sexta-feira, 16 de maio de 2014

Campanha salarial 2014/2015 dos bancários : Um Novo Rumo para o movimento sindical

MANIFESTO

Por um NOVO RUMO para o Movimento Sindical


Desde 2003, os bancários fazem greve todo ano. Mas, infelizmente, todas as últimas campanhas salariais têm terminado com acordos rebaixados e com as assembleias cheias de gestores do BB e da CEF, que com a direção da maioria dos sindicatos e orientação do comando nacional votam pelo fim da greve. Tal fato tem gerado descontentamento da categoria que cada vez menos acredita nas nossas pautas de reivindicação, visto que nossas negociações se resumem ao índice e PLR.

É impossível defender que ter 1% ou 1,5% de aumento real, mais a promessa de mesas de negociação permanente, seja suficiente para que a categoria retorne ao trabalho crente de que foi vitoriosa. Enquanto isso, bandeiras importantes como isonomia, reposição de perdas ou piso do DIEESE ficam pelo caminho. O campo majoritário do movimento sindical tem se mostrado cada vez mais preocupado em defender os interesses do governo do que em lutar pelos direitos dos trabalhadores.

A Contraf CUT alardeia que tivemos um aumento real de 18,5% desde 2004, mas esquece de dizer a categoria que neste mesmo período o lucro dos 6 maiores bancos do país são superiores a 200%. Em 2004 o lucro somado destas instituições foi de  13 Bilhões, 10 anos depois o lucro individual do BB foi de 15,7 bilhões ou seja lucrou mais do que as 6 instituições juntas. Já o lucro total destes bancos em 2013 foi de 56,5 bilhões,  quase cinco vezes maior do alcançado em 2004. Diante disso o que temos a comemorar ? Na prática,  apenas o lucro médio de um ano destes bancos cobre um década de nosso pretenso “lucro real”.

Os bancos públicos operam com uma forte crise de identidade, já que para evitar os efeitos da crise internacional, por um lado, são usados como principais instrumentos da concorrência interbancária, por outro, sob o pretexto de manterem as margens de lucro e sobreviverem no mercado, adotam estratégias de gestão nos mesmos moldes dos bancos privados. 

Apesar dos  altos lucros apresentados pelo Banco do Brasil,o funcionalismo sofre o seu maior ataque desde os PDVs de FHC. Com a implantação unilateral do plano de funções, que reduziu salários e  só serve para reduzir o passivo do banco, a  reestruturação da área meio , que significou a extinção de vários departamentos. A terceirização via COBRA agora BB Tecnologia e Serviços, retorno de práticas anti sindicais dignas dos anos de chumbo de FHC. Perseguições políticas  a colegas que nada mais fazem do que defender seus direitos, como no caso de colegas que ganharam suas ações de 7ª e 8ª horas e foram retaliados via descomissionamentos e  até mesmo com demissões.

Depois de dez anos do PT no governo federal, as principais reivindicações dos bancários do BB, CEF, continuam sem ser atendidas, nada da isonomia, reposição de perdas ou da implementação do piso do DIEESE como salário inicial. E, ao invés de ampliarmos direitos, os perdemos à medida em que passa o tempo.

Os bancos privados continuam demitindo em massa, apesar dos lucros bilionários. O Itaú, que teve a maior lucratividade entre os bancos privados, tem demitido centenas de trabalhadores. Contra esta situação, temos que cobrar providências não somente dos banqueiros, mas também do governo federal, exigindo que Dilma ratifique imediatamente a convenção 158 da OIT, que proíbe demissões  imotivadas.

O lucro tem sido alcançado pelos bancos através do aumento da exploração dos bancários e pela extorsão da maioria da população, que é obrigada a pagar tarifas e juros abusivos. O assédio moral foi institucionalizado e a categoria vive uma verdadeira epidemia de doenças mentais. Temos que atacar as causas desse processo, nos posicionando contra qualquer tipo de metas.
 A PLR se tornou um instrumento para remunerar os altos executivos dos bancos e de pressão para os bancários cumprirem as metas cada vez mais abusivas impostas pelos bancos. Por isso é fundamental modificar a forma de calculo da PLR, fazendo com que ela seja dividida igualitariamente, independente do cargo e salário do bancário.

Para reverter esta situação da categoria bancária, o movimento sindical precisa de um Novo Rumo!

Um Novo Rumo que seja marcado pela independência e autonomia do movimento em relação a partidos, patrões e governos. Que apresente uma pauta de reivindicações que mostre ao conjunto dos bancários que realmente vale a pena lutar. Que não aceite acordos rebaixados, com itens que prejudicam todos os grevistas, como a questão da reposição das horas de greve. Este novo rumo do movimento sindical terá que ter como uma  das principais bandeiras a democracia e sua vinculação com a base do movimento.

Nesse sentido é necessário ter um comando nacional da categoria que tenha uma composição democrática, no qual estejam presentes as diferentes posições do movimento sindical. São estes os princípios que unificam diversos grupos que têm atuação no movimento sindical bancário por todo o país, mas também colegas independentes, que sentem a necessidade urgente da construção de algo novo. Fazemos um chamado para ampliar ainda mais esta unidade. A todos aqueles que estão dispostos a lutar ao lado dos bancários e reverter o curso atualmente imposto pela maioria da direção da CONTRAF/CUT, chamamos a fazer parte da construção deste movimento por um Novo Rumo. Para os que consideravam impossível construir esse novo rumo para o movimento bancário e conquistar essa pauta, basta olhar para a luta que tomou as ruas do país em 2013, a greve dos garis do RJ que nos mostrou que é possível ousar e na luta conquistar.

Este é o exemplo que devemos seguir. Apoiamos e participamos desta luta, que deve continuar e se aprofundar para conquistar as reivindicações mais sentidas pela juventude e pela classe trabalhadora. Esta luta prova que, nas ruas, com independência do governo, é possível mudar a realidade! 

Venha fazer parte da construção deste movimento por um Novo Rumo.

·         Por um movimento sindical independente de governos e patrões!

·         Que Dilma ratifique    imediatamente convenção 158 da OIT!

·         Fim de todas as metas!

·         PLR justa, com distribuição linear de 25% do lucro líquidos dos bancos!

·         Isonomia de salários e direitos em todos os bancos!

·         Reposição de perdas salariais desde o Plano Real!

·         Fim das terceirizações e dos correspondentes bancários!

·         Jornada de seis horas para todos sem redução de salário!

·         Piso do DIESE!

·   Contra acordos coletivos que prevejam compensação ou pagamento dos dias parados!

·         Unificação da campanha salarial com outras categorias como correios e petroleiros!

·  Comando nacional composto democraticamente, com representação de todas as diferentes posições existentes no movimento sindical bancário!

domingo, 11 de maio de 2014

PL 6259/2005 – Isonomia Salarial – BB, CEF, Banco do Nordeste e da Amazônia

Publicado por Blog dos Bancários em 09/05/2014

É impressionante o descaso das nossas entidades representativas em relação ao Projeto de Lei da Isonomia, isso porque não é vontade do Governo que o Projeto trâmite para a CCJ, não é interesse do Governo que os trabalhadores tenham o seu direito usurpado devolvido.

Então colega, pense bem: Você acha que um Sindicato, Previ, Associação que tenha como dirigentes pessoas ligadas ao Partido do Governo e aliados vai realmente defender os seus interesses quando eles conflitarem? Você acha que temos tido aumento real de fato? Repense, pondere e tire as suas conclusões.


PL 6259/2005

Situação: Aguardando Parecer do Relator na Comissão de Finanças e Tributação (CFT)

Identificação da Proposição

Autor:Inácio Arruda – PCdoB/CE , Daniel Almeida – PCdoB/BA

Apresentação: 24/11/2005

Ementa

Dispõe sobre a isonomia salarial, benefícios e vantagens dos empregados do Banco do Brasil S/A, da Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste S/A e Banco da Amazônia S/A, ingressos a partir da Resolução nº 9, de 30 de maio de 1995, e nº 10, de 08 de outubro de 1996, do Conselho de Coordenação e Controle das Estatais – CCE /DEST.

Explicação da Ementa

Estendendo aos novos empregados das instituições financeiras públicas federais os mesmos direitos dos empregados antigos, constantes nos planos de cargos e salários.

Forma de Apreciação

Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário

Regime de Tramitação

Ordinária

Despacho atual:

Data Despacho

19/12/2005 Às Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD)

Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões – Art. 24 II

Regime de Tramitação: Ordinária

Pareceres Aprovados ou Pendentes de Aprovação

Comissão Parecer

Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público ( CTASP ) 24/06/2010 – Parecer do Relator, Dep. Eudes Xavier (PT-CE), pela aprovação deste, com substitutivo, e pela rejeição do PL nº 7.403/10, apensado. Inteiro teor

07/07/2010 12:30 Reunião Deliberativa Ordinária

Aprovado por Unanimidade o Parecer, apresentou voto em separado o Deputado Pedro Henry.

Comissão de Finanças e Tributação ( CFT ) 07/11/2013 – Parecer do Relator, Dep. Devanir Ribeiro, pela incompatibilidade e inadequação financeira e orçamentária do PL nº 6.259/05, do PL nº 7.403/10, apensado e do Substitutivo da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público.

Todos andamentos, acesse em:

http://blogdosbancarios.wordpress.com/2014/05/09/pl-62592005-isonomia-salarial/


quarta-feira, 7 de maio de 2014

UM NOVO RUMO PARA NOSSA CAMPANHA SALARIAL

PARTICIPE DO ENCONTRO ESTADUAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BB

Dias 17 e 18 de Maio de 2014
Local: Lar Rogate, Rua Alferes Marcílio Machado, 181, Bairro Tingui, Curitiba, PR

A construção de uma Campanha Salarial diferente só se realizará com a sua presença. Neste Encontro Estadual dos Funcionários do BB,  serão eleitos os delegados para o Congresso Nacional dos Funcionários do banco que ocorrerá em junho. No Congresso será votada a nossa pauta de reivindicações específica para a campanha salarial e também serão feitos outros debates importantes como quem nos representará na mesa de negociação com o BB.
 Por isso, é fundamental a eleição de delegados comprometidos com os reais interesses e necessidades do funcionalismo. Sabemos que depois que se inicia a campanha salarial, com as assembleias gerais, é muito mais difícil alterarmos a pauta de reivindicações e conseguirmos discutir os nossos temas específicos.



 Não podemos perder esta oportunidade! Precisamos debater os problemas que estão afetando a nossa vida, dentro dos locais de trabalho, cada vez mais massacrantes, como as ameaças e o assédio, as reestruturações, os desvios de função.

Discordamos da condução e do balanço das últimas campanhas salariais.

 A nova conjuntura que vive o país e o exemplo da greve dos garis apresentam à classe trabalhadora novas perspectivas para a luta. Além da Copa, estamos em um ano eleitoral e sabemos que este é um elemento que interfere, em vários aspectos, nossa campanha salarial.
Entendemos que a culpa pelas mazelas que vivemos no BB não é apenas da direção do banco, mas sobretudo do governo que determina o papel do banco dentro de sua política econômica e a quem está submetida aquela direção.
Além dos debates específicos de nossa categoria, outros temas serão polêmicos nos fóruns de preparação da campanha salarial. Neste momento, por exemplo, está em elaboração um projeto de lei, com a participação de setores da CUT, que pretende permitir a redução salarial dos trabalhadores como política para evitar as demissões. Caso este projeto seja aprovado, se constituirá em um ataque gravíssimo aos nossos direitos, hoje garantidos pela CLT.

Participe do Encontro Estadual dos Funcionários do BB e vote em propostas e
          delegados independentes do governo e da direção do Banco.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

#nãosomosbananas

Por: Henrique Braga
http://www.brasilpost.com.br/
 
É praticamente impossível ser contra a reação de Daniel Alves. Diante do de sempre, ele respondeu com o inusitado. Atirar bananas e imitar macacos são ofensas racistas nada surpreendentes nos estádios de futebol, por mais que devam causar espanto. Acontecem com certa frequência na Europa e nem são privilégio do Velho Mundo, como bem o sabem os jogadores Tinga e Grafite. Superando a mesmice, o deboche espirituoso de Dani Alves, ao devorar o alimento, construiu um momento único, original, desses que já nascem com lugar garantido na eternidade.

Se a altivez debochada de Alves encanta, é difícil ver com o mesmo otimismo a reação de celebridades como Luciano Huck e Angélica, macaqueando (com o perdão do termo) o atacante Neymar Jr. Não apenas por revelar a fome de lucro da indústria cultural, capaz de transformar as manifestações mais espontâneas do indivíduo em mercadorias rentáveis, mas sobretudo pela suposta mensagem antirracismo propagada por tais personalidades.

O pensador Theodor Adorno, lá nos anos 60, advertia seus leitores de como as estrelas vazias são fundamentais para que a Indústria Cultural (termo cunhado por ele e por Horkheimer) consiga manipular seus consumidores. Neymar, Angélica e Huck, para citar três casos, são belos exemplos: nenhum dos três jamais debateu o racismo; nos programas de auditório de Angélica e Huck, jamais houve qualquer preocupação em destacar figuras negras; o próprio Neymar, em entrevista a um importante jornal paulista, declarou nunca ter sofrido racismo justamente por não ser "preto" - um caso de, como tenho dito entre amigos, "não negro por opção".

Normalmente alheias ao tema, várias celebridades veem na projeção do gesto de Dani Alves uma chance perfeita de, sem entrar em qualquer debate complexo e arriscado, "apoiar uma causa" simpática, colocar-se em evidência e, por fim, seguir sendo personalidades vazias, sem polêmica, sem questionamento, prontas para promover a publicidade de um banco, de uma empresa de telefonia celular ou de qualquer outro produto que as contrate. Não por acaso, ao que tudo indica, a "campanha" que nos chama a todos de "macacos" parece ter sido orquestrada por uma importante agência de publicidade.
Além da pouca sinceridade, que para espíritos românticos já seria motivo suficiente para repudiar Neymar e todo o bando, ainda há problema mais grave: a possibilidade de que o "comer a banana" seja visto com um "deixa pra lá". No caso de Dani Alves, falamos de um atleta sob pressão: o Barcelona não vem numa campanha das melhores, seu time estava perdendo a partida e, como de costume, as câmeras do mundo estavam voltadas para ele. Ser agredido em público, nessas condições, torna difícil qualquer reação à altura e ele, com presença de espírito invejável e apurada técnica, "tirou de letra". Contudo, caso a atitude dele se torne "o" exemplo a ser seguido, corre-se o risco de que sejam repudiadas medidas mais duras contra o racismo, necessárias, por exemplo, quando se considera que as vítimas da violência policial são Amarildos, Cláudias, DGs, não os Hucks de olhos claros.

O discurso de que "o racismo está na vítima" e basta "saber ignorar" aplaude Dani Alves de pé, ao mesmo tempo em que não reconhece a defesa das cotas no ensino superior, ignora a desigualdade racial e tergiversa sobre a "democracia racial" em que vivemos.


Em resumo, se por um lado Daniel Alves deu, nas condições a que estava submetido, provavelmente a mais elegante e contundente resposta que torcedores racistas já receberam, por outro é preciso cautela. A sede de transformar tudo em business e a hipocrisia dos que creem em uma suposta igualdade racial (que, se é total no aparato biológico, é nenhuma na vida social) querem transformar o gesto libertador do atleta em mais uma arma de opressão. Mas não deixaremos. Não somos bananas.