MANIFESTO
Por
um NOVO RUMO para o Movimento Sindical
Desde
2003, os bancários fazem greve todo ano. Mas, infelizmente, todas as últimas
campanhas salariais têm terminado com acordos rebaixados e com as assembleias
cheias de gestores do BB e da CEF, que com a direção da maioria dos sindicatos
e orientação do comando nacional votam pelo fim da greve. Tal fato tem gerado
descontentamento da categoria que cada vez menos acredita nas nossas pautas de
reivindicação, visto que nossas negociações se resumem ao índice e PLR.
É
impossível defender que ter 1% ou 1,5% de aumento real, mais a promessa de
mesas de negociação permanente, seja suficiente para que a categoria retorne ao
trabalho crente de que foi vitoriosa. Enquanto isso, bandeiras importantes como
isonomia, reposição de perdas ou piso do DIEESE ficam pelo caminho. O campo
majoritário do movimento sindical tem se mostrado cada vez mais preocupado em
defender os interesses do governo do que em lutar pelos direitos dos
trabalhadores.
A
Contraf CUT alardeia que tivemos um aumento real de 18,5% desde 2004, mas
esquece de dizer a categoria que neste mesmo período o lucro dos 6 maiores
bancos do país são superiores a 200%. Em 2004 o lucro somado destas
instituições foi de 13 Bilhões, 10 anos
depois o lucro individual do BB foi de 15,7 bilhões ou seja lucrou mais do que
as 6 instituições juntas. Já o lucro total destes bancos em 2013 foi de 56,5
bilhões, quase cinco vezes maior do
alcançado em 2004. Diante disso o que temos a comemorar ? Na prática, apenas o lucro médio de um ano destes bancos
cobre um década de nosso pretenso “lucro real”.
Os
bancos públicos operam com uma forte crise de identidade, já que para evitar os
efeitos da crise internacional, por um lado, são usados como principais
instrumentos da concorrência interbancária, por outro, sob o pretexto de
manterem as margens de lucro e sobreviverem no mercado, adotam estratégias de
gestão nos mesmos moldes dos bancos privados.
Apesar dos altos lucros apresentados pelo Banco do
Brasil,o funcionalismo sofre o seu maior ataque desde os PDVs de FHC. Com a implantação
unilateral do plano de funções, que reduziu salários e só serve para reduzir o passivo do banco, a reestruturação da área meio , que significou a
extinção de vários departamentos. A terceirização
via COBRA agora BB Tecnologia e Serviços, retorno de práticas anti sindicais dignas
dos anos de chumbo de FHC. Perseguições políticas a colegas que nada mais fazem do que defender
seus direitos, como no caso de colegas que ganharam suas ações de 7ª e 8ª horas
e foram retaliados via descomissionamentos e
até mesmo com demissões.
Depois
de dez anos do PT no governo federal, as principais reivindicações dos
bancários do BB, CEF, continuam sem ser atendidas, nada da isonomia, reposição
de perdas ou da implementação do piso do DIEESE como salário inicial. E, ao
invés de ampliarmos direitos, os perdemos à medida em que passa o tempo.
Os
bancos privados continuam demitindo em massa, apesar dos lucros bilionários. O
Itaú, que teve a maior lucratividade entre os bancos privados, tem demitido
centenas de trabalhadores. Contra esta situação, temos que cobrar providências
não somente dos banqueiros, mas também do governo federal, exigindo que Dilma
ratifique imediatamente a convenção 158 da OIT, que proíbe demissões imotivadas.
O
lucro tem sido alcançado pelos bancos através do aumento da exploração dos
bancários e pela extorsão da maioria da população, que é obrigada a pagar
tarifas e juros abusivos. O assédio moral foi institucionalizado e a categoria
vive uma verdadeira epidemia de doenças mentais. Temos que atacar as causas
desse processo, nos posicionando contra qualquer tipo de metas.
A PLR se tornou um instrumento para remunerar
os altos executivos dos bancos e de pressão para os bancários cumprirem as
metas cada vez mais abusivas impostas pelos bancos. Por isso é fundamental
modificar a forma de calculo da PLR, fazendo com que ela seja dividida
igualitariamente, independente do cargo e salário do bancário.
Para reverter esta situação
da categoria bancária, o movimento sindical precisa de um Novo Rumo!
Um
Novo Rumo que seja marcado pela independência e autonomia do movimento em
relação a partidos, patrões e governos. Que apresente uma pauta de
reivindicações que mostre ao conjunto dos bancários que realmente vale a pena
lutar. Que não aceite acordos rebaixados, com itens que prejudicam todos os
grevistas, como a questão da reposição das horas de greve. Este novo rumo do
movimento sindical terá que ter como uma das principais bandeiras a democracia e sua
vinculação com a base do movimento.
Nesse
sentido é necessário ter um comando nacional da categoria que tenha uma
composição democrática, no qual estejam presentes as diferentes posições do
movimento sindical. São estes os princípios que unificam diversos grupos que
têm atuação no movimento sindical bancário por todo o país, mas também colegas
independentes, que sentem a necessidade urgente da construção de algo novo.
Fazemos um chamado para ampliar ainda mais esta unidade. A todos aqueles que
estão dispostos a lutar ao lado dos bancários e reverter o curso atualmente
imposto pela maioria da direção da CONTRAF/CUT, chamamos a fazer parte da
construção deste movimento por um Novo Rumo. Para os que consideravam
impossível construir esse novo rumo para o movimento bancário e conquistar essa
pauta, basta olhar para a luta que tomou as ruas do país em 2013, a greve dos
garis do RJ que nos mostrou que é possível ousar e na luta conquistar.
Este
é o exemplo que devemos seguir. Apoiamos e participamos desta luta, que deve
continuar e se aprofundar para conquistar as reivindicações mais sentidas pela
juventude e pela classe trabalhadora. Esta luta prova que, nas ruas, com
independência do governo, é possível mudar a realidade!
Venha fazer parte da
construção deste movimento por um Novo Rumo.
· Por
um movimento sindical independente de governos e patrões!
·
Que
Dilma ratifique imediatamente
convenção 158 da OIT!
·
Fim
de todas as metas!
·
PLR
justa, com distribuição linear de 25% do lucro líquidos dos bancos!
·
Isonomia
de salários e direitos em todos os bancos!
·
Reposição
de perdas salariais desde o Plano Real!
·
Fim
das terceirizações e dos correspondentes bancários!
·
Jornada
de seis horas para todos sem redução de salário!
·
Piso
do DIESE!
· Contra
acordos coletivos que prevejam compensação ou pagamento dos dias parados!
·
Unificação
da campanha salarial com outras categorias como correios e petroleiros!
· Comando
nacional composto democraticamente, com representação de todas as diferentes
posições existentes no movimento sindical bancário!