Nesta segunda-feira, 15, foi realizado na UTFPR Universidade
Tecnológica Federal do Paraná o debate organizado pelo Coletivo Opinião
Bancária com o tema “Os banqueiros e a política”. O evento contou com os debatedores
Eric Gil, militante do PSTU, economista do Instituto Latino-americano de
Estudos Socioeconômicos (ILAESE) e mestrando em Ciência Política pela UFPR, e
Rodolfo Palazzo, cientista político e doutorando em Sociologia Política pela
UFSC.
Com a presença de trabalhadores bancários e de outros setores, foram
debatidas as formas como os banqueiros fazem política. Os temas tratados foram, o Banco Central do Brasil, o financiamento de campanha
por parte dos bancos e a organização civil dos banqueiros, a FEBRABAN.
Sobre o primeiro ponto, Eric Gil expôs sua pesquisa de mestrado, onde
conclui que os principais cargos de direção do Banco Central são ocupados por
indivíduos vindos da iniciativa privada – como bancos e consultorias
financeiras – órgãos internacionais, como o FMI, e instituições de ensino de
pensamento econômico neoliberal, principalmente a PUC-Rio. Ou seja, estes
dirigentes possuem compromissos profissionais e ideológicos com o sistema
financeiro.
No segundo ponto foram expostos os números do financiamento de
campanha das eleições de 2014 por parte do maior banco privado do país, o
Itaú-Unibanco. Segundo os dados do TSE, o Itaú “investiu” R$ 26.525.500,00, financiando a
campanha de 199 candidatos, em todas as esferas políticas. O banco investiu em
postulantes aos cargos de Presidente, governadores, senadores, deputados
federais e estaduais, divididos em 23 partidos, de 22 estados mais o Distrito
Federal. No segundo turno da eleição presidencial o Itaú financiou os dois
candidatos. A candidatura da presidente eleita, Dilma Rousseff, recebeu 4 milhões de reais, a mesma quantia destinada
ao candidato perdedor, Aécio Neves. Portanto, os banqueiros não arriscam,
financiam todas as candidaturas da ordem, e independente dos resultados eleitorais,
sempre vencem.
Por fim, o pesquisador Rodolfo
Palazzo discutiu a influência dos banqueiros na política nacional, demonstrando
com sua pesquisa de mestrado, que os banqueiros não precisam de uma associação patronal
que atue nos mesmo moldes das demais entidades patronais, como, por exemplo, a
FIESP que congrega os industriais paulistas. Esta atua não apenas nos
bastidores políticos, o faz também através de notas, documentos e
posicionamentos públicos de seus diretores, no intuito de influenciar políticas
governamentais.
Já a atuação da FEBRABAN é de outro tipo, a hegemonia do sistema
financeiro na economia nacional permite uma atuação direta no centro do poder
governamental. Atua nos bastidores políticos e de poder, sem precisar tornar
público suas reivindicações e muito menos
seus arranjos políticos. A FEBRABAN é, então, uma entidade de
representação patronal que consegue, muitas vezes, influenciar a política
governamental através de meros contatos telefônicos entre seus pares e agentes
governamentais.
Os trabalhadores bancários sentem o poder político dos banqueiros na
pele todos os dias, mas os dados e pesquisas reforçam isto e dão maior munição
para que possam resistir às investidas do setor patronal. Que visam diminuir
direitos trabalhistas, reduzir
remuneração e precarizar as condições de trabalho.
O debate sobre a atuação dos banqueiros na política nacional e outros
temas atuais, vem para suprir a necessidade
de ações voltadas para a consciência de classe dos trabalhadores
bancários e como forma de organizar a resistência aos processos de exploração a
que estão submetidos.
Coletivo Opinião Bancária
Contatos: coletivoopiniaobancaria@gmail.com
MNOB Movimento Nacional de Oposição Bancária
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