quinta-feira, 19 de março de 2015

Votação da PL 4330, o emprego em risco

Nelson Gonçalves da Silva

O presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), em reunião ocorrida na última quinta-feira, 11, com representantes das confederações patronais da indústria, das instituições financeiras, da agricultura e pecuária, dos transportes, da saúde e das cooperativas, marcou a votação do PL 4330 para o próximo dia 7 de abril, logo após o feriadão da Semana Santa.

O texto que irá a votação será o substitutivo do deputado Artur Maia (SD-BA), que libera a terceirização para todas as atividades das empresas, incluindo as atividades principais e permanentes, das áreas rurais e urbanas, empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e fundacionais. O texto mantém a responsabilidade subsidiária entre contratantes e contratadas e diz explicitamente que salários, direitos e benefícios serão diferenciados em função do enquadramento sindical.

Durante a reunião com Eduardo Cunha também foi orientado às entidades patronais buscar dialogar com os líderes partidários, a fim de construir os consensos, porque o projeto irá a votação de qualquer maneira no dia 7 de abril. Participaram representantes das confederações nacionais da Indústria (CNI), das Instituições Financeiras (CNF), da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), do Transporte (CNT), da Saúde (CNS), da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Mobilização já!

Diante desse quadro gravíssimo, é preciso retomar as mobilizações. É importante que a classe trabalhadora, juntamente com os sindicatos, organize atos, visitas aos parlamentares nos estados, vigílias, envio de correspondências cobrando o compromisso de cada parlamentar e divulgando o seu posicionamento, como os trabalhadores fizeram na batalha de 2013, onde conseguimos  a  suspensão do trâmite do projeto. Caso o PL 4330/2004 seja aprovado no plenário da Câmara, seguirá para o Senado, onde existe projeto idêntico (PLS 087), de autoria do então senador e hoje ministro da Indústria, Armando Monteiro.
Através da falácia da busca pelo aumento da produtividade,  eficiência operacional e da tão propalada competitividade global este novo e contundente ataque aos direitos trabalhistas se dá em nome da terceirização.  Dessa forma, redução de salários, ampliação de jornada, intensificação do ritmo de trabalho e más condições, sob as quais o trabalho é desenvolvido, serão regulamentados e implementados causando assim franca precarização na  relação do trabalho assalariado com o  capital.

O projeto de Lei no. 4330/2004 do deputado e empresário do setor de alimentos, Sandro Mabel (PMDB-GO), autoriza a terceirização de qualquer função nas empresas. Na mesma direção, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprecia o recurso da fabricante de celulose Cenibra condenada em todas as instâncias por terceirizar trabalhadores em suas atividades-fim. Esta  ofensiva patronal sobre os direitos trabalhistas se dá em um momento de fortalecimento da direita em nosso país e pressiona ainda mais um governo que já vem implementando uma política de ajuste fiscal e de austeridade. O Projeto de Lei no. 4330/2004, o recurso da Cenibra ao STF, buscam implementar medidas que atacam os direitos dos trabalhadores. Afim de ampliar as margens de lucro do setor empresarial,   o governo e demais organizações patronais partem claramente para uma investida, que, se implementada,  significará um dos maiores ataques e retrocesso do movimento operário da história recente brasileira.

Diante desse quadro só resta a classe operária a mobilização em defesa de seus direitos, conquistados ao longo de décadas de lutas e repressão. Nem a velha direita, nem nos calar diante do atual governo que nos ataca. É hora de construir um campo de resistência, à esquerda, independente e classista.


Coletivo Opinião Bancária

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