sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Decisão judicial reconhece o direito de Juliana Donato de concorrer ao CAREF.

A vitória é do conjunto dos funcionários

Decisão judicial que obrigou  o BB a reconhecer a candidatura de Juliana Donato ao CAREF deixa claro que o banco não pode continuar atuando fora da lei e com práticas claramente antisindicais. Depois das perseguições do banco que utilizou medidas disciplinares como inquérito administrativo para intimidar e cercear a atuação da colega como delegada sindical e da tentativa de impedir sua candidatura ao CAREF a decisão que garante sua candidatura é uma vitória do conjunto dos funcionários.

O BB foi obrigado, depois desta decisão judicial a colocar na lista definitiva de candidatos o nome da Juliana Donato e também publicar a sua apresentação no site do CAREF.

Esta foi uma vitória do conjunto dos bancários contra o autoritarismo do BB.

Por isso convidamos o conjunto dos colegas a se somarem na sua candidatura. Pedimos que conversem com seus colegas no seu local de trabalho, compartilhem o material da Juliana, enviem e-mails, compartilhem a decisão judicial , liguem para seus  amigos.... 

Nós não temos estrutura para chegar ao conjunto de agencias do país como a CONTRAF/CUT possui. Por isso contamos com seu  apoio.  esta campanha é dos bancários.

                                
                                 Agora mais forte, de 02 a 06 de fevereiro
                
                  VOTE JULIANA DONATO  F6001870



                                         Abaixo a decisão judicial que garante a candidatura da Juliana.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Campanha pela libertação do Gentil: não deixaremos nossos companheiros pelo caminho!

Aos amigos e companheiros que conhecem a história do Gentil, este bravo lutador do campesinato e pela reforma agrária popular e camponesa, no próximo dia 01 de fevereiro será realizado mais um "café para o Gentil" que é parte da mobilização para arrecadar fundos, de apoio a família e para libertação deste guerreiro. GENTIL LIVRE!

Camaradas, o júri do Gentil dia 24/2/2015.
O custo será de 22 mil reais, e há uma campanha para arrecadação.
Pra quem não conhece, o Gentil foi um importante camarada de luta com quem militamos durante o movimento estudantil Rompendo Amarras e que depois tornou-se coordenador do MST na região de Francisco Beltrão, no interior do Paraná.

Foi baleado durante o confronto da fazenda Syngenta em Santa Tereza do Oeste (PR) em 2007 (no qual o companheiro "Keno" foi assassinado e vários gravemente feridos, como a companheira Isabel, que levou um tiro no olho).

Em novembro de 2007 Gentil, juntamente com outros quatro agricultores, foram presos acusados pela morte de dois criminosos que atuavam na região de Francisco Beltrão (os criminosos eram suspeitos de atuar como pistoleiros a mando do latifúndio). A acusação é falsa, mas a justiça do Paraná, como de praxe, ouve mais ao latifúndio que aos camponeses pobres.

Contribua com a campanha. Nós não deixamos os nossos companheiros pelo caminho!

Caixa econômica:                                               Itaú:
Maria Angélica Couto Vieira                               Maria Angélica Couto Vieira
agencia : 0375                                                    agencia : 0273
conta poupança : 21426 _6                                conta corrente : 49526-7














1% mais rico passará a ter mais que o restante da população em 2016

Segundo a ONG Oxfam, em 2014 o 1º mais rico já concentrava 48% da riqueza mundial. Em 2009 essa fatia era de 44%, a estimativa é que em 2016 eles abocanhem mais de 50% ou seja serão donos de uma fortuna maior do que o restante 99% da população mundial.


Diante desta fato, me senti na obrigação de fazer esta "arte", para aqueles que acham o sistema capitalista o máximo, a meritocracia o must e que o Deus mercado resolve tudo.



sábado, 17 de janeiro de 2015

Teles e bancos superexploram operadores de telemarketing, aponta fiscalização

Megaoperação do Ministério do Trabalho responsabiliza Oi, Vivo, Santander, Itaú, NET, Citibank e Bradesco por abusos trabalhistas contra 185 mil pessoas em sete estados

Por Igor Ojeda, in http://reporterbrasil.org.br/

Recife (PE) e São Paulo (SP) - Não grite com o operador de telemarketing de seu banco ou operadora de celular. Por mais que você tenha razão, muito provavelmente ele esteja sofrendo uma pressão monumental no trabalho. Muito provavelmente ele esteja ficando doente por isso. Física e psicologicamente.


Oi, Vivo, Santander, Itaú, NET, Citibank e Bradesco. Essas sete gigantes das telecomunicações e do setor financeiro superexploram os trabalhadores que prestam serviços por teleatendimento, diz o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Uma megaoperação de quase dois anos de duração e que abrangeu sete estados brasileiros constatou inúmeros exemplos de abusos trabalhistas contra nada menos que 185 mil pessoas. Destes, 104 mil trabalhavam para a Oi.

De abril de 2013 a dezembro de 2014, na primeira ação desse porte, uma equipe de 14 auditores fiscais do trabalho, que contou com a colaboração de outros 36 auditores, investigou as condições de trabalho desses profissionais na Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Analisou contratos, holerites, registros de pontos, entre outros documentos, e visitou os locais de trabalho.

O resultado: 932 autos de infração lavrados, R$ 318,6 milhões em multas, R$ 119,7 milhões de dívidas com o FGTS e quase R$ 1,5 bilhão em débitos salariais. (Leia mais informações aqui, na matéria ‘Para o MTE, teles e bancos são responsáveis por precarização no telemarketing) A fiscalização, que teve início em abril de 2013 em Minas Gerais e Pernambuco e se tornou nacional em outubro do mesmo ano, investigou o período que vai de janeiro de 2012 a dezembro de 2013. A Repórter Brasil acompanhou a operação no Recife (PE), em maio do ano passado. (Leia mais informações aqui, na matéria ‘Pelo amor de deus, não vá ao banheiro’)

A reportagem solicitou posicionamento das sete empresas responsabilizadas e da Contax. A SindiTelebrasil, representando a Oi e a Vivo, afirma: “O setor de telecomunicações adota entendimento do Supremo Tribunal Federal de que a atividade de telesserviços é uma atividade especializada e, em relação a demandas administrativas e judiciais, as empresas estudam eventuais medidas cabíveis.”

O Santander alega que “atua em conformidade com a legislação”.O Bradesco afirma que “cumpre rigorosamente as normas trabalhistas vigentes”. O Itaú defende que suas terceirizações são legítimas e respeitam os parâmetros legais do Tribunal Superior do Trabalho: “Também reforça que exige de seus fornecedores o estrito cumprimento da legislação trabalhista, e que não tolera práticas inadequadas, as quais são passíveis de punição nos termos do contrato”.

A NET diz que obedece a legislação vigente: “A terceirização é lícita, respeitando a Lei Geral de Telecomunicações. A empresa informa que acompanhará os autos de infração e apresentará as defesas pertinentes”. Já o Citibank afirma que “atua em total conformidade com a legislação vigente e irá apresentar defesa em relação à autuação administrativa”. A Contax não havia retornado até o fechamento desta reportagem.

Shopping center de call centers

O ponto em comum entre as sete gigantes acusadas de superexploração leva o nome de Contax, empresa de teleatendimento que se autointitula a líder no setor no país, estando presente em 12 municípios brasileiros. Todos os abusos trabalhistas apurados pelo Ministério do Trabalho e Emprego foram identificados em sedes da companhia. Formalmente, a Contax é contratada pelas teles e bancos para prestar serviços de teleatendimento. A megaoperação de fiscalização trabalhista apontou, no entanto, que na prática ela funciona simplesmente como intermediadora de mão de obra.

“Durante a ação descobrimos que dentro da Contax funcionam as centrais de teleatendimento de várias empresas, separadamente, como um shopping center de call centers”, explica Cristina Serrano, uma das auditoras fiscais do trabalho à frente da operação. Ou seja, na avaliação do MTE, os reais empregadores dos funcionários da Contax são, na verdade, Oi, Vivo, NET, Itaú, Bradesco, Santander e Citibank. “Entendemos que a Contax é uma intermediária da contratação e também da forma de organização do trabalho intensamente assediadora. Por isso, decidimos responsabilizar os reais empregadores, beneficiários do trabalho final”, diz Cristina, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Pernambuco (SRTE/PE), braço do MTE no estado. A terceirização, portanto, foi considerada ilícita.

As três teles e quatro bancos são acusados por uma série de violações, como exercer forte assédio moral, causar adoecimento massivo, manter funcionário sem registro, pagar um salário menor do que o devido e até impedir ou dificultar a saída do posto de trabalho para satisfação das necessidades fisiológicas. “Constatamos assédio moral, adoecimento massivo, sofrimento psíquico. Muitos trabalhadores sequelados física e/ou emocionalmente. Alguns vivem e trabalham a base de remédios”, diz a auditora fiscal do trabalho. Segundo ela, a rotatividade é alta. E a maioria dos funcionários é formada por mulheres entre 18 e 25 anos que estão no primeiro emprego.

‘Miss Mijona’

A equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego definiu a principal violação sofrida pelos operadores de teleatendimento como assédio moral estrutural pelo método de organização e administração por estresse. Ou seja, o assédio praticado não é caso isolado ou individualizado, mas produto de um método de trabalho baseado na exigência de cumprimento de metas inalcançáveis. “A Norma Regulamentadora [NR] 17, anexo II [do MTE], proíbe o estímulo exacerbado da produção. O supervisor pressiona para bater metas, vender mais, não deixa fazer pausas, controla e limita o tempo para ir ao banheiro em cinco minutos, por exemplo”, explica Cristina Serrano.

Segundo apurou a fiscalização, os trabalhadores são obrigados a cumprir a chamada “jornada britânica”, quando se deve entrar, sair e realizar as pausas pontualmente sempre nos mesmos horários. Juridicamente, os controles de ponto que apresentam dados invariáveis durante um período de tempo são considerados fraudados, já que se avalia ser impossível que o empregado cumpra exatamente os mesmos horários todos os dias. No entanto, caso os operadores de teleatendimento das sete empresas denunciadas não sigam plenamente a jornada estabelecida, eles veem descontada o que é conhecida como remuneração variável.

Os trabalhadores intermediados pela Contax devem cumprir fielmente nada menos que oito marcações de horário: entrada e saída, início e fim do período de refeição, de 20 minutos, e início e fim das duas pausas programadas do dia, de dez minutos cada. Aquele que deseja receber sua remuneração variável deve cumprir quase integralmente a “aderência à escala”. Cada empresa estabelece sua própria meta de aderência necessária para que o funcionário receba a remuneração, podendo variar de 89% a 95%. No entanto, o percentual de pessoas que atingem tais metas é baixo.

“A aderência é 100% se o operador logar e deslogar exatamente nos horários programados. São oito marcações programadas por dia e não pode ter variação de nem um minuto para mais ou para menos. Como máquina! Consideramos essa meta de aderência a mais perversa e desumana, e implica em prejuízo na remuneração, na avaliação, no uso do banheiro. Essa prática é vedada expressamente pelo anexo II da NR 17”, diz Cristina.

Muitos trabalhadores declararam aos auditores fiscais que, para não terem vontade de ir ao banheiro fora dos períodos programados, evitam beber muita água. Caso sinta necessidade, fazem de tudo para segurar. Tais práticas acarretam problemas de saúde como infecção urinária, incontinência, cistite e problemas nas cordas vocais, já que a atividade exige uso contínuo da fala, e em ambiente climatizado. Se o funcionário vai ao banheiro mesmo assim, a pausa é considerada pessoal e ele perde a “aderência”. E caso demore mais de cinco minutos para voltar, corre o risco até de levar uma suspensão.

As que mais sofrem com as regras de idas ao banheiro são as grávidas e as que têm cistite, infecção da bexiga bastante comum entre as mulheres e que torna constante a vontade de urinar. Uma delas, de tanto usar pausas pessoais por conta de sua cistite, começou a ser chamada, na frente de todos, de “Miss Mijona”. A partir de então ela começou a ir trabalhar usando fraldas geriátricas.

Big Brother

O monitoramento do trabalho dos atendentes é ostensivo,serve como instrumento de assédio. Os supervisores, coordenadores e gerentes têm uma tela onde podem controlar as pausas de todos os operadores. Um relógio marca o Tempo Médio de Atendimento (TMA), ou seja, quanto tempo cada operador gastou com o cliente. O ideal é que a ligação dure o menos possível. Caso a chamada caia por um problema técnico ou o cliente retorne para tirar dúvidas adicionais, o atendente é que é cobrado por isso. Além disso, as gravações são analisadas para verificar se o operador seguiu corretamente o “script” – roteiro que deve seguir para cada casa – ou se manteve o “sorriso na voz” durante o atendimento.

No entanto, “o monitoramento não é aleatório”, esclarece a auditora da SRTE/PE. “A Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] exige que as ligações sejam gravadas para proteger o direito do consumidor. Mas a empresa usa para outra finalidade: para perseguir e pressionar principalmente aqueles trabalhadores com baixa produtividade de vendas.” Segundo ela, um ranking mensal de vendas avalia o desempenho de cada equipe de 15 a 20 operadores. A lista é dividida em quatro. O funcionário que permanece no último quartil por dois meses vai para a “linha de corte”, grupo dos trabalhadores sujeitos a serem demitidos.

“Isso significa que aumenta a pressão, o monitoramento, o assédio, com punições abusivas previstas na ‘Escala Pedagógica’, como excesso de pausas pessoais, e até suspensões por motivos banais, como por usar sandália de dedo ou camisa de time de futebol. Então esses funcionários são chamados pelo supervisor e ‘orientados’ a pedir demissão para evitar a demissão por justa causa”, diz Cristina.

De acordo com a auditora, é uma possibilidade temida por todos, pois muitos estão no primeiro emprego e acreditam que irão “sujar” suas carteiras de trabalho. “A rotatividade é enorme e a maioria sai por pedido de demissão ou demissão por justa causa, formas de extinção do contrato a baixo custo.” Segundo apurou a fiscalização, uma média de 75% dos trabalhadores que saem o fazem por pedido de demissão. “Sem justa causa são pouquíssimos os que saem; em geral saem adoecidos.”

Adoecimento massivo

Seja por problemas ergonômicos ou decorrentes do uso contínuo da voz e de fones de ouvido, seja por causa da enorme pressão e assédio moral que sofrem, os trabalhadores das sete empresas denunciadas pelo Ministério do Trabalho apresentam inúmeros casos de doenças que podem ser consideradas ocupacionais. “É uma quantidade enorme de pessoas jovens adoecidas”, conta Cristina Serrano. Perda auditiva definitiva, pressão alta, distúrbios osteomusculares, infecções urinária e gastrointestinal, problemas de coluna, cefaleia, estresse, depressão, ansiedade e síndrome do pânico.

A lista é grande, mas, segundo a equipe de fiscalização, a Contax não reconhece os riscos da atividade e não toma as medidas preventivas necessárias. Pior: não comunica o adoecimento por meio da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), medida obrigatória para os casos de lesões ocupacionais. “Ao contrário, demite os adoecidos.” Além disso, segundo constatou a fiscalização, os trabalhadores com pequenos problemas de saúde sequer são admitidos, mesmo que não haja qualquer impedimento ao exercício da atividade.

Segundo cálculos da equipe de auditores fiscais, o operador de teleatendimento que trabalha para as sete empresas denunciadas por meio da Contax adoece a partir de 120 dias no emprego, em média. O Ministério do Trabalho pediu os atestados médicos concedidos aos trabalhadores da companhia de teleatendimento em todo o Brasil, mas apenas os de Pernambuco foram fornecidos. “A média é de 6 mil atestados por mês só em Pernambuco, para um total de 18 mil trabalhadores. Fora o que os trabalhadores levam e a empresa não aceita. Se o atestado não for do plano de saúde credenciado pela empresa, não é aceito”, explica Cristina.

De acordo com dados compilados em uma das unidades da Contax no Recife – site Santo Amaro, com 15 mil funcionários – por Odete Reis, médica do trabalho que integra a equipe nacional de fiscalização do MTE, de janeiro a maio de 2014 foram apresentados 8.687 atestados de afastamento do trabalho por doenças osteomusculares, uma média de 1.737 por mês. Em todo o ano de 2013, foram 23.554 atestados, média de 1.962 mensais. Segundo Odete, dentre essas doenças, as mais comuns são sinovites, tenossinovites e dorsalgias. Ela lembra que as duas primeiras, que no caso em em questão acometem os dedos das mãos, inclusive já são reconhecidas pela Previdência Social como causadas diretamente pela atividade de teleatendimento.

A medicina do trabalho para os funcionários da Contax é feita por uma empresa contratada. Segundo Cristina Serrano, o contrato de prestação de serviços prevê que se um trabalhador fizer o exame admissional e em até um período de seis meses apresentar doença e obter um atestado médico, essa empresa será descontada em sua fatura com a Contax. “É como se fosse uma multa por encontrar um trabalhador doente. A Contax está presumindo que a empresa errou no exame admissional.” Muitos operadores disseram à equipe de fiscalização do MTE que muitas vezes o médico do trabalho afirma não poder fornecer atestado.

Ao operador, resta continuar a trabalhar mesmo doente e tentar cumprir as metas estabelecidas sem vacilar. “De um lado da linha, o consumidor, insatisfeito com o serviço prestado e/ou irritado com a insistência do operador para vender cartões, seguros, planos de internet, TV, celular, grita, reclama e xinga o atendente. Do outro lado da linha, o atendente tem que manter ‘sorriso na voz’, falar com entusiasmo, seguir script de fala, obedecer a todos os procedimentos, sem demorar na ligação, pois tem meta de Tempo Médio de Atendimento (TMA) e é vigiado ostensivamente”, resume Cristina.

Não grite com o operador de telemarketing de seu banco ou operadora de celular.


* Matéria atualizada às 16h20 de 23/12/2014 para acréscimos de informações

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Coletivo Opinião Bancária apoia Juliana Donato (MNOB) para eleição do CAREF do BB

Leia a apresentação de Juliana Donato:

Sou funcionária do BB desde 2008, atualmente na GECEX SP II. Antes disso, trabalhei no Banco Nossa Caixa. Sou formada em Psicologia pela UFPR. Minha historia como bancária é marcada pela defesa dos direitos do funcionalismo e do Banco do Brasil como instituição pública comprometida com os interesses dos trabalhadores, aqueles que constroem a riqueza do país.

A direção do BB que calar Juliana. E agora quer impedir sua candidatura no CAREF!

O Banco Brasil esta atacando os delegados sindicais, em uma prática claramente anti sindical. No processo de reestruturação da Área Internacional, por exemplo, 4 delegados sindicais estão sendo descomissionados. Pela primeira vez está usando medidas disciplinares para coibir a atuação sindical O centro do ataque é nossa candidata ao CAREF. . No inquérito administrativo aberto contra a Juliana o banco questiona conteúdos da sua publicação nas redes sociais e na Internet, questiona seu direito de fazer reunião no prédio da São João, onde foi eleita delegada. Na verdade quer impedir sua atuação como delegada sindical.

Agora tenta impedir sua candidatura ao CAREF. Evidente que não interessa ao BB uma representante sem qualquer rabo preso, que vai denunciar a atual politica do BB e defender os direitos do funcionalismo. Estamos fazendo uma campanha de solidariedade a Juliana e vamos recorrer a todas as instâncias para garantir sua candidatura.

A ELEIÇÃO DE UM CAREF NÃO GARANTE A DEMOCRACIA NA GESTÃO DO BB!

Vivemos uma enorme deterioração das condições de trabalho no BB. A realidade dentro dos locais de trabalho é cada vez mais massacrante e a comissão virou um item fundamental para conseguir sobreviver, o que facilita a institucionalização do assédio como método de gestão. Como reflexo disto, recentemente, o banco sofreu condenações por dano moral coletivo no Piauí, (condenado a pagar sete milhões) e na Bahia (dois milhões).

O governo e a direção do Banco buscam criar ilusões que, ao se estabelecer um representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banco, poderíamos fazer ecoar nosso descontentamento e alterar a dinâmica que o BB está tomando. Nossa candidatura afirma que somente nossa luta poderá derrotar a atual política de RH do BB. A existência de um representante eleito seja quem for não garante a mudança dessa situação. Mesmo após a criação do Caref, a composição do Conselho continuou sendo: 2 representantes eleitos pelos acionistas minoritários; 4 representantes da União – 1 indicado pelo Ministro do Planejamento e 3 pelo da Fazenda; o Presidente do BB; 1 representante eleito pelos empregados.

Além disso, o representante não tem acesso a inúmeras informações, pela alegada necessidade de "sigilo da empresa". O CAREF também não pode divulgar as informações que obtiver sob o risco de sofrer sanções do Banco e da CVM. E o mais grave: não pode participar de decisões relativas a salários, benefícios, assuntos de interesse do funcionalismo, pois a Lei enquadra isto como um “conflito de interesses”. Estranho é que o governo não veja conflito de interesses quando a diretoria do BB estabelece a sua própria PLR.

O ajuste que está sendo implementado pela nova equipe econômica do Governo Dilma vai tensionar ainda mais o BB a aumentar seu lucro, para compor o superávit primário do país. Por isto, a pressão sobre o Conselho de Administração é pela redução de custos, em especial na folha de pagamentos. A atual reestruturação da Área Internacional e do Atacado, que cortou vagas, descomissionou colegas, rebaixou salários, é um dos melhores exemplos de como o BB programa esta politica.
No próximo período provavelmente a nova direção do banco deve aprofundar os processos de terceirização e reestruturação.
Em nossa opinião, a representação de um CAREF só tem sentido se cumprir o papel de fazer a denúncia pública e, colocando-se a serviço de nossa organização contra cada ataque que estiver sendo gestado, seja contra o caráter público do Banco, seja contra os direitos do funcionalismo.

BB 100% estatal e com função pública!

O Banco do Brasil tem atuado como banco privado, tanto na sua relação com o funcionalismo como com os clientes. O novo slogan do BB, Banco de Mercado com Espírito Público, na verdade vem oficializar está atuação do banco nos últimos anos. O atual sistema de metas, a remuneração, cuja maior parte é composta pela comissão e a PLR são instrumentos desse modelo. Defendemos que o BB tenha sua atuação pautada pelo caráter social, com atividade, alma e essência públicas.  Para que isto possa, de fato ocorrer, o controle acionário do BB deve voltar a ser 100 % estatal. Exigimos o fim da segregação da população de baixa renda, da política de encarteiramento de clientes adotada atualmente, bem como com a lógica de utilização do BB como agente financiador dos grandes grupos privados.

O BB deve ser integralmente controlado e administrado pelos trabalhadores!

A única forma de democratizar a gestão é colocando a empresa sob controle dos trabalhadores. Defendemos a eleição de toda a diretoria (que devem ser funcionários de carreira) pelos próprios funcionários do banco. A composição do conselho deve ser alterada. Além dos diretores eleitos pelos funcionários do BB, o conselho seria composto por outros diretores indicados pelos demais trabalhadores da sociedade, que devem ser os principais beneficiados por
Um banco público, como o BB. Desta maneira, poderemos mudar os processos de gestão e transformar o BB no banco que queremos e que a sociedade brasileira precisa.

Atuação do Caref tem que ser INDEPENDENTE!

O representante dos trabalhadores não pode ser mais uma voz em defesa do governo de plantão. O atual representante eleito que é apoiado pela CONTRAF/CUT, Rafael Matos, candidato a reeleição, não foi um ponto de apoio na luta do conjunto dos bancários do BB.  Infelizmente, isto não acontece somente no CAREF. Tanto na PREVI e CASSI, quanto na maior parte das diretorias dos grandes Sindicatos, temos visto nossas representações mais preocupadas em manter relações com o governo do que em defender os trabalhadores.

Remuneração do conselheiro

Somos contra qualquer privilégio material ao conselheiro eleito, que deve receber o mesmo salário que recebe hoje, bem como não receber qualquer auxílio ou jeton de conselheiro..
Garantias de acesso a informações e de Canais de comunicação com o funcionalismo
O representante dos trabalhadores tem que prestar contas da sua atuação. Para isso, é fundamental que seja criado um canal de comunicação , assim como ocorria com os boletins internos, até o fim dos anos 90, enquanto havia representação do Garef.


De 3 a 7 de janeiro vote em Juliana Públio Donato – F6001870- Uma bancária independente do governo e da direção do banco no Conselho de Administração.


Apoio: Coletivo Opinião Bancária

Bancos públicos limitam atuação de funcionários sindicalistas


Reprodução
Segundo advogado, bancos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ferem a liberdade sindical prevista em lei ao estabelecer limites de atuação dentro de suas agências.

15/01/2015

Por Maura Silva,

De São Paulo (SP)


Não é novidade a utilização política de elementos de pressão, assédio moral, processos administrativos, aplicação de penalidades e criminalização de condutas sobre membros de sindicatos para consecução de fins políticos por parte de empregadores.

Atualmente os dois maiores bancos estatais do país, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, seguem firme no embate sindical para estabelecer limites de atuação dentro de suas agências. Fatos recentes de ameaça e coerção como os vividos pela delegada sindical e integrante da Oposição Bancária (MNOB), Juliana Donato, são cada vez mais comuns.

Funcionária do BB desde 2008, Juliana vem sendo impedida de desenvolver sua atuação sindical, após ser enquadrada em medidas disciplinares e termos de ciência de desvio de comportamento, além de ter suas páginas em redes sociais constantemente monitoradas pelo banco.

Para o advogado trabalhista e mestre em Direito do Trabalho pela Universidade de São Paulo, Gustavo Seferian, a instituição bancária - e o mesmo vale para qualquer outro empregador -, não pode promover qualquer espécie de ingerência na atuação dos dirigentes sindicais que são seus empregados.

“A liberdade sindical, princípio que em 1988 foi alçado à condição de garantia constitucional, deve ser lida em diversas dimensões, dentre elas, a impossibilidade de que o empresariado e o Estado interfiram na organização da classe trabalhadora. Por isso, a meu ver, não há argumento para legitimar esse tipo de intromissão. A representação sindical e sua liberdade incondicional para defesa dos interesses de classe devem ser preservadas a todo custo, isso pensando não só no texto constitucional, mas também em marcos de afirmação democrática”.

Para Gustavo, mesmo com algumas garantias empregatícias, a lógica de incutir o medo, sobretudo o econômico, de que o trabalhador perca sua fonte de sustento é costumeira e visa engessar os trabalhadores e seus sindicatos em momentos em que a luta por demandas políticas mais amplas e, não exclusivamente salariais e corporativas, se faz premente.

Atualmente outras formas têm sido utilizadas, sobretudo a utilização de interditos proibitórios, muito comuns no setor bancário, que visam impossibilitar o livre exercício do direito de mobilização dos trabalhadores.

No caso dos bancários, esses interditos proibitórios têm como objetivo impedir a realização de piquetes em agências e prédios administrativos, sob pena de aplicação de multa e sanções administrativas.

Um exemplo disso são as pressões sofridas pelo também delegado sindical, Diogo Portugal Pudles, funcionário da Caixa e eleito, em 2006, representante sindical pela chapa de oposição (Avante, Bancários!). Diogo está respondendo a um processo interno, além de sofrer medidas de contenção e advertência por suas participações em mobilizações de greve e formação de piquetes.

Ainda para Gustavo, casos como o de Juliana e Diogo representam uma grande contradição. “Nesse momento de acentuar da crise, dispensas arbitrárias de grevistas, corte de ponto e salários de trabalhadores, ameaças verbais e criminalização de condutas fazem parte do repertório dos empregadores para coibir a atuação dos trabalhadores nesse que é o momento mais importante da mobilização coletiva da classe”, conclui.

Privatizações

Para o funcionário da Caixa e integrante da chapa de oposição (Avante, Bancários!), Messias Américo da Silva, que foi processado administrativamente três vezes nos últimos quatro anos, tendo os dois primeiros processos sido arquivados por falta de provas, a privatização dos bancos públicos tende a influenciar negativamente todos os setores que tem vínculo com os aspectos sociais.

“A partir do momento que houver a privatização, o Estado tende a se comprometer cada vez menos com os problemas que afetam a população cotidianamente. E a abertura do capital econômico da Caixa é um passo importante para isso”, diz.

Para ele a acumulação de capital também é determinante para a lógica das privatizações. “Não dá pra desvincular privatização estatal sem ingerência do capital estrangeiro. A crise estrutural do capital é que baliza as ações dos estados. O estado brasileiro com sua economia dependente é suscetível a essas interferências”, finaliza.


Entender qual o papel dos sindicatos e militantes no projeto de privatização dos bancos públicos e o que os bancos precisam fazer para barrá-los é fundamental para entender a coerção sofrida por setores do funcionalismo público no Brasil.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Duas interpretações da crise, dois caminhos para a esquerda

Patrick Galba de Paula

In http://blogconvergencia.org/



O que será tentado neste esboço é iniciar uma síntese da análise marxista da atual crise do capital e apontar suas decorrências para a política do socialismo marxista, em seus aspectos fundamentais. Ou seja, a questão a ser tratada aqui é a seguinte: Diante da crise atual, ou seja, nas condições concretas colocadas pela crise em seu momento atual, qual a tarefa fundamental do movimento socialista?

Em que pese o fato de que algumas manifestações concretas da crise apareçam neste momento de forma mais clara na Europa, o restante do mundo capitalista encontra-se diante de uma crise das mesmas proporções, e por mais que difiram as manifestações concretas mais perceptíveis “a olho nu”, estão todas no marco de um mesmo processo fundamental.

Parte-se da opinião que existem dois tipos fundamentais de interpretações da crise contemporânea dentro da esquerda, cada um apontando para caminhos distintos e que, a cada dia, com o desenvolvimento de suas contradições, revelam de forma mais clara sua natureza irreconciliável.

Buscar-se-á referencia fundamental na teoria de Marx sobre as crises. Não se buscará aqui avançar nas controvérsias acadêmicas sobre o tema, ou no debate entre os economistas marxistas, mas apenas apontar as conseqüências dos principais fatos estabelecidos no debate para a esquerda socialista.

Crises do capital: Marx e as duas interpretações da esquerda

O fundamental na teoria de Marx sobre as crises é o seguinte: O capital, ao mesmo tempo em que constituiu um impulso (historicamente) ao desenvolvimento da humanidade, também constitui um entrave para que este alcance patamares superiores, e traz em si contradições que periodicamente assumem a forma de crises. Estas crises cíclicas refletem a contradição entre o caráter social da produção da riqueza, do valor, e o caráter privado da apropriação desta. Em resumo, as crises capitalistas são uma expressão do fato de que existe uma incompatibilidade entre a enorme riqueza produzida e a continuidade da reprodução da sociedade na forma específica capitalista, que consiste na apropriação privada de todo o excedente social.

O elemento fundamental desta teoria, portanto, é que a causa das crises é sempre o capital, o processo de acumulação capitalista. As formas históricas específicas nas quais a crise se manifesta podem ser muitas, e dependem do histórico específico no qual ocorrem, mas sempre são expressão desta mesma causa fundamental.

Costuma-se associar a crise com dos aspectos fundamentais da teoria de Marx sobre o modo de produção capitalista, que é a chamada tendência à queda da taxa de lucros. Uma das características do modo de produção capitalista é que, por distintas razões, nele existe a tendência de substituição do trabalho humano (trabalho vivo) por tecnologia e máquinas (trabalho morto, objetificado). Como o trabalho morto (como no caso das máquinas) apenas transfere o seu próprio valor para as mercadorias, apenas o trabalho vivo que gera um “novo valor” (superior aquele que foi gasto em sua aquisição). Isto significará em geral que a proporção entre os capitais adiantados em cada ciclo de produção e a massa de lucros obtidos ao final do ciclo (taxa de lucros) tenda a diminuir. Pode-se dizer que na hipótese de existência de uma queda da taxa média de lucros, haveria uma tendência à retirada generalizada de capitais do processo produtivo (uma “superprodução de capitais”), ou mesmo uma superprodução de mercadorias em relação à demanda “efetiva”, etc.

Ressalte-se que a crise aqui não é uma situação de penúria, de escassez, do ponto de vista do capital. Pelo contrário, a crise se expressa fundamentalmente numa situação de excesso: capitais demais para poucas possibilidades de valorização, exploração demais para pouca capacidade de consumo, etc. Ela é resultado do crescimento, do desenvolvimento sobre bases capitalistas, ou seja, das contradições do modo de produção.

É fundamental, entretanto, compreender que embora a tendência de queda das taxas de lucros seja fundamental na teoria de Marx, o objetivo de sua utilização é estabelecer as causalidades fundamentais existentes nos ciclos de crescimento e crise vivenciados dentro do modo de produção capitalista. Não significa que todas as crises precisem, necessariamente, se expressar numa queda da taxa de lucros. Marx também buscou descrever, por exemplo, algumas das chamadas contra-tendências (ou seja, tendências contrárias) à ocorrência da queda da taxa de lucros que decorrem da própria produção capitalista. Entretanto todas estas são limitadas, enquanto o processo fundamental de aumento da proporção entre trabalho vivo e trabalho morto não tem limite algum. Mas, se as crises não precisam necessariamente se expressar num processo de queda das taxas médias de lucro, para Marx é sempre esta tendência fundamental que as explica, mesmo que a tendência fundamental seja negada devido à atuação de quaisquer fatores outros (políticos, por exemplo, decorrentes da luta de classes). Nestes casos, a necessidade destes fatores para a continuidade da existência do modo de produção capitalista só poderia ser explicada, nos marcos das leis internas do modo de produção, a partir da existência fundamental de uma tendência, que apenas por existir gera a necessidade de sua negação.

Mas se de Marx já retiramos esta explicação fundamental para as crises cíclicas do capitalismo, por que então seria importante formular uma explicação de cada situação concreta de crise? Já não seria suficiente a compreensão de que sempre que uma crise ocorre, ela é decorrência da natureza específica do modo de produção capitalista e de suas contradições internas?

Opinamos que não. Se considerarmos que nossa sociedade ainda é baseada em relações sociais capitalistas, então a teoria de Marx nos oferecerá um excelente ponto de partida. Mas as tarefas políticas concretas decorrem da situação concreta na qual vivemos e não da teoria aplicável a qualquer sociedade capitalista. As condições específicas nas quais se construiu a presente crise formaram as bases da realidade que agora enfrentamos. Destas tendências observadas concretamente decorrerá a forma concreta através da qual poderá ser possível almejar a superação das contradições do modo de produção. Por isso, assim como a elaboração política, a compreensão da crise é tarefa para os vivos, para os que a estão presenciando.

Trata-se, entretanto, de uma tarefa de extrema dificuldade. Estas decorrem, entre outras razões, de 3 motivos principais:

a)     A dificuldade enorme decorrente do fato de que não existem fontes de dados (institutos de pesquisa, etc) que utilizem as categorias da teoria de Marx, ou metodologias de pesquisa delas decorrentes. Isto obriga a utilização de simplificações e de hipóteses que muitas vezes dificultam muito o estabelecimento de resultados que não sejam contestáveis;

b)    O fato de que a teoria marxista é muito minoritária na sociedade e que seus principais postulados não correspondem de forma alguma às representações que os capitalistas e todos aqueles influenciados por sua forma de pensar (a maioria da população) tem de sua sociedade, de modo que estes estudos não estão entre os mais incentivados, digamos, por empresas, instituições financiadoras, editoras, universidades, etc. Ao contrário das explicações que abrem espaço, por menor que seja, para algum tipo de reconciliação com a permanência do atual modo de produção. A isto se soma a decorrente atomização e isolamento dos marxistas que apenas parcialmente pode ser superado com a difusão da Internet.

c)     O fato, já apontado por Marx, de que a aparência superficial dos fenômenos, devido às múltiplas determinações às quais o real está submetido e às contradições decorrentes, em geral se assemelha com as explicações que retiram das leis internas de funcionamento do modo de produção o aspecto preponderante. É justamente das divergências entre a aparência superficial e a essência dos fenômenos, observável apenas indiretamente (quando falham tais explicações), que decorre para Marx a necessidade da ciência. A isto se soma o fato de que as bases teóricas deixadas por Marx estão num nível de abstração ainda muito elevado gerando lacunas que, dado o atraso no desenvolvimento da teoria Marxista, precisam ser preenchidas com certos improvisos.

No que diz respeito à crise atual podemos afirmar que existem dois grupos principais de explicações dentro da esquerda, um que se afasta e outro que se aproxima da teoria de Marx em seus pontos fundamentais.

No primeiro grupo enquadramos explicações presentes em autores como Foster & Magdoff (2009), Harvey (2010), Weeks (2010) e Duménil & Lévy (2011) (entre muitos outros), mas cuja principal expressão se dá nas principais organizações políticas da esquerda em todo o mundo. Não queremos ser injustos com nenhum destes autores, alguns dos quais tem sido importantes referências para a esquerda socialista. Mas o fato é que o fundamental das explicações formuladas neste grupo, por mais referências à teoria marxista que tenham, é que a crise que estourou em 2008 não é vista como uma crise da reprodução capitalista, do modo de produção como o tipo de crise descrito por Marx. Ao contrário, o que vêem é uma crise de determinadas formas específicas nas quais este modo de produção pode funcionar (crise do neoliberalismo, da “financeirização”, da falta de regulação, etc). Ou seja, trata-se de uma crise provocada por algum tipo de comportamento inadequado dos capitalistas, diretamente ou através do Estado, que caso seja corrigido (ou derrotado politicamente), permitiria a retomada dos processos de acumulação e da reprodução social em melhores condições do que as atuais, mesmo que mantido o capital como relação social fundamental, evitando-se assim qualquer possibilidade de que a situação caminhe para uma catástrofe maior do que a que vemos atualmente.

Não poderemos aqui analisar cada uma destas explicações. Nos bastará, para os objetivos do texto, afirmar que ao nosso ver elas têm em comum a eleição de algum aspecto da aparência superficial do fenômeno “crise” para então apontá-lo como causa.

No segundo grupo estão as explicações que buscam entender a crise atual nos marcos da teoria formulada por Marx, ou seja, da crise como uma crise do capital, do modo de produção capitalista. Entendemos que neste grupo encontram-se autores como Harman (2009), Roberts (2009), Shaikh (2011) e Kliman (2011). Com todas as inúmeras diferenças entre as explicações formuladas neste grupo, elas compartilham o aspecto fundamental de buscar decorrer as causas primeiras da crise das contradições e das tendências imanentes do modo de produção vigente. E este é o seu maior mérito.

Entre os trabalhos citados neste grupo existem várias explicações para a crise. Um primeiro tipo de explicação vê uma relação direta entre a evolução da taxa de lucros e a crise, ou seja, uma relação simples e direta. A taxa média de lucros teria atingido o seu topo no final da recuperação do pós-guerra entre 1963 e 1967, e caído desde então, com uma leve recuperação entre 1983 e 1997, tendo então voltado a cair. Este resultado, entretanto, baseia-se em estudos sobre a evolução da taxa de lucros que têm sido questionados e são objeto de intensa polêmica. Além disso, em alguns casos partem de uma noção “geral” da taxa de lucros. Alguns autores argumentam, aparentemente de forma correta, que a taxa média de lucros que conta para o investimento capitalista é o “lucro de empresa” – profit of enterprise – o lucro descontado dos juros, e que esta, apesar de ter caído fortemente na crise dos anos 1970, não observaria uma tendência de queda após a década de 1980, mas teria se elevado um pouco após 1983 e estaria atualmente estagnada, num nível bem inferior ao topo do pós-guerra alcançado entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970.

Não temos condições, ainda mais nos limites deste texto, para opinar sobre esta discussão específica.

Entretanto, parece interessante ressaltar que, para que sirva como fundação sólida para a elaboração de uma política transformadora, uma compreensão da crise precisa também considerar adequadamente e com seus devidos pesos específicos todos os principais fatos das aparências do fenômeno. Ou seja, não basta achar a causa da crise, é necessário explicar como esta causa determinou a existência de todos os processos que aparecem ao observador externo. É por isso que explicações por demais essencialistas, embora tenham o seu valor, terminam por não constituir um ponto de partida muito fértil para a elaboração política, justamente por abstrair os aspectos fenomênicos que são aqueles com os quais a política deve lidar. Por este motivo, mesmo sem termos condições de fechar questão neste momento sobre o debate em torno à evolução das taxas de lucro, tendemos a ver com mais simpatia as explicações mais abertas às considerações sobre a sua aparência.

Partindo destas considerações, nos detenhamos um pouco no trabalho de Shaikh (2011), que nos parece que melhor considera os aspectos da aparência da crise, buscando explicá-los a partir das tendências internas do modo de produção.

Shaikh afirma que há uma estagnação da taxa geral de lucro no período entre 1983 e 2007, embora, com uma leve tendência de queda a partir de 1997. Afirma que esta estagnação foi possível porque os ataques neoliberais e a reestruturação produtiva do período que operaram como uma “contra-tendência” à queda da taxa de lucros, que ocorreria de forma dramática sem eles (Shaikh, 2011, p. 50). Ou seja, Shaikh busca mostrar que a partir de 1983 a produtividade do trabalho cresceu muito mais rapidamente que os salários reais, de modo que a participação dos salários no rendimento nacional se reduz, possibilitando que a tendência de queda da taxa geral de lucros fosse transformada numa estagnação.

Mas esta explicação apresenta uma contradição. Se a taxa de lucros estava estagnada, o que então explicaria o “boom” dos anos 1980 e primeira parte dos 1990 nos países centrais? Shaikh busca explicar isto ao analisar a chamada taxa de “lucros de empresa” (profit of enterprise). Observa que elas tiveram um crescimento substancial, saindo de um patamar negativo por volta de 1981 (o que mostra o tamanho da crise no período, já que a taxa de lucros não era suficiente sequer para repor a taxa de juros) e chegando até um pico em 2005, tendo oscilado negativamente apenas neste período mais recente (Shaikh, 2011, p. 52). Isto ocorreu porque a partir de 1981-83 todos os países centrais do capitalismo reduziram substancialmente suas taxas de juros, saindo de um patamar próximo dos 15% em 1983 para próximo de 0% as vésperas da crise. Com isto, foi possível, mesmo nos marcos de uma estagnação da taxa geral de lucros, que tenha havido o crescimento substancial da taxa de profit of enterprise, ou seja, dos lucros dos capitalistas operantes que é o que determina efetivamente suas perspectivas de investimentos.

Esta explicação tem alguns grandes méritos. Em primeiro lugar, ela permite compreender como a crise atual originou-se nas tendências fundamentais do capital, que resultam entre outras coisas na queda das taxas médias de lucro. Mas, além disso, ela permite compreender por que a crise estourou apenas em 2008 e por que existiu o crescimento dos anos 1990. Mais que isto, ela permite entender por que, do ponto de vista da aparência, a crise surge como um problema de dívida. Na principal economia do planeta, os Estados Unidos, a combinação de um empobrecimento relativo dos trabalhadores com a disponibilização de financiamento barato (e com uma perspectiva de redução futura de juros) permitiu que os efeitos da reestruturação produtiva e dos ataques neoliberais fossem ocultados, digamos, através do endividamento dos trabalhadores, ou seja, sem que fosse necessário uma deterioração substancial de suas condições de vida. Este processo pode continuar enquanto havia mais margem para a redução dos juros. Quando esta margem acabou (os juros chegaram a 0%), isto não pôde mais continuar. Quando os trabalhadores não puderam pagar suas dívidas os bancos faliram e todo o edifício de securitização e financeirização permitido pela desregulamentação e erigido em base ao espaço propiciado pela margem maior entre a taxa básica de juros e o profit of enterprise (que é a margem onde opera o lucro do setor financeiro), veio abaixo. Chegamos então a 2008.

Assim Shaikh foi capaz de explicar não só a crise atual e suas causas, mas também porque ela não estourou antes (ou seja, porque houve o boom dos anos 1990) e o motivo pelo qual a crise apareceu como uma crise do sistema financeiro e do neoliberalismo. Ela é de fato uma crise das finanças e do neoliberalismo, mas só o é na medida em que estes processos foram necessários para a sobrevivência do capitalismo nos últimos 20 anos, e agora se esgotaram. Não são o neoliberalismo e a “financeirização” que explicam a crise atual, mas as tendências internas do capital que explicam o neoliberalismo e a financeirização, e seus limites.

Ainda assim existem importantes limitações na análise de Shaikh[1]. Para citar apenas as duas principais: não há qualquer consideração em seu trabalho sobre os processos de restauração do capitalismo ocorridos nos anos 1980-1990. Parece claro que as possibilidades de investimento colocadas pela abertura destes mercados, por sua magnitude, devem ter também alguma relação com o movimento geral do sistema no período; além disso, não se observa o fato de que no contexto da guerra fria surgiram tecnologias importantes decorrentes dos enormes investimentos militares, que posteriormente permitiram um certo revolucionamento do processo de produção, fornecendo uma base material para a reestruturação produtiva dos anos 1980-1990 (e que explicam porque ela foi possível naquele momento). Muitas destas tecnologias provavelmente não teriam sido desenvolvidas fora deste contexto. De qualquer forma as limitações não retiram de forma alguma a validade da explicação apresentada.

Ademais, e aqui não se trata de uma limitação mas de uma necessidade adicional da análise, para compreender a crise de um ponto de vista das demais regiões do planeta é necessário entender as condições específicas nas quais ela se expressou. Por exemplo, vemos que na Europa, embora tenha havido um efeito importante de “contágio” da crise imobiliária americana (inclusive com quebras de bancos), existe um processo próprio de endividamento (principalmente estatal), dos países periféricos do Euro. Aqui é necessário incorporar as características específicas da integração européia no processo geral colocado pelas tendências do modo de produção.

Ainda assim considerada a análise sobre a crise já se torna possível apontar alguns aspectos fundamentais do ponto de vista da elaboração.

Em primeiro lugar, não se trata de uma crise do neoliberalismo ou financeira, mas de uma crise do capital. Isto determina que sua superação, nos marcos da manutenção das relações capitalistas de produção só será possível mediante um enorme custo humano. Aqui, o parâmetro histórico de comparação que temos é a crise que estourou em 1929. Aquela crise representou o acúmulo de contradições de apenas 10 ou 15 anos de crescimento em escala mundial (lembramos que a primeira grande guerra terminou em 1918). O máximo que as políticas do “New Deal” conseguiram então foi prolongar por mais alguns anos o crescimento, permitindo adiar uma nova guerra mundial por mais 10 anos. Shaikh, por exemplo, mostra que mesmo as políticas de contratação direta de trabalho pelo Estado aplicadas pelo governo Roosevelt entre 1932 e 1936 tiveram efeito de curtíssimo prazo, e em 1937 quando foram cortadas, observou-se uma retração de quase 4,0% na economia dos Estados Unidos (Shaikh, 2011, p. 56). Ou seja, apenas a produção de armamentos em massa e a destruição em escala gigantesca da segunda guerra mundial permitiram uma “solução” para o problema nos marcos das relações sociais capitalistas, mas ao custo de milhões de vidas humanas.

O exemplo dos Estados Unidos da década de 1930 é interessante porque é exatamente este tipo de política que a esquerda influenciada pelo primeiro grupo de interpretações sobre a crise que citamos acima tem proposto.

Talvez não seja possível fechar questão sobre todos os detalhes de uma explicação sobre a crise em meio a ela, ou seja, antes de um certo distanciamento permitido pelo tempo, pelas pesquisas e pela elaboração racional. Além disso, não podemos excluir em definitivo a possibilidade de que os capitalistas encontrem alguma outra saída que lhes permita mais uma recuperação de alguns anos sem que seja necessária uma grande destruição de riquezas, como ocorreu no final dos anos 1930. Mas a julgar pelo que foi necessário na crise do final dos anos 1970 (restauração do capitalismo, reestruturação produtiva e políticas de quedas de juros), esta hipótese parece extremamente improvável.

Sendo assim, a esquerda socialista precisa fazer movimentos e apostas estratégicas e não ficar a reboque de outras perspectivas. Uma política revolucionária frente à crise é uma política que se mova estrategicamente no sentido da construção de um poder proletário que permita a superação das causas da crise que atualmente ameaça a humanidade, que são as relações sociais capitalistas e seu modo de produção. Esta tarefa assume atualmente um caráter especialmente emergencial na Europa.

Referências bibliográficas

Duménil, Gerrard & Dominique Lévy (2011). The Crisis of Neoliberalism. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Foster, John Bellamy & Fred Magdoff (2008). Financial Implosion and Stagnation: Back to the Real Economy. Monthly Review 60:7, Dec., 1-29.

Harman, Chris (2009). Zombie Capitalism: Global Crisis and the Relevance of Marx. London: Bookmarks.

Harvey, David (2010). The Enigma of Capital and the Crises of Capitalism. Oxford: Oxford University Press.

Kliman, Andrew (2009). The Failure of Capitalist Production: Underlying Causes of the Great Recession. New York: Pluto Press.

Roberts, Michael (2009). The Great Recession: Profit Cycles, Economic Crisis. A Marxist View. London: Lulu Enterprises.

Shaikh, Anwar (2011). The First Great Depression of The 21st Century. Socialist Register, 2011. London: Merlin Press.

Weeks, John (2010). Capital, Exploitation and Economic Crises. London: Routledge.



[1] Outra limitação de Shaikh é a própria política defendida por ele, que contraditoriamente se restringe a um New Deal style politics, com contratação direta de força de trabalho pelo Estado, talvez considerando ser esta, dada a atual situação do sistema, um tipo de proposta “transicional”.