São
Paulo – Parte dos R$ 2 milhões que o Banco do Brasil destinou ao
contingenciamento de funcionários para tentar ludibriar a greve foi jogada no
lixo. Um prédio que a instituição pública alugou na zona norte para transferir
bancários do setor de crédito imobiliário ficou fechado nesta quarta-feira 25,
e os trabalhadores que foram deslocados para lá cruzaram os braços.
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BB gasta mais de R$ 2 milhões com contingência
“A
greve é legítima e justa, e por isso tem que ser respeitada”, afirmou o
bancário Miguel Carlos, para quem o reajuste de 6,1% oferecido pelos bancos é
“estapafúrdio, não tem nem o que comentar”.
Para
ele, a diretoria precisa voltar a tratar o BB como uma instituição que priorize
a responsabilidade social. “Eles têm de parar de olhar o funcionário como uma
máquina”, avisa.
Desvalorização
– Opinião semelhante tem Silvia Buzini Duarte, funcionária do BB há 13 anos. “O
meu sentimento é de desvalorização. Antes o bancário era importante, hoje não é
nada mais do que uma peça”, critica.
Ela
aponta o comando do banco como responsável pela precarização das condições de
trabalho. “A diretoria atual subiu muito rápido, não tem uma história com o
banco. Só quer saber de número, não tem uma visão mais ampla”, diz.
Silvia
também se revoltou com a proposta de reajuste. “Achei ridícula. Esse aumento é
uma estratégia de empresa de terceiro mundo. O banco lucrou R$ 12 bilhões no
ano passado. Todos os funcionários trabalharam muito para isso. Vamos fazer uma
proposta justa!”, cobra a trabalhadora.
Pensamento
pequeno – A terceirização foi outro tema citado pelos bancários como um dos
maiores problemas atuais no BB. “Essa prática de pagar cada vez menos e não
valorizar os trabalhadores é mais um pensamento pequeno da diretoria”,
considera a bancária Silvia, que se diz desestimulada e descontente. “Estou
pensando em sair do banco e prestar outro concurso”, desabafa.
Tão
recorrente como a indignação com a proposta de reajuste oferecida pelos bancos
e a ameaça da terceirização são as reclamações com o assédio moral. “As pessoas
estão adoecendo cada vez mais por causa das cobranças por metas abusivas em
troca dos lucros. Mas será que vale isso?”, questiona o bancário Carlos Miguel.
“A
cobrança por resultados é constante, e se tem cobrança, tem que haver
recompensa à altura”, diz o bancário Henrique Carboni, que considera a greve o
único meio de atingir as reivindicações dos trabalhadores. “Enquanto formos
cordeiros e balançarmos a cabeça para o banco, estará tudo bem para eles”,
conclui.
Rodolfo
Wrolli – 25/9/2013
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