domingo, 30 de junho de 2013

Zizek: a caminho de uma ruptura global


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Brasília, junho de 2013
Chegada dos Protestos ao Brasil e Turquia revela: há mal-estar generalizado contra lógicas e ideologia do capitalismo. Desafio é construir alternativas e nova democracia
Por Slavoj Žižek, no London Review of Books | Tradução Vila Vudu
Em seus primeiros escritos, Marx descreve a situação na Alemanha como uma daquelas na qual a única resposta a problemas particulares seria a solução universal: a revolução global. É expressão condensada da diferença entre período reformista e período revolucionário: em período reformista, a revolução global permanece como sonho que, se serve para alguma coisa, é apenas para dar peso às tentativas para mudar alguma coisa localmente; em período revolucionário, vê-se claramente que nada melhorará, sem mudança global radical. Nesse sentido puramente formal, 1990 foi ano revolucionário: as muitas reformas parciais nos estados comunistas jamais dariam conta do serviço; e era necessária uma quebra total, para resolver todos os problemas do dia a dia. Por exemplo, o problema de dar suficiente comida às pessoas.
Em que ponto estamos hoje, quanto a essa diferença? Os problemas e protestos dos últimos anos são sinais de que se aproxima uma crise global, ou não passam de pequenos obstáculos que pode enfrentar mediante intervenções locais? O mais notável nas erupções é que estão acontecendo não apenas, nem basicamente, nos pontos fracos do sistema, mas em pontos que, até aqui, eram percebidos como histórias de sucesso. Sabemos por que as pessoas protestam na Grécia ou na Espanha; mas por que há confusão em países prósperos e em rápido desenvolvimento como Turquia, Suécia ou Brasil?
Com algum distanciamento, pode-se ver que a revolução de Khomeini em 1979 foi o caso original de “dificuldades no paraíso”, dado que aconteceu em país que caminhava a passos largos para uma modernização pró-ocidente, e era o mais estável aliado do ocidente na região.
Antes da atual onda de protestos, a Turquia era quente: modelo ideal de estado estável, a combinar pujante economia liberal e islamismo moderado. Pronta para a Europa, um bem-vindo contraste com a Grécia mais “europeia”, colhida num labirinto ideológico e andando rumo à autodestruição econômica. Sim, é verdade: aqui e ali sempre viam-se alguns sinais péssimos (a Turquia, sempre a negar o holocausto dos armênios; prisão de jornalistas; o status não resolvido dos curdos; chamamentos a uma “grande Turquia” que ressuscitaria a tradição do Império Otomano; imposição, vez ou outra, de leis religiosas). Mas eram descartados como pequenas máculas que não comprometeriam o grande quadro.
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E então, explodiram os protestos na praça Taksim. Não há quem não saiba que os planos para transformar um parque em torno da praça Taksim no centro de Istambul em shopping-center não foram “o caso”, naqueles protestos; e que um mal-estar muito mais profundo ganhava força. O mesmo se deve dizer dos protestos de meados de junho no Brasil: foram desencadeados por um pequeno aumento na tarifa do transporte público, e prosseguiram mesmo depois de o aumento ter sido revogado. Também nesse caso, os protestos explodiram num país que – pelo menos segundo a mídia – estava em pleno boom econômico e com todos os motivos para sentir-se confiante quanto ao futuro. Nesse caso, os protestos foram aparentemente apoiados pela presidente Dilma Rousseff, que se declarou satisfeitíssima com eles.
O que une protestos em todo o mundo — por mais diversos que sejam, na aparência — é que todos reagem contra diferentes facetas da globalização capitalista
É crucialmente importante não vermos os protestos turcos meramente como sociedade civil secular que se levanta contra regime islamista autoritário, apoiado por uma maioria islamista silenciosa. O que complica o quadro é o ímpeto anticapitalista dos protestos. Os que protestam sentem intuitivamente que o fundamentalismo de mercado e o fundamentalismo islâmico não se excluem mutuamente.
A privatização do espaço público por ação de um governo islamista mostra que as duas modalidades de fundamentalismo podem trabalhar de mãos dadas. É sinal claro de que o casamento “por toda a eternidade” de democracia e capitalismo já caminha para o divórcio.
Também é importante reconhecer que os que protestam não visam a nenhum objetivo “real” identificável. Os protestos não são, “realmente”, contra o capitalismo global, nem “realmente” contra o fundamentalismo religioso, nem “realmente” a favor de liberdades civis e democracia, nem visam “realmente” qualquer outra coisa específica. O que a maioria dos que participaram dos protestos “sabem” é de um mal-estar, de um descontentamento fluido, que sustenta e une várias demandas específicas.
A luta para entender os protestos não é luta só epistemológica, com jornalistas e teóricos tentando explicar seu “real” conteúdo: é também luta ontológica pela própria coisa, o que esteja acontecendo dentro dos próprios protestos. É apenas luta contra governo corrupto? É luta contra governo islâmico autoritário? É luta contra a privatização do espaço público? A pergunta continua aberta. E de como seja respondida dependerá o resultado de um processo político em andamento.
Em 2011, quando irrompiam protestos por toda a Europa e todo o Oriente Médio, muitos insistiram que não fossem tratados como instâncias de um único movimento global. Em vez disso, argumentavam, haveria uma resposta específica para cada situação específica. No Egito, os que protestavam queriam o que em outros países era alvo das críticas do movimento Occupy: “liberdade” e “democracia”. Mesmo entre países muçulmanos, haveria diferenças cruciais: a Primavera Árabe no Egito seria contra um regime autoritário e corrupto aliado do ocidente; a Revolução Verde no Irã, que começou em 2009, seria contra o islamismo autoritário. É fácil ver o quanto essa particularização dos protestos serve bem aos defensores do status quo: não há nenhuma ameaça direta à ordem global como tal. Só uma série de problemas locais separados…
O capitalismo global é processo complexo que afeta diferentes países de diferentes modos. O que une todos os protestos, por mais multifacetados que sejam, é que todos reagem contra diferentes facetas da globalização capitalista. A tendência geral do capitalismo global é hoje expandir o mercado, invadir e cercar o espaço público, reduzir os serviços públicos (saúde, educação, cultura) e impor cada vez mais firmemente um poder político autoritário. Nesse contexto, os gregos protestam contra o governo do capital financeiro internacional e contra seu próprio estado ineficiente e corrupto, cada dia menos capaz de prover os serviços sociais básicos. Nesse contexto, os turcos protestam contra a comercialização do espaço público e contra o autoritarismo religioso. E os egípcios protestam contra um governo apoiado pelas potências ocidentais. E os iranianos protestam contra a corrupção e o fundamentalismo religioso. E assim por diante.
Nenhum desses protestos pode ser reduzido a uma única questão. Todos lidam com uma específica combinação de pelo menos dois problemas, um econômico (da corrupção à ineficiência do próprio capitalismo); o outro, político-ideológico (da demanda por democracia à demanda pelo fim da democracia convencional multipartidária). O mesmo se aplica ao movimento Occupy. Na profusão de declarações (muitas vezes confusas), o movimento manteve dois traços básicos: primeiro, o descontentamento com o capitalismo como sistema, não apenas contra um ou outro corrupto ou corrupções locais; segundo, a consciência de que a forma institucionalizada de democracia multipartidária não tem meios para combater os excessos capitalistas. Em outras palavras, é preciso reinventar a democracia.
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A causa subjacente dos protestos ser o capitalismo global não significa que a única solução seja “derrubar” o capitalismo. Nem é viável seguir a alternativa pragmática, que implica lidar com problemas individuais enquanto se espera por transformação radical. Essa ideia ignora o fato de que o capitalismo global é necessariamente contraditório e inconsistente: a liberdade de mercado anda de mãos dadas com os EUA protegerem seus próprios agronegócios e agronegociantes; pregar a democracia anda de mãos dadas com apoiar o governo da Arábia Saudita.
Essa inconsistência abre um espaço para a intervenção política: onde o capitalista global é forçado a violar suas próprias regras, ali há uma oportunidade para insistir em que ele obedeça àquelas regras. Exigir coerência e consistência em pontos estrategicamente selecionados nos quais o sistema não pode pagar para ser coerente e consistente é pressionar todo o sistema. A arte da política está em impor demandas específicas as quais, ao mesmo tempo em que são perfeitamente realistas, ferem o coração da ideologia hegemônica e implicam mudança muito mais radical. Essas demandas, por mais que sejam viáveis e legítimas, são, de fato, impossíveis. Caso exemplar é a proposta de Obama para prover assistência pública universal à saúde. Por isso as reações foram tão violentas.
Um movimento político começa com uma ideia, algo por que lutar, mas, no tempo, a ideia passa por transformação profunda – não apenas alguma acomodação tática, mas uma redefinição essencial –, porque a própria ideia passa a ser parte do processo: torna-se sobredeterminada.* Digamos que uma revolta comece com uma demanda por justiça, talvez sob a forma de demanda pela rejeição de uma determinada lei. Depois de o povo estar profundamente engajado na revolta, ele percebe que será preciso muito mais do que a demanda inicial, para que haja verdadeira justiça. O problema então é definir, precisamente, em que consiste esse “muito mais”.
A perspectiva liberal-pragmática entende que os problemas podem ser resolvidos gradualmente, um a um: “Há gente morrendo agora em Rwanda, então esqueçam a luta anti-imperialista e vamos impedir o massacre”. Ou: “Temos de combater a pobreza e o racismo já, aqui e agora, não esperar pelo colapso da ordem capitalista global”. John Caputo argumenta exatamente assim em After the Death of God (2007):
Eu ficaria perfeitamente feliz se os políticos da extrema-esquerda nos EUA fossem capazes de reformar o sistema oferecendo assistência universal à saúde, redistribuindo efetivamente a riqueza mais equitativamente com um sistema tributário [orig. Internal Revenue Code (IRC)] redefinido, restringindo o financiamento privado de campanhas eleitorais, autorizando o voto universal, para todos, tratando com humanidade os trabalhadores migrantes, e levando a efeito uma política externa multilateralista que integrasse o poder dos EUA dentro da comunidade internacional etc. Ou seja, intervindo sobre o capitalismo mediante reformas profundas, de longo alcance… Se depois de fazer tudo isso, Badiou e Žižek ainda reclamarem de um monstro chamado Capitalismo a nos assombrar, eu estaria inclinado a receber o tal monstro com um bocejo.
Não se trata de “derrubar” o capitalismo. Mas de construir lógicas
de uma sociedade que vá além dele. Isso inclui novas formas de democracia
O problema aqui não é a conclusão de Caputo: se se pode alcançar tudo isso dentro do capitalismo, por que não ficar aí mesmo? O problema é a premissa subjacente de que seja possível obter tudo isso dentro do capitalismo global em sua forma atual. Mas e se os emperramentos e mau funcionamento do capitalismo, que Caputo listou, não forem meras perturbações contingentes, mas necessários por estrutura? E se o sonho de Caputo é um sonho de ordem capitalista universal, sem sintomas, sem os pontos críticos nos quais sua “verdade reprimida” mostra a própria cara?
Os protestos e revoltas de hoje são sustentados pela combinação de demandas sobrepostas, e é aí que está a sua força: lutam por democracia (“normal”, parlamentar) contra regimes autoritários; contra o racismo e o sexismo, especialmente quando dirigidos contra imigrantes e refugiados; contra a corrupção na política e nos negócios (poluição industrial do meio ambiente etc.); pelo estado de bem-estar contra o neoliberalismo; e por novas formas de democracia que avancem além dos rituais multipartidários. Questionam também o sistema capitalista global como tal, e tentam manter viva a ideia de uma sociedade que avance além do capitalismo.
Duas armadilhas há aí, a serem evitadas: o falso radicalismo (“o que realmente interessa é abolir o capitalismo liberal-parlamentar; todas as demais lutas são secundárias”), mas, também, o falso gradualismo (“no momentos temos de lutar contra a ditadura militar e por democracia básica, todos os sonhos de socialismo devem ser, agora, postos de lado”).
Aqui, ninguém se deve envergonhar de acionar a distinção maoista entre antagonismo principal e antagonismos secundários, entre os que mais interessam no fim e os que dominam hoje. Há situações nas quais insistir no antagonismo principal significa perder a oportunidade de acertar golpe significativo, no curso da luta.
Só uma política que tome plenamente em consideração a complexidade da sobredeterminação merece o nome de estratégia. Quando se embarca numa luta específica, a pergunta chave é: como nosso engajamento ou desengajamento nessa luta afeta outras lutas?
Praça Tahrir, Egito 2011
Praça Tahrir, Egito 2011
A regra geral é que quando uma revolta contra regime semidemocrático começa – como no Oriente Médio em 2011 – é fácil mobilizar grandes multidões com slogans (por democracia, contra a corrupção etc.). Mas muito rapidamente temos de enfrentar escolhas muito mais difíceis. Quando a revolta é bem-sucedida e alcança o objetivo inicial, nos damos conta de que o que realmente nos perturbava (a falta de liberdade, a humilhação diária, a corrupção, o futuro pouco ou nenhum) persiste sob novo disfarce. Nesse momento somos forçados a ver que havia furos no próprio objetivo inicial. Pode implicar que se chegue a ver que a democracia pode ser uma forma de des-liberdade, ou que se pode exigir muito mais do que apenas a mera democracia política: que a vida social e econômica tem de ser também democratizada.
Em resumo, o que à primeira vista tomamos como fracasso que só atingia um nobre princípio (a liberdade democrática) é afinal percebido como fracasso inerente ao próprio princípio. Essa descoberta – de que o princípio pelo qual lutamos pode ser inerentemente viciado – é um grande passo em qualquer educação política.
Representantes da ideologia reinante mobilizam todo o seu arsenal para impedir que cheguemos a essa conclusão radical. Dizem-nos que a liberdade democrática implica suas próprias responsabilidades, que tem um preço, que é sinal de imaturidade esperar demais da democracia. Numa sociedade livre, dizem eles, devemos agir como capitalistas e investir em nossa própria vida: se fracassarmos, se não conseguirmos fazer os necessários sacrifícios, ou se de algum modo não correspondermos, a culpa é nossa.
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Istambul, maio de 2013
Em sentido político mais direto, os EUA perseguem coerentemente uma estratégia de controle de danos em sua política externa, recanalizando os levantes populares para formas capitalistas-parlamentares aceitáveis: na África do Sul, depois do apartheid; nas Filipinas, depois da queda de Marcos; na Indonésia, depois de Suharto etc. É nesse ponto que a política propriamente dita começa: a questão é como empurrar ainda mais adiante, depois que passa a primeira, excitante, onda de mudança; como dar o passo seguinte, sem sucumbir à tentação “totalitária”; como avançar além de Mandela, sem virar Mugabe.
O que significaria isso, num caso concreto? Comparemos dois países vizinhos, Grécia e Turquia. À primeira vista, talvez pareçam completamente diferentes: Grécia, presa na armadilha da ruinosa política de austeridade; Turquia em pleno boom econômico e emergindo como nova superpotência regional. Mas e se cada Turquia contiver sua própria Grécia, suas próprias ilhas de miséria? Como Brecht diz em sua Elegias Hollywoodenses (orig. Hollywood Elegies’ [1942]),
A vila de Hollywood foi planejada segundo a ideia
De que o povo aqui seria proprietário de partes do paraíso. Ali,
Chegaram à conclusão de que Deus
Embora precisando de céu e inferno, não precisava
Planejar dois estabelecimentos, mas
Só um: o paraíso. Que esse,
para os pobres e infortunados, funciona
como inferno.
[1]
Esses versos descrevem bastante bem a “aldeia global” de hoje: aplicam-se ao Qatar ou Dubai, playgrounds para os ricos, que dependem de manter os trabalhadores imigrantes em estado de semiescravidão, ou escravidão. Exame mais detido revela semelhanças entre Turquia e Grécia: privatizações, o fechamento do espaço público, o desmonte dos serviços sociais, a ascensão de políticos autoritários. Num plano elementar, os que protestam na Grécia e os que protestam na Turquia estão engajados na mesma luta. O melhor caminho talvez seja coordenar as duas lutas, rejeitar as tentações “patrióticas”, deixar para trás a inimizade histórica entre os dois países e buscar espaços de solidariedade. O futuro dos protestos talvez dependa disso.

* Em seu prefácio à Contribuição à Crítica da Economia Política, Marx escreveu (no seu pior modo evolucional) que a humanidade só se propõe problemas que seja capaz de resolver. E se invertermos a ganga dessa frase e declararmos que, regra geral, a humanidade propõe-se problemas que não pode resolver, e assim dispara um processo cujo desdobramento é imprevisível, no curso do qual, a própria tarefa é redefinida?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Artigo: ''Não à terceirização!'', NOTÍCIA DIVULGADA NO PRÓPRIO SITE DO TRT4ª REGIÃO

24/06/2013 10:46
| Artigo: ''Não à terceirização!'', por Valdete Souto Severo, juíza do Trabalho da 4ª Região


Estamos vivendo um momento de crise intensa das instituições. Um governo de esquerda que parece haver esquecido completamente seus compromissos políticos. Repressão a movimentos sociais como aquele que recentemente movimentou São Paulo constituem a prova de que nossa frágil democracia corre perigo. As ameaças também são legislativas. Recentemente, uma lei sobre a atividade do motorista criou dispositivos inconstitucionais, permitindo jornada de doze horas ou mesmoindenização (sic) para horas extras em patamar inferior ao mínimo estabelecido na Constituição.

Agora, o Poder Legislativo ameaça aprovar um projeto de lei que permite a terceirização mesmo em atividades diretamente ligadas à finalidade social da empresa. Trata-se de uma lei vergonhosa, que, caso aprovada, implicará ruptura definitiva com o projeto constitucional de inclusão mediante garantia à relação de emprego (art. 7o, inciso I). As instituições estão mobilizadas, mas o poder constituído parece cego e surdo, alheio à realidade. Uma realidade cujos números oficiais demonstram a triplicação do número de acidentes de trabalho, inclusive com morte, nas atividades terceirizadas. O dossiê sobre a terceirização, realizado em 2011 pelo DIEESE e pela CUT, mostra dados assustadores: o número de empresas terceirizadas que simplesmente somem no ar sem pagar verbas salariais; a discriminação entre empregados contratados diretamente e aqueles terceirizados; a fragilização dos vínculos, cada vez mais curtos. Uma realidade próxima de nós. O dossiê aponta que as empresas terceirizadas abrigam as populações mais vulneráveis: mulheres, negros, jovens, migrantes e imigrantes. E alerta para o fato de que “não é esse o compromisso que os atores sociais devem ter com a construção do país”. Essa relação “aumenta os custos para a sociedade, com a perda da qualidade de serviços e produtos, com agressões ambientais a comunidades vizinhas, com o empobrecimento dos trabalhadores, com a concentração de renda, com a monetização da vida humana, e com a atuação estatal como fomentador da precarização das relações de trabalho, e ainda, com as fraudes em licitações, evasão fiscal, focos de corrupção, aumento das demandas trabalhistas e previdenciárias”. A pergunta que nos inquieta é até onde vamos nessa marcha neoliberal que parece haver perdido todos os freios.

Os trabalhadores não querem caridade. Essa é uma lógica liberal que precisa ser superada. De nada serve o bolsa-família ou o bolsa-escola, se não existem empregos seguros e estáveis, se a remuneração continua sendo vilipendiada pela dupla (ou tripla) exploração da mão de obra através de empresas interpostas.


Não há medida em que seja possível a terceirização. Precisamos ter a coragem de retroceder nesse movimento de precarização que parece haver contaminado todos os âmbitos das relações de trabalho. Não se trata de modificar o projeto de lei, mas de rechaçá-lo, resgatando a centralidade da relação de emprego e a condição de empregador, afastando de uma vez por todas a pleonástica expressão "tomador de trabalho".

Doze Teses sobre a Situação Nacional

Rodrigo Dantas, professor da UNB

1. A panela de pressão explodiu. As ruas foram tomadas por milhões que gritam em alto e bom som: basta a tudo que aí está! Ainda não sabem para onde ir, mas já deram o primeiro passo: disseram que não aceitam mais continuar onde estão! Entramos numa nova etapa da história do Brasil. Os governos, o parlamento, os partidos e as instituições clássicas do Estado burguês estão em xeque. Uma crise de regime há muito latente explodiu com toda a força.

2. As bases do crescimento econômico dos anos de governo do PT desapareceram: o excesso de crédito transformou-se em excesso de endividamento; o fluxo de capitais externos se transformou em fuga de capitais; o superávit na conta corrente transformou-se em déficit externo. A inflação cresce – sobretudo dos alimentos e demais itens da cesta básica. O real se desvaloriza. Neste contexto, a produção industrial deve cair ainda mais, aprofundando o processo de desindustrialização e “reprimarização” do país. O “neo-desenvolvimentismo” e o “neo-assistencialismo” petistas perdem assim a sua base material. A maior crise econômica mundial do pós-guerra chegou ao Brasil. Entramos numa nova etapa da história econômica do país: o modelo neoliberal, dirigido pelos governos do FSDB e do PT e alimentado pelo fluxo crescente de capitais externos, esgotou-se com a crise, após ter patrocinado o maior processo de privatização e desnacionalização da economia brasileira em sua história. Os ganhos obtidos pela classe trabalhadora no último período estão todos ameaçados.

3. O PT perdeu a direção do movimento de massas nas ruas após dez anos de governo. Embora ainda dirija a grande maioria dos sindicatos e movimentos sociais do país, tem contra si o movimento nas ruas. Está acuado porque não pode mais jogar em seu próprio terreno. Abre-se uma situação que nos próximos anos tende a favorecer imensamente a CSP-Conlutas e a oposição de esquerda ao governo na disputa com a CUT pela direção da classe trabalhadora organizada. 

4. As ruas estão desorganizadas. Ninguém as dirige. Estão em disputa.

5. A direita fascista está organizada nas ruas, na mídia e nas redes sociais, controla o aparato militar-policial e se apoia na grande burguesia e no imperialismo. Na primeira semana dos protestos, em meio à Copa das Confederações, a burguesia e o imperialismo enfrentaram o primeiro grande levante popular após a chegada do PT ao poder e exibiram seu arsenal tático: repressão policial de massas; ataques paramilitares contra os militantes da esquerda organizada; incitação fascista do ódio aos partidos e a política; fazer de cada ato de rua uma praça de guerra para jogar a maioria da população contra o movimento, lançando mão de todos os meios para confundir, dividir e desorganizar o movimento. Seus métodos visam afastar a população dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais com métodos violentos e fascistas e propaganda anti-comunista nas redes sociais; “apolitizar” a espontaneidade das massas das massas despolitizadas; colocar a luta contra a corrupção no centro da cena política e transformar as grandes manifestações de massa em espetáculos midiáticos de violência em estado puro. A cobertura da mídia acompanha esta estratégia fascista. Transformam os protestos em “baderna”, “arruaça”, “desordem” para, assim que for possível, criar uma atmosfera opressiva de clamor na “opinião pública” pelo retorno à “ordem”. Querem testar até onde poderiam canalizar a mídia, as ruas e as redes sociais para colocar em xeque o governo do PT e criminalizar os movimentos e partidos de esquerda. Começam a agitar o impeachment de Dilma e prometem organizar uma marcha nacional a Brasília. Seu objetivo não é um golpe militar como o de 1964, mas criar uma atmosfera propícia ao fechamento do regime político, num quadro de crise mundial, por meio de um governo civil bonapartista eleito nas urnas. 

6. O autonomismo pós-moderno, anti-partidário e anti-marxista revelou-se como uma ideologia que desarma politicamente a juventude, a intelectualidade e as massas das classes médias e ajuda a abrir caminho para que a direita “surfe” na onda generalizada de repúdio a todos os partidos e organizações sociais e políticas. Diante dos resultados de sua própria política, sua principal organização recuou assustada, tirando seu bloco da rua, para depois voltar atrás mais uma vez. Não passou pela prova da história. 

7. A classe trabalhadora organizada nos sindicatos e movimentos sociais, majoritariamente dirigidos pelo PT, ainda não entrou em cena. O PT se acha numa encruzilhada, que pode se tornar rapidamente um xeque-mate. Se a orientação do PT for chamar a classe trabalhadora às ruas para defender o governo, ela não atenderá este chamado. Se o PT a chamar às ruas para defender suas bandeiras históricas, as colocará em choque com seu próprio governo – embora seja esta sua única chance de sobreviver como organização dirigente da classe trabalhadora brasileira. Se continuar onde está, jamais recuperará a direção do movimento de massas. Só lhe restará sua última cartada, Lula, a ser jogada num cenário de fragilização do partido e do governo Dilma nas ruas, em que a maior parte da burguesia tende a desembarcar do apoio ao governo e jogar todas as suas fichas (e alguma carta da manga, como Collor em 1989) para derrota-lo. 

8. A oposição socialista ao governo de frente popular ainda não tem enraizamento, força nem volume suficiente para dirigir as ruas, ocupadas ainda majoritariamente pelas chamadas “classes médias” – e menos ainda sob o fogo cerrado da polícia e dos bandos fascistas. 

9. As massas estão nas ruas e a elas retornarão muitas vezes no próximo período. Estamos apenas no prólogo de uma nova etapa da história da luta de classes no país. O aprofundamento dos efeitos da crise econômica, com o visível esgotamento histórico do modelo neoliberal no país e em todo o mundo, acirrará cada vez mais a luta de classes em escala mundial. A luta pela hegemonia e pela direção das ruas no Brasil apenas começou. 

10. Do governo de frente popular dirigido pela maior organização política que a classe trabalhadora brasileira construiu em sua história devemos tirar algumas lições. A primeira delas é que não é possível governar ao mesmo tempo para os capitalistas e os trabalhadores – e menos ainda num país dependente em meio ao desdobramento da maior crise mundial da história do capitalismo. 

11. Até aqui, a classe social que domina as ruas é a classe média, a pequena burguesia (a classe que vive do trabalho intelectual assalariado e de outras pequenas fontes de rendimento, que se acha objetiva e subjetivamente vinculada à burguesia) e sua juventude. Ela revela um profundo mal estar com a realidade social, mas ao mesmo tempo quer soluções para os problemas que a mobilizam nos marcos do mesmo sistema que repudia nas ruas. Se uma parte de suas bandeiras é também levantada pelo proletariado, a outra é feita das bandeiras empunhadas pela burguesia. Rebela-se contra a burguesia, mas dela espera a solução para seus problemas. Teme aliar-se ao proletariado – e só chega a fazê-lo quando o proletariado já está nas ruas, numa situação revolucionária, em que já não lhe reste qualquer alternativa senão deixar acaudilhar-se por ele.

12. A imensa maioria dos que produzem a riqueza em condições bárbaras de opressão e exploração ainda não se fez presente na cena. Seu regime de vida simplesmente não lhes deixa tempo para isso. Sua entrada organizada em cena alteraria completamente a correlação de forças. Mas para que ela entre em cena, de forma organizada, ela terá de ser mobilizada a partir dos sindicatos, dos movimentos sociais e populares e dos partidos de esquerda. Hora de agir. O primeiro passo é convocar um Congresso Nacional dos Trabalhadores, unitário, independente dos governos e dos patrões, para definir a estratégia e o programa comum com que lutaremos para fazer da maior rebelião popular da história do país o prólogo da revolução brasileira. 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

FORA PL 4330


CARTA ABERTA DO MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO À PRESIDENTA


À Presidenta Dilma Rousseff,

Ficamos surpresos com o convite para esta reunião. Imaginamos que também esteja surpresa com o que vem acontecendo no país nas últimas semanas. Esse gesto de diálogo que parte do governo federal destoa do tratamento aos movimentos sociais que tem marcado a política desta gestão. Parece que as revoltas que se espalham pelas cidades do Brasil desde o dia seis de junho tem quebrado velhas catracas e aberto novos caminhos.
O Movimento Passe Livre, desde o começo, foi parte desse processo. Somos um movimento social autônomo, horizontal e apartidário, que jamais pretendeu representar o conjunto de manifestantes que tomou as ruas do país. Nossa palavra é mais uma dentre aquelas gritadas nas ruas, erguidas em cartazes, pichadas nos muros. Em São Paulo, convocamos as manifestações com uma reivindicação clara e concreta: revogar o aumento. Se antes isso parecia impossível, provamos que não era e avançamos na luta por aquela que é e sempre foi a nossa bandeira, um transporte verdadeiramente público. É nesse sentido que viemos até Brasília.
O transporte só pode ser público de verdade se for acessível a todas e todos, ou seja, entendido como um direito universal. A injustiça da tarifa fica mais evidente a cada aumento, a cada vez que mais gente deixa de ter dinheiro para pagar a passagem. Questionar os aumentos é questionar a própria lógica da política tarifária, que submete o transporte ao lucro dos empresários, e não às necessidades da população. Pagar pela circulação na cidade significa tratar a mobilidade não como direito, mas como mercadoria. Isso coloca todos os outros direitos em xeque: ir até a escola, até o hospital, até o parque passa a ter um preço que nem todos podem pagar. O transporte fica limitado ao ir e vir do trabalho, fechando as portas da cidade para seus moradores. É para abri-las que defendemos a tarifa zero.
Nesse sentido gostaríamos de conhecer o posicionamento da presidenta sobre a tarifa zero no transporte público e sobre a PEC 90/11, que inclui o transporte no rol dos direitos sociais do artigo 6o da Constituição Federal. É por entender que o transporte deveria ser tratado como um direito social, amplo e irrestrito, que acreditamos ser necessário ir além de qualquer política limitada a um determinado segmento da sociedade, como os estudantes, no caso do passe livre estudantil. Defendemos o passe livre para todas e todos!

Embora priorizar o transporte coletivo esteja no discurso de todos os governos, na prática o Brasil investe onze vezes mais no transporte individual, por meio de obras viárias e políticas de crédito para o consumo de carros (IPEA, 2011). O dinheiro público deve ser investido em transporte público! Gostaríamos de saber por que a presidenta vetou o inciso V do 16º artigo da Política Nacional de Mobilidade Urbana (lei nº 12.587/12) que responsabilizava a União por dar apoio financeiro aos municípios que adotassem políticas de priorização do transporte público. Como deixa claro seu artigo 9º, esta lei prioriza um modelo de gestão privada baseado na tarifa, adotando o ponto de vista das empresas e não o dos usuários. O governo federal precisa tomar a frente no processo de construção de um transporte público de verdade. A municipalização da CIDE, e sua destinação integral e exclusiva ao transporte público, representaria um passo nesse caminho em direção à tarifa zero.

A desoneração de impostos, medida historicamente defendida pelas empresas de transporte, vai no sentido oposto. Abrir mão de tributos significa perder o poder sobre o dinheiro público, liberando verbas às cegas para as máfias dos transportes, sem qualquer transparência e controle. Para atender as demandas populares pelo transporte, é necessário construir instrumentos que coloquem no centro da decisão quem realmente deve ter suas necessidades atendidas: os usuários e trabalhadores do sistema.

Essa reunião com a presidenta foi arrancada pela força das ruas, que avançou sobre bombas, balas e prisões. Os movimentos sociais no Brasil sempre sofreram com a repressão e a criminalização. Até agora, 2013 não foi diferente: no Mato Grosso do Sul, vem ocorrendo um massacre de indígenas e a Força Nacional assassinou, no mês passado, uma liderança Terena durante uma reintegração de posse; no Distrito Federal, cinco militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foram presos há poucas semanas em meio às mobilizações contra os impactos da Copa do Mundo da FIFA. A resposta da polícia aos protestos iniciados em junho não destoa do conjunto: bombas de gás foram jogadas dentro de hospitais e faculdades; manifestantes foram perseguidos e espancados pela Polícia Militar; outros foram baleados; centenas de pessoas foram presas arbitrariamente; algumas estão sendo acusadas de formação de quadrilha e incitação ao crime; um homem perdeu a visão; uma garota foi violentada sexualmente por policiais; uma mulher morreu asfixiada pelo gás lacrimogêneo. A verdadeira violência que assistimos neste junho veio do Estado – em todas as suas esferas.

A desmilitarização da polícia, defendida até pela ONU, e uma política nacional de regulamentação do armamento menos letal, proibido em diversos países e condenado por organismos internacionais, são urgentes. Ao oferecer a Força Nacional de Segurança para conter as manifestações, o Ministro da Justiça mostrou que o governo federal insiste em tratar os movimentos sociais como assunto de polícia. As notícias sobre o monitoramento de militantes feito pela Polícia Federal e pela ABIN vão na mesma direção: criminalização da luta popular.

Esperamos que essa reunião marque uma mudança de postura do governo federal que se estenda às outras lutas sociais: aos povos indígenas, que, a exemplo dos Kaiowá-Guarani e dos Munduruku, tem sofrido diversos ataques por parte de latifundiários e do poder público; às comunidades atingidas por remoções; aos sem-teto; aos sem-terra e às mães que tiveram os filhos assassinados pela polícia nas periferias. Que a mesma postura se estenda também a todas as cidades que lutam contra o aumento de tarifas e por outro modelo de transporte: São José dos Campos, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, entre muitas outras.

Mais do que sentar à mesa e conversar, o que importa é atender às demandas claras que já estão colocadas pelos movimentos sociais de todo o país. Contra todos os aumentos do transporte público, contra a tarifa, continuaremos nas ruas! Tarifa zero já!

Toda força aos que lutam por uma vida sem catracas!

Movimento Passe Livre São Paulo

24 de junho de 2013

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PL 4330, OS PERIGOS E AMEAÇAS DO PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO

Diga Não a PL 4330

O projeto de lei 4330/2004, do deputado Sandro Mabel (PMDB-MG), que procurava regulamentar a terceirização no Brasil, foi trocado pelo substitutivo de autoria do deputado Roberto Santiago (PSD-SP) e, posteriormente, pelo substitutivo do deputado Arthur Maia. Se aprovado como está, traz prejuízos enormes à classe trabalhadora e na prática se transforma numa reforma trabalhista que escancara a terceirização e a precarização do trabalho no Brasil.

Veja abaixo as ameaças e os perigos do projeto de terceirização dos deputados Sandro Mabel e André Maia:

1) Legislação – Se trata de um projeto de Lei e se for aprovada faz cair por terra o enunciado 331 do TST que coloca limites à terceirização.  No enunciado 331 está, por exemplo, a distinção entre área meio e área fim, o que impede em tese que a terceirização seja estendida a todos os setores das empresas. No substitutivo não existe esta diferenciação, o que na prática permitirá a terceirização de todas as funções. Com a aprovação do projeto, fica ameaçada a existência de todas as categorias formais.

2) Fiscalização – O substitutivo não prevê nenhum poder de fiscalização do Ministério do Trabalho ou de qualquer outro órgão público ou sindical. A fiscalização deverá ser feita pela empresa contratante sobre a empresa contratada e sobre o cumprimento do contrato. O Ministério do Trabalho será notificado pela empresa contratante sobre o descumprimento da legislação trabalhista pela empresa contratada.

3) Representação - A nossa proposta é que os terceirizados sejam representados pelo sindicato preponderante da categoria, mas no substitutivo do Dep. a representação sindical é do sindicato do ramo de atividade da empresa contratada.

4) Serviço público - O substitutivo inclui além da iniciativa privada as sociedades de economia mista, assim como suas fundações públicas e controladas, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. No mesmo projeto também estão incluídos os órgãos de Administração Direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Na prática a lei pode estar acabando com o Concurso Público e permitindo a terceirização em toda a esfera pública.

5) Garantias trabalhistas – A responsabilidade da empresa contratante continua sendo subsidiária, mas o capital social previsto para o cumprimento de obrigações trabalhistas em caso de falência não é o suficiente para a cobertura de qualquer passivo trabalhista e tem que ser integralizado pelos sócios da contratada até 30 dias antes do fim do contrato entre a contratante e a contratada. Por exemplo, uma empresa com mais de 5.000 trabalhadores tem que ter o capital de 1 milhão de reais, o que na prática não garante nada. O fato é agravado ainda mais com a exigência de garantias por parte da empresa contatada de 4% do valor do contrato e sendo limitada a 50% do valor equivalente a um mês de faturamento do contrato em que será prestada a garantia.

6) Sucessão de empresas na terceirização – O substitutivo permite a contratação do mesmo trabalhador por sucessivas empresas para continuar exercendo o mesmo trabalho no mesmo local e, pior ainda, coloca que é da responsabilidade da nova empresa contratada a concessão das férias pendentes da contratada anterior, ou seja, os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas com certeza serão pressionados a abrir mão desse direito para conseguir manter o seu emprego.

7) Isonomia entre trabalhadores primarizados e terceirizados – Não existe nenhuma previsão de qualquer isonomia em qualquer aspecto, entre os terceirizados e os primarizados (contratados diretamente pela empresa contratante). No substitutivo está claro que as condições de trabalho estão explicitas na convenção coletiva dos trabalhadores do ramo de atividade da empresa contratada, exclusivamente.

8) Pessoas físicas e jurídicas – O substitutivo coloca a possibilidade de que contratações de empresas podem ser feitas por pessoas físicas e jurídicas, ou seja, na prática pode estar retornando com força a ideia de que Pessoa Física vira Pessoa Jurídica. Ou seja, a famosa Emenda 3, onde os trabalhadores são obrigados a virar “empresas” para prestar serviços. É admitida, inclusive, a possibilidade de empresas sem trabalhadores.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A exploração do trabalho aumenta

Artigos
A exploração do trabalho aumenta

Vito Giannotti (Brasil de Fato)

É claro que o mundo mudou, que a realidade do trabalho mudou, mas o fundamento do lucro do capital continua a ser a exploração e a opressão dos trabalhadores
Há pessoas politicamente cegas, que pensam que o mundo do trabalho mudou. A exploração não é mais aquela dos séculos 19 ou 20. Por isso, é preciso mudar a política. A classe operária não está mais na miséria como antigamente. Esse é o papo de quem quer justificar o abandono da luta pelo socialismo e de sua adesão ao pensamento neoliberal. Isto é a aceitação do pensamento único, há 30 anos hegemônico. É claro que o mundo mudou, que a realidade do trabalho mudou, mas o fundamento do lucro do capital continua a ser a exploração e a opressão dos trabalhadores. A imposição de condições de vida e trabalho absolutamente desumanas. E o capital hoje, como sempre, prende, tortura e mata quem contesta ou faz morrer de miséria e de exploração sem fim.                 
No mês de agosto o mundo assistiu a dezenas de mortes provocadas pela repressão policial a serviço dos patrões nas minas de ouro da África do Sul. Quem mandou matar? Não foi Deus e nem o Diabo. Foram os donos das grandes corporações que exploram o ouro, diamantes, ferro e mil outras riquezas daquele continente há séculos. Essa é a história da África, o continente mais saqueado pelas potências europeias para acumular suas riquezas. Nas mãos de quem? De um punhado de capitalistas, respeitosamente chamados de empresários.        

No Norte do mesmo continente, no Marrocos, há outra forma de matar trabalhadores, ou melhor, trabalhadoras. As duas maiores empresas pesqueiras da Holanda pescam camarões no Mar do Norte e os levam até o porto de Tanger, no Marrocos, para que sejam descascados. Lá estão instaladas as fábricas de descascamento onde trabalham mulheres, geralmente jovens entre 14 e 18 anos, por 12 horas por dia e em ambiente com baixíssima temperatura. No fim do mês levam para casa 60% do salário mínimo nacional. As adolescentes são tratadas como meras peças de reposição. Devido ao ritmo de trabalho e às péssimas condições, perdem sua capacidade produtiva aos 18, ficam aleijadas depois de quatro anos de trabalho.     
O mundo inteiro veste roupas ou sapatos do maior exportador mundial, a China. O segundo produtor mundial é Bangladesh. Lá a exploração é das mais terríveis. A imensa maioria das trabalhadoras ganha de 25 a 37 dólares mensais. Sim, de 50 a 80 reais. Vivem em favelas monstruosamente grandes, sem nenhuma condição humana de vida. Há constantes greves e manifestações de protesto, sempre reprimidas a tiros pela polícia dos patrões. Eles querem continuar com a mão de obra mais barata do mundo. Esta é a lógica do capital.             

E na Europa? Grécia, Espanha, Irlanda, Portugal, Itália? Lá a moda é falar da crise e com isso aumentar a exploração e retirar direitos trabalhistas. E aqui no Brasil? Sim, há quase pleno emprego, mas várias medidas estão sendo armadas para “flexibilizar” as leis trabalhistas e diminuir os custos da mão de obra. Este é o mundo do capital. O nosso mundo, o do trabalho, precisa ser construído.

Artigo originalmente publicado na edição impressa 498 do Brasil de Fato (públicado online em 21/09/2012)



Frente Revolucionária contra o Facismo e a extrema direita


Dias 26 e 27 de Junho vamos á rua levar nossas bandeiras de luta

Fortalecer o dia 27 em todo o país e em seguida preparar o Dia nacional de Lutas em 11 de julho convocado pelas centrais sindicais

As centrais sindicais brasileiras, CSP-Conlutas, CUT, UGT, Força Sindical, CGTB, CTB, CSB e NCST, juntamente com o MST e o Dieese, realizaram uma reunião nesta terça-feira (25) para discutir o processo de lutas que tomou conta do país. Foi definido que 11 de julho será o Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações, com o tema “Pelas liberdades democráticas e pelos direitos dos trabalhadores”.

A pauta de reivindicações consensual é redução das tarifas e melhoria da qualidade do transporte coletivo, mais investimentos em saúde e educação públicas, contra os leilões das reservas de petróleo e em defesa do patrimônio público, fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias, redução da jornada de trabalho e contra o PL 4330 (que regulamenta a terceirização), reforma agrária.

A luta da juventude pela redução da tarifa deu exemplo ao conquistar a revogação do aumento em diversas cidades brasileiras, principalmente as maiores, Rio e São Paulo.

A CSP-Conlutas já estará nas ruas com greves, paralisações a manifestações de diversas categorias, do movimento popular e dos estudantes nestes dias 26 e 27 de junho. Vamos fortalecer esse nosso dia de luta nacional para que ele sirva de preparação para o dia 11 de julho.

É hora de os trabalhadores irem as ruas unificados e levantarem bandeiras comuns de suas demandas. Além da participação nas mobilizações que estão acontecendo, entrará de forma organizada nesta luta. Precisamos cobrar do governo Dilma atenda demandas que não tem sido ouvidas. Essa mesma cobrança devemos fazer aos governos estaduais e municipais, sejam eles do PT, do PSDB, do PMDB ou outro partido, pois eles os responsáveis pela difícil situação do nosso povo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Como o clima anda tenso, uma piada para relaxar. É de doer a barriga

                  DIÁRIO DE UM CINQUENTÃO NA ACADEMIA

Acabei de completar 50 anos. Minha mulher me presenteou com uma semana de treinamento físico em uma boa academia. Estou em excelente forma física, mas achei boa idéia diminuir minha barriguinha. Fiz reserva com a “personal tainner”. Nádia, instrutora de aeróbica e modelo de 26 anos. Foi me recomendado levar um diário para documentar meu progresso, que vai transcrito a seguir:
Segunda: Com dificuldade levantei-me às 6 da manhã. O esforço valeu a pena. Nádia parecia uma deusa grega, ruiva, olhos azuis, grande sorriso, lábios carnudos e corpo escultural. Inicialmente, Nádia me fez um tour, mostrando os aparelhos. Comecei pela bicicleta. Ela me tomou o pulso, depois de 5 minutos, e se alarmou, pois estava muito acelerado. Não era a bicicleta, mas ela vestida com uma malha de lycra coladinha. Desfrutei do exercício. Ela me motivava muito, apesar da dor na barriga, de tanto encolhê-la, toda vez que ela passava perto de mim.
Terça: Tomei café e fui para a academia. Nádia estava mais linda que nunca. Comecei a levantar uma barra de metal. Aí ela se atreveu a por os pesos !!! Minhas pernas estavam debilitadas, mas consegui correr UM QUILOMETRO inteiro. O sorriso arrebatador que Nádia deu me convenceu de que todo exercício valeu a pena. Era uma nova vida para mim.
Quarta: A única forma de conseguir escovar os dentes foi colocando a escova sobre a pia e movendo a cabeça para os lados. Dirigir também não foi fácil: estender os braços para mudar as marchas era um esforço digno de Hércules, doía o peito e minhas panturrilhas ardiam toda vez que pisava na embreagem. Fisicamente impossibilitado, estacionei meu carro na vaga para deficientes físicos, até porque, saí mancando... Nádia estava com a voz um pouco aguda a essas horas da manhã e quando gritava me incomodava muito. Meu corpo doeu inteiro quando ela me colocou uma cinta para fazer escalada. Para que merda alguém inventa em treco para se escalar quando isso já está obsoleto com os elevadores? Nádia me disse que isso me ajudaria a ficar em forma e desfrutar a vida... ou alguma dessas merdas de promessas.
Quinta: Nádia estava me esperando com seus odiosos dentes de vampiro escroto. Cheguei meia hora atrasado: foi o tempo que demorei para amarrar os sapatos. A desgraçada da Nádia me colocou para trabalhar com pesos. Quando se distraiu, saí correndo e me escondi no banheiro. Mandou outro treinador me buscar e como castigo me pôs a trabalhar na máquina de remar. Me fodi lindamente.
Sexta: Odeio a desgraçada da Nádia. Estúpida, magra, anêmica, chata, feminista, sem cérebro! Se houvesse uma parte do meu corpo que podia se mover sem uma dor angustiante, eu partiria no meio a vaca que pariu essa desgraçada xexelenta. Nádia quis que eu trabalhasse o tríceps... Eu nem sei o que é essa porra desse tríceps cara...!!! E se não bastasse me colocar o peso para que o rompesse, me colocou aquelas merdas das barras... A bicicleta me fez desmaiar e acordei na cama de uma nutricionista, uma idiota com cara de mal comida que me deu uma catequese de alimentação saudável, claro.
Sábado: A lazarenta da Nádia me deixou uma mensagem no celular com uma vozinha de lésbica assumida, perguntando-me por que eu não fui. Só com a vozinha me deu gana de quebrar o celular, porém não tinha certeza se teria força suficiente para levantá-lo, já que para apertar os botões do controle remoto da tevê estava tão difícil...
Domingo: Pedi ao vizinho para ir à missa agradecer a Deus por mim por essa semana que terminou. Também rezei para o ano que vem, a desgraçada e infeliz da minha mulher me presenteie com algo um pouco mais divertido, como um tratamento de canal, um cateterismo ou até um exame de próstata.


Autor desconhecido.

domingo, 23 de junho de 2013

Assista ao vídeo " O dia que durou 21 anos"

Para assistir o o documentário acesse o link:

http://brfilmes.me/Exibir.aspx?id=653&descricao=O-Dia-que-Durou-21-Anos

Tome Consciência


NOTA PÚBLICA DOS ESTUDANTES BRASILEIROS NA FRANÇA

22/06/2013

Os acontecimentos do Brasil começaram com teor bastante claro há 3 semanas, com reivindicações pautadas pelo Movimento do Passe Livre exigindo revogação do aumento das passagens dos transportes coletivos. Multidões tomaram as ruas em torno dessa pauta com uma força sem precedentes nos últimos 20 anos. Nesse contexto, houve uma criminalização do movimento por parte da grande imprensa que legitimou a ação desproporcional da polícia. Naquele momento, nós organizadores, enquanto estudantes brasileiros residentes em Paris, resolvemos convocar um ato, previsto para sábado dia 22, em solidariedade para com aquele movimento, para com suas reivindicações e contra a violência da polícia.

Na última semana, a natureza dos acontecimentos, entretanto, mudou. Tomando embalo na força popular mobilizada então, a grande imprensa e a direita brasileira passaram a apoiar as manifestações, visando diluir seu conteúdo e assim impor a elas sua pauta conservadora. Desde então, passamos a ver o aumento de discursos reacionários e a proliferação de posturas fascistas tomando as ruas das cidades. Nessa mesma esteira, um anti-partidarismo difuso e raivoso passou a incitar a violência levando alguns grupos autoritários a se sentirem confortáveis em agredir membros de organizações da esquerda que sempre construíram as grandes manifestações no Brasil.

Sabemos que grande parte das pessoas nas ruas não compactuam com esse comportamento, mas, lamentavelmente, houve consentimento desinformado por certa parte delas. Tal situação coloca em risco o direito à livre manifestação e livre organização política conquistados com luta histórica encabeçada pela esquerda que quinta-feira, dia 20, foi espancada nas ruas.

Certa mídia se aproveita desses acontecimentos, pintando-os como uma batalha pela desestabilização do governo. É sem dúvida essa a posição da direita. Nós também, mas por motivos completamente diversos, temos críticas a fazer às esferas federal, estaduais e municipais do governo, inclusive no que toca o modo pelo qual conduziram a negociação com o Passe Livre. Nós nos indignamos com a maneira tecnocrata de lidar com as reivindicações populares, e lamentamos o governo federal ter abandonado o diálogo com os movimento de base dos quais seu partido nasceu. Porém temos clareza que em momento nenhum pretendeu-se – nós não pretendemos – fazer dos protestos uma marcha pela deposição de governantes democraticamente eleitos, por mais críticos que sejamos a eles.

É preciso comemorar, sem dúvida, a conquista que o Passe Livre obteve nas ruas, assim como o fato de que as mobilizações tenham feito valer sua vontade perante as esferas representativas do poder. As manifestações conseguiram colocar em debate o que significa um estado efetivamente democrático, assim como sensibilizar parte da população de que é a participação política direta que traz conquistas.


O que acontece hoje em nosso país é algo muito importante cujo sentido, porém, permanece indeterminado. A organização deste ato não compactua com o rumo que a grande imprensa e a direita têm tentado impor às mobilizações nas ruas em curso no país. Seguiremos mobilizados pela transformação social no Brasil e em defesa das pautas históricas dos movimentos sociais.

A Magia da dupla Zezé Chagas e Simões: Fábrica de Mágicas



                                                         Recomendo pela beleza da composição

Música e letra maravilhosas,para quem ainda não conhece esta dupla, vale a pena dar uma olhada no vídeo.
                                         

Agora é: Ronaldo Zeni F8770640

Agora é: Ronaldo Zeni para o CAREF

Nas mídias sociais, principalmente em grupos que envolvem bancários , o teor dos post já dá uma perfeita noção do que está em jogo e quais forças disputam os votos dos bancários do BB nesta eleição do CAREF .
A esmagadora maioria dos sindicatos do país, filiados a CUT jogam todo o seu peso na candidatura do mauricinho Rafael Matos. É ele o candidato do sistema, do sindicalismo governista e de conciliação de classes (eu diria talvez que nem é de conciliação é de humilhação de uma classe). 
Por isso apoiamos a candidatura do Ronaldo Zeni, porque é uma candidatura da base, note nos materiais os apoios que cada candidato recebe. A candidatura do Zeni é apoiado por delegados sindicais, militantes da base e outros bancários.
É nisso que os candidatos diferenciam-se, enquanto um é o candidato da burocracia sindical o outro representa o resgate do sindicalismo classista.É por isso que apoiamos Ronaldo Zeni para o CAREF.

                           
Assinam: Nelson Gonçalves da Silva, Carlos félix, Luiz Pizetta,
                                                Delegados sindicais 
do CENOP Curitiba

                                    Apoios: Alessandro Greco Garcia (Vovô) e André Castelo Branco





As incoerências da mentalidade pequeno burguesa


A Esquerda se une para definir suas atuações nas manifestações

Esquerda se une em São Paulo para decidir como atuar em manifestações pelo país

Nesta sexta (21/06), 76 organizações de esquerda, representando movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos se reuniram no sindicato dos químicos em São Paulo para avaliar o cenário de mobilizações no Brasil

22/06/2013

José Coutinho Júnior
de São Paulo (SP)

Nesta sexta (21/06), 76 organizações de esquerda , representando movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos se reuniram no sindicato dos químicos em São Paulo para avaliar o cenário de mobilizações no Brasil e como criar uma unidade entre si para atuar nestas manifestações.
A avaliação feita pelas organizações é de que as manifestações, que iniciaram em torno da redução da tarifa do transporte público na cidade, tem um caráter progressista, pois buscam a ampliação de diversos direitos sociais para a juventude e para a classe trabalhadora, indignadas com a situação em que vivem há anos.
No entanto, a direita organizada tenta dar os rumos do movimento, enfatizando o nacionalismo e explorando o senso comum de que as organizações políticas são a causa dos problemas do país, afirmando que as manifestações são de um povo que, unido não precisa de partidos ou organizações.
Dessa forma, a direita inicia um processo de incitação ao ódio às organizações trabalhadoras, responsáveis por construir lutas e mobilizações, para que estas sejam impedidas de participar ativamente das mobilizações com suas pautas progressistas, tentando assim acabar com o caráter de classe e de luta por direitos concretos das mobilizações.
A violência, tanto verbal quanto física, esta causada por grupos de skinheads e neonazistas, que movimentos sociais, partidos e sindicatos sofreram no ato da última quinta (20/06) em São Paulo, revela bem a capacidade dessa direita em utilizar o sentimento de indignação contra a política para expulsar a classe trabalhadora organizada dos atos.
Frente a isto, as organizações presentes avaliaram que é o momento de se unir, construindo uma plataforma política unitária e se organizar para levar as pautas da classe trabalhadora para as mobilizações, como a democratização dos meios de comunicação, a redução da jornada de trabalho, a suspensão dos leilões do pré-sal, a reforma política e a prioridade de investimento dos recursos públicos em saúde e educação, politizando desta forma as ruas e a população que se manifesta.
A violência deve ser combatida, mas é preciso ter em mente que ela é causada principalmente por grupos da extrema direita, e não pela maioria presente nos atos, que acaba sendo manipulada por estes grupos. As organizações avaliam que devem estar presentes nas ruas para disputar a consciência destas pessoas, além de realizar uma jornada nacional de lutas conjuntas para reivindicar suas pautas e mostrar sua força.
Estavam presentes organizações como a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Via Campesina, União Nacional dos Estudantes (UNE), Intersindical, Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Partido Socialismo e Liberdade (PSOl), Partido dos Trabalhadores (PT), dentre outros. Reuniões como esta estão sendo feitas em outros estados, como Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais.

Vídeo que mostra de forma didática e divertida os protestos de ruas que acontecem no País

                     https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=UiVDtWb7K48

O que parecia ser a "Primavera Brasileira" aos poucos com a influência direta da grande mídia pode se transformar no "Tenebroso Inverno da Ditadura". A participação de grupos de esquerda tem sido hostilizado nas manifestações por conta da manipulação da imprensa. Mas como diz a frase: Você que acordou agora não tente cercear o direito de quem nunca dormiu. As pautas necessárias para o país são as pautas da esquerda, como a não aprovação da PL 4330 o projeto das terceirizações. 
Os velhos donos do poder estão vendo nestas manifestações a possibilidade do ressurgimento das bandeiras da direita e do neoliberalismo, por isso é importante que a esquerda vá ás ruas junto com a população.


sábado, 22 de junho de 2013

Aos amigos ativistas de esquerda que estão confusos neste momento:


Em todas as grandes mobilizações mundiais que eu tenho notícia a ultradireita esteve presente. Na França, Le Pein e cia, além dos votos em urna, tiverem representantes nas ruas para fazer valer sua opinião. Na Grécia, a ultradireita neonazista compareu aos atos em grandes blocos. Tiveram muitos votos na urna também. Na Espanha, Portugal e Itália tbm. 

O Brasil vive uma crise. O povo está puto e insatisfeito e não há saídas organizadas e unânimes para ela. A ultradireita está disputando nas ruas sua política, que passa por afastar o "mal do comunismo" da massa. Eles são espertos, se escondem atrás de um sentimento generalizado de insatisfação contra os partidos. Este setor é um câncer para as manifestações e precisa ser denunciado e combatido. Estou certa que eles são uma minoria. Militarmente organizados, e por isso parecem fortes, mas uma minoria. 

Mas dois graves erros se reproduzem neste momento. 

O primeiro é achar que os milhões que saíram às ruas estão organizados com esta ultradireita. É uma grande miopia. O povo rechaça os partidos porque não confia nos métodos tradicionais de se fazer política. Não confia nos velhos partidos brasileiros que sempre governaram para poucos. Desiludiram-se com a esquerda quando o PT traiu a confiança da massa. Em quem eles vão confiar agora? Eles não confiam em ninguém, porque as grandes referências partidárias no país os traíram. Infelizmente, a maioria da massa não pôde fazer a experiência com os demais partidos de esquerda. Convenhamos, a esquerda consequente no país ainda é nanica. Vocês se esqueceram disso? Na confusão e na falta de informação o povo rechaça o partido como forma, porque não sabe diferenciar ainda em conteúdo as distintas formas de partido. Aqueles que bradam para baixar as bandeiras fazem porque não s identificam com partido nenhum. O único sentido de pertencimento é ao Brasil como pátria. Mas este fato não quer dizer que esta massa defende o golpe militar no país, um partido único, o Collor, o AI2, ou sei lá o que. 

Essas pessoas são os seus primos que nunca foram em ato nenhum, a sua mãe, a sua tia, o seu amigo que achava uma bobagem toda a sua atividade política. Os colegas da escola. Mas quais oportunidades estas pessoas puderam debater com a esquerda? Quantas vezes essas pessoas se reuniram conosco? Nenhuma. Nunca. 

Daí vem o segundo erro. Essa gente confusa, cheia de dúvidas decide sair às ruas. E parte da esquerda que nunca esteve acostumada a debater com tanta opinião distinta se assusta e começa a defender o fim das manifestações. Ou ainda, começa a propor que a esquerda não saia mais às ruas. Vocês ficaram loucos? 

Vocês acham que estas pessoas vieram da onde? Um contingente de milhões de aliens que a direita trouxe de Marte para dar o Golpe no país? Essas pessoas são o cobrador do ônibus, ou o filho dele. O taxista, ou os netos dele. A atendente do Mc Donalds, ou os primos dela. A telefonista do telemarketing, ou os amigos dela. O nerd da sala, que nunca nem abria a boca pra falar de política, ou os amigos errepegistas dele. Essa multidão é gente nem de esquerda e nem direita que saiu às ruas para protestar. E agora que eles saíram vocês pedem pra voltar? Acusam de golpistas de direita? Vocês só podem estar loucos. Ou mal acostumados. Nas ruas a esquerda convicta é minoria mesmo. Mas não era assim antes? Nas ruas tem a direita, a esquerda, os confusos, os nem isso nem aquilo, os ambas as coisas. Mas não era assim antes? Mas agora essa gente toda está na rua. E você, com seu preconceito de classe média ilustrada, os acusa de bando de ignorantes, mal-educados e direitosos. 

Como eles não são e não pensam como você, você desiste e volta a se contentar com seu Facebook. Jesus apague a luz, os coxinhas não estão nas ruas segurando a bandeira do Brasil e com a cara pintada de verde e amarelo. Eles estão vestindo camisetas vermelhas com a cara do Che Guevera. Que mundo estranho, isso sim está me deixando confusa. Mas eu prefiro seguir nas ruas, é lá que as dúvidas serão tiradas a limpo.