de aposentadorias e pensões.
Como
vemos, o valor das diferenças salariais obtidas com as greves, acumulado em 30
anos chega a cerca de R$ 365.000 para quem recebia R$ 14.000 em 2009; mais de
R$ 182.000 para quem recebia R$ 7.000 e mais de R$ 91.000 para salários de R$
3.500.
Alguém
pode alegar que não viverá 30 anos. Provavelmente nem todos viverão, mas a
expectativa de vida e a idade média dos bancários é
bastante
positiva. Além disso, seu cônjuge não continuará recebendo pensão? Seus
herdeiros não usufruirão do patrimônio acumulado?
Lembramos
que foram considerados apenas as últimas 3 campanhas. Quem quiser
exercitar um pouco mais, pode calcular
os valores desde 2003, último ano sem greve, quando obtivemos uma bela perda de
-4,19% em relação à inflação. Verá que os valores mais que dobram, ou seja, o
patrimônio daqueles 3 perfis exemplificados aumenta em mais de R$ 700.000, R$
360.000 e R$ 180.00, respectivamente, ao longo de 30 anos.
Estes
números ajudam àqueles que acham insignificantes as pequenas diferenças
percentuais obtidas, a avaliar melhor o impacto destes valores numa perspectiva
histórica e perceber a diferença patrimonial obtida.
Quem
acha estes valores insignificantes? Quem não gostaria de usufruir destas
diferenças? Quem não gostaria de ter o conforto e tranquilidade que estes
números podem trazer para si e para sua família?
Como
as imagens, alguns números também valem mais que mil palavras.
Se
você é daqueles que não se junta ao movimento legítimo, legal e consagrado nos
regimes democráticos e capitalistas para buscar o que lhe é de direito, por
achar que não vale a pena, é bom repensar.
Se
você é daqueles que não adere à greve por por conforto, comodismo, medo,
insegurança ou dúvidas existenciais, é bom repensar. E procurar ajuda, apoio dos colegas e amigos, até tratamento
auxiliar que possibilite sair deste estado de letargia lesivo aos seus
interesses e de seus colegas. Pressões explícitas, veladas ou nem tanto, até disfarçadas
em pseudos "comunicados", sempre houve e continuarão existindo
enquanto alguém se intimidar. Mesmo que inócuas e ineficazes juridicamente
quando o movimento cumpre os ritos legais.
Se
você desconsidera o movimento com a intenção de agradar seu gerente, é muito
saudável repensar também. O que ele pensará quando perceber que, dependendo de
você, deixaria de receber mais de 700
mil reais? Ou que você estaria subtraindo um belo imóvel, por exemplo, do patrimônio
dele e de seus dependentes?
Fique
certo que seu gerente não está ali por acaso e muitos deles tem a noção exata
do que representam estes números. Fazem o que julgam ser seu papel,
“convidando”, ou “convocando” seus
subordinados a trabalhar durante a greve, pois devem cumprir o que é esperado
deles e agradar seus superiores. Mas alguém acredita que eles estão dispostos a
abrir mão destas diferenças?
Seu
chefe tem estes valores bem presentes quando avalia o que é melhor para a VIDA
dele, o que é uma abordagem bem mais ampla que os poucos dias de paralisação e
serviços atrasados, pelos quais nem mesmo poderá ser responsabilizado.
Saiba
que ele pode lhe chamar para o trabalho, explorar o que puder, descarregar as
tarefas que julgar necessárias, mesmo que não lhe sejam familiares e fazer a sua
própria média com seu superior. Vai ser amistoso, simpático, compreensivo e
agradecer a “colaboração”. Mas, no fundo, vai lhe desprezar por estar se
empenhando em suprimir um patrimônio considerável de sua vida e dos seus
familiares. Esta verdade é seguidamente repetida nas conversas informais e
íntimas com quem ocupa cargos gerenciais. Usam, exploram e desprezam os
bajuladores de plantão.
E
os colegas? Como se sentem quando se empenham em lutar, se expondo, se
desgastando, se preocupando, provocando estresse em toda a família e arcando
com as consequências? Tendo, depois, que repor horas até o final do ano e
muitas vezes deixando de receber as hora extras, que já vinha habitualmente
prestando em função das necessidades dos serviços e falta de pessoal, e
sofrendo este impacto em seu orçamento? O que eles pensam enquanto você se
exime de tudo isto, sabendo que no final terá os mesmos ganhos, sem nenhum ônus
ou desgaste?
E
aqueles que não aderem à greve por convicção pessoal, ou porque acham não
precisam de mais dinheiro e trabalham só pelo prazer, ou preferem viver com o
mínimo, ou acreditam que ficarão ricos apostando na bolsa de valores ou na
loteria, também devem pensar um pouco e manter um mínimo de coerência. Um
desafio é lançado todos os anos nesta época e, até hoje, não se tem notícia de
uma única resposta coerente. Aquele que está satisfeito com o índice oferecido
pelos patrões e se recusa a participar do movimento reinvindicatório deverá
doar a diferença que receberá às custas do esforço e sacrifício dos outros.
Escolhe
uma instituição de caridade reconhecida, e doa mensalmente o valor da
diferença. Como bancário, burocrata e afeito aos processos documentais, deve
apresentar aos colegas os comprovantes da doação. Dispensável dizer que não
vale doar para instituições fictícias em nome de laranjas familiares ou amigos.
E que estas doações deverão ser cumulativas, ano após ano, e até o último
salário, benefício ou pensão recebida. Difícil de aceitar? Então está na hora
de ser coerente e mudar suas atitudes ou será mais um taxado de usurpador e
aproveitador do próximo.
Aos
pretensos juristas, que alegam terem o direito de escolher se fazem greve ou
não, pois a legislação assim estipula, lembramos nem tudo que é legal, é
moralmente aceitável. Nossos parlamentares estão totalmente dentro da lei
quando contratam parentes e protegidos, com salários astronômicos para nada
fazerem pela população. Estão respaldados por instrumentos legais quando alugam
carros de empresas desconhecidas, viajam com a família custeados pelo dinheiro
público, não comparecem às sessões de trabalho e toda a interminável lista de
imoralidades praticadas e extritamente legais.
Por
fim, depois de ver estes valores que, ao não se engajar, você se esforça ao
máximo para sonegar a seus pares e gerentes, conseguirá entender o que se passa
no íntimo deles? Sabendo disto, quem não participa da uma greve espera,
realmente, que não haja nenhum ressentimento de seus colegas na volta ao
trabalho? Não seria demais, exigir deles tal desprendimento, quando você mesmo
não demonstra nenhum, buscando de modo egoísta apenas os seus objetivos
pessoais, seja conforto psicológico, tranquilidade, ou imaginando obter alguma
vantagem bajulando seus superiores?
Desde
a Grécia antiga, filosofia e matemática andaram juntas como ferramentas para
entender e explicar o universo. Tomara este pequeno exercício de matemática
bancária possa trazer alguma luz filosófica a quem ainda não tinha a noção
exata do impacto de suas decisões e atitudes.
E
vamos em frente, que atrás vem gente.
Um gerente ou um funcionário que entra em férias em período de dissídio da classe bancária, o que é???????É mais perigoso dos que furam a greve: denotam mal caráter, egoístas conscientes pois só querem o bônus do cargo, mercadores da injustiça, não merecem confiança dos seus subordinados, homens e mulheres com nenhuma conduta ética, são imorais.
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