sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

“Os banqueiros e a política”, um debate necessário.

Nesta segunda-feira, 15, foi realizado na UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná o debate organizado pelo Coletivo Opinião Bancária com o tema “Os banqueiros e a política”. O evento contou com os debatedores Eric Gil, militante do PSTU, economista do Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE) e mestrando em Ciência Política pela UFPR, e Rodolfo Palazzo, cientista político e doutorando em Sociologia Política pela UFSC.

Com a presença de trabalhadores bancários e de outros setores, foram debatidas as formas como os banqueiros fazem política. Os temas tratados foram, o Banco Central do Brasil, o financiamento de campanha por parte dos bancos e  a organização civil dos banqueiros, a FEBRABAN. 


Sobre o primeiro ponto, Eric Gil expôs sua pesquisa de mestrado, onde conclui que os principais cargos de direção do Banco Central são ocupados por indivíduos vindos da iniciativa privada – como bancos e consultorias financeiras – órgãos internacionais, como o FMI, e instituições de ensino de pensamento econômico neoliberal, principalmente a PUC-Rio. Ou seja, estes dirigentes possuem compromissos profissionais e ideológicos com o sistema financeiro.

No segundo ponto foram expostos os números do financiamento de campanha das eleições de 2014 por parte do maior banco privado do país, o Itaú-Unibanco. Segundo os dados do TSE, o Itaú “investiu” R$ 26.525.500,00, financiando a campanha de 199 candidatos, em todas as esferas políticas. O banco investiu em postulantes aos cargos de Presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, divididos em 23 partidos, de 22 estados mais o Distrito Federal. No segundo turno da eleição presidencial o Itaú financiou os dois candidatos. A candidatura da presidente eleita, Dilma Rousseff, recebeu  4 milhões de reais, a mesma quantia destinada ao candidato perdedor, Aécio Neves. Portanto, os banqueiros não arriscam, financiam todas as candidaturas da ordem, e independente dos resultados eleitorais, sempre vencem.

 Por fim, o pesquisador Rodolfo Palazzo discutiu a influência dos banqueiros na política nacional, demonstrando com sua pesquisa de mestrado, que os banqueiros não precisam de uma associação patronal que atue nos mesmo moldes das demais entidades patronais, como, por exemplo, a FIESP que congrega os industriais paulistas. Esta atua não apenas nos bastidores políticos, o faz também através de notas, documentos e posicionamentos públicos de seus diretores, no intuito de influenciar políticas governamentais.
Já a atuação da  FEBRABAN é de outro tipo,  a hegemonia do sistema financeiro na economia nacional permite uma atuação direta no centro do poder governamental. Atua nos bastidores políticos e de poder, sem precisar tornar público suas reivindicações e muito menos  seus arranjos políticos. A FEBRABAN é, então, uma entidade de representação patronal que consegue, muitas vezes, influenciar a política governamental através de meros contatos telefônicos entre seus pares e agentes governamentais.

Os trabalhadores bancários sentem o poder político dos banqueiros na pele todos os dias, mas os dados e pesquisas reforçam isto e dão maior munição para que possam resistir às investidas do setor patronal. Que visam diminuir direitos trabalhistas, reduzir  remuneração e precarizar as condições de trabalho.

O debate sobre a atuação dos banqueiros na política nacional e outros temas atuais, vem para suprir a necessidade  de ações voltadas para a consciência de classe dos trabalhadores bancários e como forma de organizar a resistência aos processos de exploração a que estão submetidos.

Coletivo Opinião Bancária
Contatos: coletivoopiniaobancaria@gmail.com

MNOB Movimento Nacional de Oposição Bancária

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