Após
a escandalosa privatização do campo de Libra do pré-sal, cuja exploração foi
transferida para empresas estrangeiras, o governo federal anuncia mais um
avanço da privatização do Banco do Brasil com o aumento para 30% do limite de
participação estrangeira no banco.
Lula
e Dilma, durante suas campanhas eleitorais, diziam que o PT no poder defenderia
as empresas públicas. Que o BB, a Caixa e a Petrobras não seriam privatizadas
nos seus governos. Que este risco existia apenas com a vitória do PSDB nas urnas.
Dilma afirmou ainda que privatizar o pré-sal seria um crime e que ele era nosso
passaporte para o futuro. Mas a realidade nos mostra a cada dia que o
verdadeiro compromisso dos governos do PT é com o capital privado e não com os
trabalhadores.
Em
2002, no final do governo FHC, a participação de capital estrangeiro no BB era
de 0,9% e a quantidade de ações negociadas em bolsa não alcançava os 7%. Em
2006, o governo Lula aumentou para 12,5% o limite para a participação
estrangeira no banco e, em 2009, para 20%. Em julho de 2010, último ano do
governo Lula, o total das ações negociadas em bolsa passou dos 30% e a
participação de estrangeiros no BB saltou para 16,2% da composição acionária. A
participação da União obviamente caiu bastante, de 72% em 2002 para 58% em
2013. Agora, Dilma, através de decreto presidencial, aumenta para 30% o limite
da participação estrangeira no BB. A ampliação de capital privado e estrangeiro
dentro do banco e a redução da participação da União não tem outro nome: é
PRIVATIZAÇÃO!
O
governo declarou ser do seu interesse a mudança para 30%. O vice-presidente de
gestão financeira e de relações com investidores do banco, Ivan Monteiro, disse
que a medida estava em estudo a seis meses e que busca “dar mais liquidez às
ações da instituição e, assim, assegurar ganhos aos acionistas diante de
mudanças previstas para 2014 no índice Bovespa”. Nesta sexta-feira, o mesmo dia
da publicação do decreto presidencial, foi divulgada, na intranet do BB, uma
declaração de Dilma aos funcionários do banco na qual dizia ser ele “uma
empresa de mercado com alma de pública".
É
isso que fazem os governos do PT: colocam a estrutura pública a serviço dos
ganhos privados!
As
consequências desta medida serão o aprofundamento de uma gestão privada dentro do
BB, que visa os lucros recordes a qualquer custo.
Para
nós, funcionários, significará imediatamente o aumento da pressão por
resultados e, com ela, as metas sem limites, o assédio moral, as
reestruturações, a piora das condições de trabalho e um violento adoecimento.
Enfrentaremos, certamente, a tentativa de ataques futuros aos nossos direitos e
um endurecimento ainda maior nas negociações salariais com o banco. Sofreremos
ainda com o aumento da terceirização, que hoje já nos tira postos de trabalho e
transfere o serviço para trabalhadores com menores salários, sem direitos e
condições de trabalho ainda mais precárias que as nossas. Veremos ainda a
expansão dos correspondentes bancários e o aprofundamento dos contratos com
empresas terceirizadas que oferecem o menor preço e praticam todo o tipo de
ilegalidade, dando calote nos trabalhadores, como vemos acontecer de forma
sistemática com vigilantes, telefonistas e trabalhadores da limpeza, sem
qualquer compromisso do banco.
Os representantes dos
trabalhadores não podem se calar diante deste ataque
No
site do Sindicato dos Bancários do Rio e da Contraf/CUT, é muito comum
constarem artigos elogiando o governo federal e sua política econômica. Mas é
necessário ser coerente com a função de representante dos interesses dos
trabalhadores. A culpa pelas mazelas que vivemos no BB não é apenas da direção
da empresa, mas sobretudo do governo que determina o papel do banco dentro de
sua política econômica e a quem está submetida aquela direção. A alteração do
capital do BB faz do governo Dilma o
principal responsável pelas práticas antissindicais e pela gestão baseada no
assédio moral, que hoje adoece e mata os funcionários. Exigimos que a
Contraf/CUT denuncie este grave ataque e tenha uma atuação verdadeiramente independente
do governo!
Uma resposta às ameaças
da DIREF: Quem descumpre acordos é o BB
Em
mais uma tentativa de nos intimidar, o Banco divulgou uma mensagem ameaçando,
sob o ponto de vista disciplinar, aqueles que se recusarem a compensar as horas
da greve. O BB foi responsável por um impasse nas negociações durante a greve,
pois era o único banco que insistia na compensação total das horas, em 180
dias. Derrotado naquela discussão, agora o BB tenta de todas as formas impor o
medo e um sentimento de derrota aos grevistas, jogando todo o funcionalismo
contra a greve, este instrumento de luta, legal e legítimo, dos trabalhadores.
A
direção do Banco orientou os gestores a pressionar os funcionários para que
eles compensem as horas e a “renegociar” as ausências, como férias e abonos. No
ano passado, diante de toda a pressão feita pelo banco e da desmarcação das
férias dos funcionários, o Ministério Público do Trabalho (MPT) acolheu
denúncia contra o BB por prática antissindical.
Vejamos
a cláusula da Convenção da FENABAN deste ano, que regulamenta a compensação de
horas da greve.
"Os
dias não trabalhados entre 19 de novembro de 2013 e 14 de outubro de 2013, por
motivo de paralisação, não serão descontados e serão compensados, com prestação
de jornada de trabalho limitada 1 (uma) hora diária , no período compreendido
entre a data de assinatura desta Convenção Coletiva de Trabalho até 15 de
dezembro de 2013, e, por consequência, não será considerada como jornada
extraordinária, na forma da lei.”
O
acordo tem exatamente a mesma redação do ano anterior, avançando para o limite
máximo de compensação de uma hora diária e não duas. O acordo não estabelece
nenhum percentual mínimo de compensação, apenas o máximo, nem qualquer punição
ao funcionário que não realize a compensação. Consta, sim, que em 15 de
dezembro a compensação estará encerrada.
O
que todos sabemos, mas o BB não fala, é que nenhuma compensação é justa pois a
greve só foi deflagrada e se estendeu devido à intransigência do governo e dos
banqueiros nas negociações.
Ele
não fala também que quem descumpre acordos coletivos é a direção da empresa,
que descomissiona por ato de gestão tendo assinado um acordo onde consta uma
cláusula que exige três avaliações ruins na GDP para ocorrer o
descomissionamento. Que, pelo segundo ano seguido, não concede aos seus
funcionários o reajuste do piso salarial que consta no acordo da Fenaban
assinado também pelo BB. Que incentiva a prática do assédio moral pelos seus
gestores ao mesmo tempo que diz combatê-lo.
Estamos de olho! Não
assine nenhum cronograma de reposição das horas de greve
Não admita a desmarcação
de suas férias
Denuncie qualquer
assédio e intimidação feitos pelo gestor