Como é possível um país tão rico ter
serviços sociais tão precários, tanta pobreza e desigualdade social?
Por: Daniel Romero
Para quem vai o dinheiro arrecadado em impostos? Como é possível um país
tão rico ter serviços sociais tão precários, tanta pobreza e desigualdade
social? Os sucessivos governos repassam a maior parte do orçamento para os
banqueiros, na forma de Dívida Pública, o maior roubo da riqueza que
produzimos. Outra parte eles destinam para empresários na forma de subsídios ou
isenção fiscal. Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, o governo repassou, em
2013, para os banqueiros R$ 718 bilhões para pagar os juros da Dívida Pública.
O pagamento dos juros da dívida consome mais de 40% de tudo que é arrecadado.
Mesmo assim, a dívida não para de crescer.
Só nos governos FHC,
Lula e Dilma foram pagos R$ 14 trilhões, mas a dívida aumentou de R$ 300
bilhões, em 1994, para mais de R$ 4 trilhões, em 2013. O Brasil poderia ter
construído 8 milhões de moradias a um custo de R$ 100 mil cada unidade,
acabando com o déficit habitacional e ainda sobrariam 13 trilhões e 200 bilhões
de reais!
O pagamento da dívida
aos bancos impede que tenhamos serviços públicos de qualidade, que acabemos com
a desigualdade social e com a dependência do país frente aos países imperialistas.
Programas sociais limitados, como o Bolsa Família, significam uma ninharia
perto do que o governo destina aos banqueiros.
Quem paga imposto no
país?
No Brasil, nós temos uma política de juros e
um sistema de impostos que tiram dos mais pobres em favor dos mais ricos. No
ano passado, 36% de tudo que o Brasil produziu (PIB) foi apropriado pelo Estado
na forma de impostos. Mas quem efetivamente paga estes impostos e financia o
Estado? Segundo a Receita Federal, de tudo que o Estado arrecada, os impostos
sobre a renda do capital representam apenas 15%. Todo o restante é pago pela
renda do trabalho. Mesmo os 15% que o patrão paga, saem da riqueza que nós
produzimos para ele. Eles, ainda, repassam aos preços dos produtos impostos que
seriam deles, como ICMS, IPI ou ISS. Pagamos os impostos deles com nosso mísero
salário quando compramos qualquer mercadoria. Já nossos salários são tributados
na fonte pelo Imposto de Renda, em até 27% acima do piso. O discurso dos
empresários de que eles pagam muitos impostos é falso, porque somos nós, os
trabalhadores, que financiamos o Estado.
Todas as medidas adotadas pelos governos FHC, Lula e Dilma só reforçaram esta
injustiça, pois aumentaram a carga tributária sobre os trabalhadores e deram
isenções fiscais para o grande capital.
Juros altos só para os
trabalhadores
A grande imprensa
procura explicar o endividamento da população pela falsa idéia do descontrole
do orçamento doméstico. Uma explicação até desrespeitosa com as famílias com
rendimentos em torno de dois salários mínimos. O endividamento da população é
fruto dos baixos salários e das maiores taxas de juros do mundo. Em diversos
casos, o financiamento pode triplicar o valor do produto e não há controle
orçamentário que consiga resolver este roubo oficial. Mas, os juros não são
altos para todos. O governo Dilma, por meio do BNDES, concede taxas de juros de
longo prazo subsidiadas por recursos públicos para o grande capital.
Trabalhadores carregam
patrões nas costas
É como se cada
trabalhador sustentasse, no mínimo, três patrões ao mesmo tempo. Primeiro o
dono da empresa, um ser que se mostra inútil e dispensável quando o trabalhador
descobre que não precisa dele para organizar a produção. Segundo, os
banqueiros, mais inúteis ainda, que enriquecem na base da agiotagem, emprestam
dinheiro que nem é deles com altas taxas de juros e são os responsáveis pelo
endividamento dos trabalhadores e do país O terceiro patrão representa um
“consórcio de patrões”, o governo, que recolhe a riqueza produzida por todos os
trabalhadores na forma de impostos e transfere para o 1% mais rico, através de
pagamento da dívida, isenções fiscais, taxas de juros subsidiadas e corrupção.
Para fazer justiça
social é preciso um governo dos trabalhadores que tenha coragem de romper com banqueiros
e capitalistas.
Originalmente publicado
no Opinião Socialista nº 482
In: http://www.pstu.org.br/pstu16/20873 -
08/08/2014
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