sábado, 29 de novembro de 2014

Convite: Lançamento da cartilha “ A Revolução que mudou o mundo” História da Revolução Russa

No dia 7 de novembro foram completados 97 anos de um dos principais fatos históricos da humanidade: a Revolução Russa. O jornal Opinião Socialista está publicando uma cartilha que narra a história deste episódio, escrita por Henrique Canary. Convidamos você, leitor do Opinião a iniciar esta leitura e conhecer um pouco mais sobre esta história.

Venha participar do debate de lançamento desta cartilha em Curitiba. A atividade contará com a presença do autor.



A Revolução Russa aconteceu em 1917. Você pode estar se perguntando: “Para que estudar um evento que aconteceu há tanto tempo atrás? Vale a pena dedicar o meu tempo para saber o que foi a Revolução Russa?” Acreditamos que sim e dizemos por quê.


Estudar a história humana e compreender como homens e mulheres agiram no passado sempre é importante. Por meio do conhecimento do passado, podemos planejar melhor as nossas ações no presente e construir um futuro diferente. E para os ativistas sociais que lutam contra as atuais mazelas do capitalismo, é fundamental entender como a classe operária russa conseguiu acabar com a exploração burguesa em seu país, pela primeira vez na história. Por isso, a Revolução Russa nos traz ensinamentos ainda atuais e não é por acaso que ela é estudada e debatida até hoje.

Todo o Apoio à Greve dos funcionários da BB Tecnologia e Serviços (COBRA Tecnologia)


O Movimento Nacional de Oposição Bancária, filiado à CSP-CONLUTAS declara total solidariedade aos trabalhadores da BB Tecnologia e Serviços (BBTS), que estão em greve desde o dia 25, na maior parte do país. O BB é o acionista majoritário da empresa e a utiliza para terceirizar atividades claramente bancárias, precarizando as relações trabalhistas. Recentemente, a BBTS assumiu o monitoramentos dos TAAs (que era realizado pelos CSO’s) e está assumindo a análise de operações de crédito imobiliário. O BB alterou o nome da Cobra, que passou a ser BB Tecnologia e Serviços, e ampliou o leque de atividades que esta empresa pode realizar. Em contrapartida, um trabalhador da COBRA recebe R$ 1697,90 para trabalhar 8 horas.

A terceirização é uma das formas mais utilizadas para reduzir custos das empresas. Ela aumenta cada vez mais no país, particularmente nos bancos. É absurdo que um banco controlado pelo governo federal faça terceirização fraudulenta precarizando direitos trabalhistas. Dilma mais uma vez rompe com as promessas que fez durante sua campanha, quando enviou uma carta à CONTRAF/CUT, onde afirmava e comprometia-se a avançar no que segue: “O primeiro e fundamental passo foi a valorização dos bancários, recuperando o valor dos salários com aumentos reais, aumentando o valor da PLR, preservando o emprego e aumentando o quadro de funcionários, restabelecendo direitos que foram retirados dos trabalhadores por governos anteriores e incorporando reivindicações do movimento sindical.” A terceirização e o tratamento dado aos trabalhadores da BBTS é o contrário disso.
Para nós, quem trabalha em banco, bancário é. Os trabalhadores da BBTS têm direito a receber os mesmos salários e direitos previstos na Convenção Nacional Bancária.
Todo apoio à greve dos funcionários da BBTS!
Isonomia já, rumo ao fim da terceirização, com incorporação dos funcionários da BBTS ao quadro de funcionários do Banco do Brasil!

In: Oposição Bancária RJ

MNOB Movimento Nacional de Oposição Bancária

COB Coletivo Opinião Bancária   –   Ctba PR   –   contatos: coletivoopiniaobancaria@gmail.com


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Servidores da COBRA – BBTS em greve

In: CORREIO BRAZILIENSE – DF | ECONOMIA

Servidores da área de tecnologia da informação (TI) do Banco do Brasil (BB) prometem entrar hoje em greve por tempo indeterminado, além de realizar protestos em 12 estados e no Distrito Federal. Em Minas Gerais, na Paraíba e no Rio Grande do Sul, os funcionários decidirão ainda se vão aderir ao movimento. Em Brasília, as manifestações ocorrem a partir das 8 horas, em frente à Central de Atendimento de Tecnologia (CAT) da Cobra Tecnologia S.A, empresa do BB, e à central de relacionamento com clientes. Eles pedem equidade de salários e de benefícios, reposição salarial da inflação dos últimos 12 meses com ganho real de 5%, entre outras reivindicações.

A paralisação pode afetar os clientes do BB. "Onde tem eletrônica e informática, tem o suporte da Cobra. Da porta giratória aos painéis eletrônicos", ressaltou Elton Santos, diretor da Federação Nacional da categoria (Fenadados). "Entregamos a pauta de reivindicações em 1º de março. Tivemos três reuniões e a empresa nem sequer compareceu. Ontem, sinalizou que não tem data marcada para novo encontro. Por isso, decidimos cruzar os braços até que nos chamar para negociar", explicou.

O objetivo dos protestos, também, é forçar a Cobra a pressionar o Ministério do Planejamento a solucionar o impasse criado pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), que vetou demandas dos funcionários. Em nota, o Dest destacou que só "estabelece as diretrizes gerais para todas as estatais, não entrando no âmbito negocial entre as partes".

Em nota, a Cobra informou que o impasse no fechamento do acordo girou "em torno de cláusulas econômicas". "A diretoria reiteira sua constante disposição para o diálogo", acrescentou. (VB)

Radicalizar a democracia ou Revolucionar a sociedade?

Por Vinicius Zaparolli e Eli Magalhães, São Paulo

Artigo originalmente publicado na Revista R nº 4

Muitos foram os motivos que levaram milhões de jovens às ruas das principais cidades do país, em junho do ano passado. Entre eles, está, com certeza, a enorme indignação da juventude e dos trabalhadores com as instituições da democracia brasileira, forjadas com a Constituição de 1988. As Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e, principalmente,  o Congresso Nacional sofreram o rechaço dos manifestantes.

Passaram-se meses, e tais instituições continuam desgastadas, sob a vigilância atenta da maioria da população. Os partidos da ordem e os políticos corruptos ainda estão questionados. Todas essas insatisfações se voltam, de maneira incontornável, contra o regime político.

Democracia dos ricos: liberdade e igualdade para poucos

No Brasil, vivemos sob uma democracia, que, assim como todo regime político, tem características próprias. As liberdades democráticas, tanto individuais como coletivas, e a igualdade jurídica são as determinantes, os princípios fundamentais de nossa democracia.

As liberdades democráticas são os direitos dos indivíduos de se manifestar, se expressar, de se organizar coletivamente. Já a igualdade jurídica é o direito de todos serem considerados iguais pelas leis, pela Justiça. Todos têm as mesmas obrigações e direitos perante o Estado, sem distinções de raça, classe ou sexo.

No entanto, esses direitos são inatingíveis para a maioria da juventude e do povo. São falsos, pois, na prática, só existem para alguns.

Ricos e pobres, por exemplo, não são julgados em pé de igualdade pelos crimes que cometem, porque não dispõem dos mesmos recursos materiais para se defender. É a democracia dos ricos!

Ao mesmo tempo, os trabalhadores têm seus direitos assegurados pela legislação apenas quando suas ações não questionam a expansão dos lucros capitalistas. Enquanto algumas leis e instituições garantem liberdades e igualdade parciais, outras as limitam e as anulam.

Na democracia dos ricos, liberdade se resume à liberdade de possuir bens e consumir, e igualdade se resume à igualdade formal, que desconsidera todas as desigualdades sociais e econômicas entre os indivíduos.

A ilusão do voto

Agora, se a democracia na qual vivemos é essa grande farsa, por que ela tem tanta força? Porque a maioria da população, infelizmente, está convencida de que votar lhe dá poder de decisão. A expansão do direito ao voto a todos os indivíduos adultos da sociedade,o sufrágio universal, tem uma enorme capacidade de enganar, pois faz o povo pensar que decide os rumos do país, quando escolhe seus representantes através das urnas.

Quando votamos, temos a falsa impressão de que decidimos, é uma autodeterminação ilusória. Embora o voto de um trabalhador tenha o mesmo valor do voto de um banqueiro, as eleições são completamente controladas pelo poder econômico e pelos partidos da ordem, que possuem condições infinitamente melhores durante as campanhas eleitorais.

São bilhões de reais gastos com cabos eleitorais, publicitários, institutos de pesquisa, além de todas as vantagens adquiridas com o atual sistema eleitoral, como maior tempo de TV, presença nos debates televisivos, o coeficiente eleitoral, entre outros. Assim, sempre acabamos elegendo os mesmos e, entra e sai eleição, nada muda.

Depois dessa disputa extremamente desigual, a juventude e os trabalhadores ficam ainda quatro anos assistindo, sem poder fazer nada, os políticos governando a serviço de seu próprio enriquecimento e dos interesses das empresas que financiaram suas campanhas.

E, pior, se os candidatos eleitos traem seus eleitores e não cumprem suas promessas, ainda se diz que a culpa é de quem votou errado.

Lutar em defesa e pela expansão das liberdades democráticas

Mesmo com todos os seus limites, o regime democrático que existe hoje no Brasil concede algumas liberdades parciais ao povo e às organizações da classe trabalhadora e da juventude.

Essa situação é resultado de muitas décadas de luta para conquistar o direito ao voto, à igualdade jurídica, às liberdades de expressão, organização e manifestação.

Porém, muitas vezes, de acordo com as necessidades dos patrões e das elites, até mesmo essas pequenas conquistas são atacadas pelos governantes. O direito de greve, a legislação trabalhista e a legalidade dos partidos de esquerda estão sempre em risco. Esse processo  mostra como são descartáveis os direitos democráticos para os capitalistas e os governantes.

Por isso, é extremamente importante e necessário defender as liberdades democráticas de todas as restrições. Por outro lado, é fundamental também lutar por sua ampliação, apresentando propostas de expansão da democracia.

As bandeiras democráticas são parte do programa socialista de transformação revolucionária da sociedade. Defendemos, nesse sentido, propostas que diminuam o controle do dinheiro sobre o processo eleitoral, que acabem com os privilégios dos políticos, e aumentem a participação popular e das organizações de esquerda.

Entretanto, por mais radical que venha ser a democracia, a sociedade permanecerá injusta e desigual, pois os interesses das elites continuam sendo defendidos pelo Estado.

Isso acontece porque o regime político, democrático ou ditatorial, não tem um valor universal. Tem, na verdade, um conteúdo de classe.

Por exemplo, o direito à propriedade privada, o maior interesse da burguesia, é considerado um direito fundamental, cláusula imutável da Constituição Federal. Nem o Parlamento pode modificar isso. E se o fizesse, as outras instituições do Estado se encarregariam de reprimi-lo, através da Justiça, das Forças Armadas, da burocracia estatal ou da diplomacia internacional.

Nossa democracia é burguesa!

O regime político é, em primeiro lugar, uma determinada combinação das instituições do Estado, uma relação particular entre elas. Se as instituições preponderantes de um país são o Exército e a Polícia, podemos dizer, por exemplo, que o regime político é uma Ditadura. Se, por outro lado, predominar o Parlamento e os Ministérios, é uma Democracia.

Porém, segundo a teoria marxista, essa primeira definição não é suficiente, pois é parcial e superficial. Descobrir a instituição mais poderosa de um país é apenas um passo para definir com exatidão o regime político. Antes de tudo, é preciso saber o caráter de classe do Estado, ou seja, quais interesses econômicos e sociais o Estado defende.

Um Estado burguês ou capitalista é aquele que, através de suas instituições, garante e impulsiona o direito à propriedade privada das fábricas, terras, máquinas e matérias primas. Um Estado dominado pela classe trabalhadora é o inverso, pois suas instituições atacam o direito do capital a se acumular, e asseguram e promovem a propriedade estatal e coletiva desses meios de produção.

O Estado se define, portanto, pela classe politicamente dominante. O regime, por sua vez, é a maneira como essa classe exerce esse poder, a depender do grau de conflito político no interior da sociedade. Se a burguesia, por meio dos mecanismos da democracia burguesa, não for capaz de garantir a estabilidade de seu domínio sobre as classes oprimidas e exploradas, ela pode, sem o menor pudor, utilizar-se de outro regime de tipo ditatorial ou policialesco. O Golpe Militar de 1964 no Brasil, cinqüenta anos atrás, é um exemplo do caráter subordinado do regime político às necessidades da burguesia.

Só é possível definir com rigor o regime político de um país, se analisarmos esses dois aspectos juntos, o caráter de classe do Estado e a relação entre suas instituições, tomando em consideração seu conteúdo e não só sua forma aparente.

Karl Marx já tinha essa compreensão no século XIX. Ele dizia que o Estado só existe por conta da desigualdade social e da divisão da sociedade entre explorados e exploradores. Sua função é administrar esse conflito em favor das classes dominantes, independentemente do regime político utilizado para governar. Todo estado é, dessa forma, a Ditadura de uma classe social sobre a outra.

Por isso, a democracia brasileira é uma democracia burguesa. Isso quer dizer que os empresários, banqueiros, latifundiários e acionistas governam o país de acordo com os seus interesses de classe, por meio de um regime político democrático. A democracia burguesa, segundo o marxismo, é um das formas da Ditadura econômica e social dos capitalistas.

Democracia Real é a solução?

Diante do desgaste e dos limites do regime democrático burguês, uma série de correntes políticas, como o PSOL, e ativistas assumiram como estratégia o programa da “Democracia Real”, que se restringe às bandeiras de radicalização da democracia burguesa. No entanto, como vimos anteriormente, por mais ampla que seja a democracia burguesa, ela continuará sendo uma democracia dos ricos.

O programa da Democracia Real, nesse sentido, não leva à transformação social. O fato de que a maior parte da população está excluída das grandes decisões políticas do país não é um “defeito” da atual democracia, é, pelo contrário, reflexo da sua própria essência: a dominação burguesa.

A juventude que despertou politicamente em junho não pode desperdiçar sua disposição e ousadia com um projeto de reformas da democracia burguesa, restringindo, assim, seu horizonte estratégico aos limites do sistema.

Somente quando destruirmos a dominação política e econômica da burguesia, é que poremos um fim à democracia dos ricos. Não basta, por exemplo, diminuir os privilégios dos políticos e sua corrupção, se as grandes empresas e o mercado financeiro internacional continuarem controlando as principais decisões políticas do país.

As desigualdades sociais, opressões e demais injustiças não são produtos do regime político, mas sim da apropriação individual do trabalho coletivo de muitos, da propriedade privada, ou seja, do caráter de classe do Estado. Mais do que radicalizar a democracia burguesa, necessitamos destruí-la junto com suas bases: a propriedade privada e o trabalho assalariado, fontes de toda desigualdade social.

A luta pela expansão da democracia burguesa, em nossa opinião, tem de se combinar com as tarefas da revolução socialista. Só a divisão igualitária da riqueza da sociedade entre todos aqueles que a produziram será capaz de estabelecer uma democracia para os trabalhadores e a juventude jamais vista.

Queremos construir um regime político incomparavelmente mais democrático do que qualquer um existente hoje, onde não só o voto seja universal, mas também todos os direitos sociais. Lutar para revolucionar toda a sociedade, portanto, é a única forma de conquistar uma verdadeira democracia, tão ampla que não caiba nas fronteiras de qualquer Estado burguês.


In: http://www.pstu.org.br/node/21189   -  terça-feira, 25 de Novembro de 2014

domingo, 23 de novembro de 2014

Os banqueiros fazem política

por Eric Gil Dantas

No país onde entregamos, anualmente, mais de 40% do orçamento do Governo Federal para rolagem da dívida e pagamento de juros, cremos que não haja dúvidas para responder a pergunta de “quem manda no Brasil?”.
Em período eleitoral isto fica ainda mais evidente. Os bancos não economizam para investir em seus candidatos, sejam eles candidatos a deputado estadual, deputado federal, senador, governador ou presidente.

Mas como seria isto em números? Vejamos na tabela quanto investimento dos bancos os candidatos à Presidência receberam até a segunda prestação de contas ao TSE (pois a final ainda não está disponível).


Como pode ser visto, eles não arriscam, e como já é habitual, patrocinam todas as grandes candidaturas (e até pequenas candidaturas de direita, como a de José Maria Eymael, candidato à Presidência pelo PSDC).

O banco que virou o pivô da discussão sobre o controle da política pelos banqueiros foi o Itaú Unibanco, por conta da Neca Setúbal, herdeira do Itaú e coordenadora de programa da Marina Silva. Este banco foi tido como o inimigo da Dilma e o PT, inclusive não a financiando. No entanto, o PT está dentro dos partidos que receberam grandes doações do Itaú, assim como vários outros. Mas vejamos como se distribuiu, também até a segunda parcial da prestação de contas desta eleição, os “investimentos” do Itaú?



Eles não deixaram passar nenhum cargo, patrocinaram 16 partidos diferentes (metade de todos os partidos registrados no Brasil) e candidatos distintos 72, indo de doações de 20mil reais a 2 milhões.
Bem, como já dizem por aí, “quem paga a banda, escolhe a música”. E isto não foge, nem de longe, o caso do sistema financeiro no Brasil.

In: CONTRACORRENTE – ANO 04 N9 49 – 15 DE OUTUBRO DE 2019

Contra-corrente é uma publicação mensal elaborada pelo ILAESE para os sindicatos, oposições sindicais e movimentos sociais.

A Greve dos Bancários 2014 – Uma análise por Juary Chagas

Diante dos altos lucros dos bancos e da polarização do segundo turno eleitoral, era possível arrancar vitórias para os bancários
por Juary Chagas

Com um forte debate entre os presidenciáveis sobre o papel do Banco Central e do sistema financeiro, a disputa acirrada do segundo turno dava maior potencial de pressão e seria uma poderosa arma para arrancar as reivindicações dos bancários.
Com apenas 4 dias de greve, a mesa de negociação da FENABAN (Federação Nacional dos Bancos), apresentou proposta de 8,5% para as verbas salariais e 9% no piso. Os bancos também reconheceram que a inflação real está alta e até propuseram 12,2% no VR, no entanto, a proposta era muito baixa sobretudo se considerar que o setor financeiro é o ramo da economia que mais cresce, com rentabilidade no patamar de 15%.

Infelizmente, a Contraf/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, ligada à CUT), utilizou todos os métodos para acabar com a greve e, desse modo, ficar livre para fazer campanha para a Dilma. Tão logo os bancos apresentaram a propostas, os sindicalistas da CUT trataram de defendê-las nas assembléias, propondo o término da campanha salarial e utilizando, inclusive, os gestores e administradores para lotar as assembléias e votar pelo fim da greve.
Contrariando a lógica imposta pelo comando para os outros bancos , os bancários do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e Banco do Amazonas (BASA), continuaram a greve. Os bancários ligados à CSP-Conlutas têm importante atuação nas entidades que organizam esses bancários, e decidiram não aceitar a proposta, defendendo intensificar a luta para arrancar um melhor reajuste dos patrões. Isso demonstra que era possível continuar a mobilização nacional unificada.

Mas, infelizmente, ao defender o encerramento da greve com um acordo rebaixado, sem avanços na isonomia, melhores condições de trabalho e saúde e reposição das perdas salariais, a CONTRAF/CUT e seus sindicatos filiados demonstram, novamente, que subordinam nossa campanha salarial à reeleição da Dilma. Ao conter nossa luta e canalizar seus esforços para o processo eleitoral, continuam apoiando uma política que, ao não fazer uma grande transformação social e econômica, traz uma profunda decepção aos trabalhadores. Basta dizer que o Bolsa Família, apresentado como prioridade do governo petista para combater a pobreza, leva do orçamento cerca de 24 bilhões de reais/ano, enquanto o que é destinado para pagar juros e amortizações da dívida aos banqueiros chega a 900 bilhões de reais/ano.

A competitividade nos bancos sobrecarrega os bancários, que sofram com a política de metas e o enxugamento do quadro funcional. Esta política tem reflexos diretos nas más condições de trabalho e adoecimento da categoria. Com a desaceleração da economia – o PIB do país deve crescer menos de 1% – o que está em preparação pelo próximo governo, seja ele chefiado por Dilma ou Aécio – são mais ataques aos direitos dos trabalhadores continuando com a criminalização dos movimentos sociais e dos ativistas. A única saída que resta para os trabalhadores é, portanto, se organizar e lutar!

Não à compensação dos dias de greve

Infelizmente, o acordo defendido pela CONTRAF/CUT prevê a compensação dos dias parados em função da greve (até uma hora por dia entre 15 à 31/10 para quem trabalha 6 horas e até 07/11 para quem trabalha oito), o que na prática avaliza uma política de retaliação aos grevistas. Os bancários do Banpará, que é um banco de bem menor porte, conseguiram o abono de todos os dias da greve, sem qualquer tipo de compensação. Essa postura dos bancos, com o apoio da CONTRAF-CUT, é uma perseguição aos grevistas e isto não pode ser aceito.
Se a responsabilidade pela é dos patrões, que não atendem as reivindicações e empurram os trabalhadores para a greve, são eles que devem arcar com ônus das horas não trabalhadas! Não devemos aceitar nenhum desconto e nenhuma compensação.

In: CONTRACORRENTE – ANO 04 N9 49 – 15 DE OUTUBRO DE 2019
Contra-corrente é uma publicação mensal elaborada pelo ILAESE para os sindicatos, oposições sindicais e movimentos sociais.



terça-feira, 11 de novembro de 2014

BB:Bancários das GECEXs pararam neste dia 10. Pela suspensão da reestruturação

No dia 10, os funcionários do Banco do Brasil pararam por duas horas nos departamentos (GECEXs) que centralizam as operações de cambio. Os funcionários deixaram claro que não aceitam o processo de reestruturação feita pelo banco que significa redução de salário e no número de funcionários.


Coletivo Opinião Bancária
MNOB/CSP-CONLUTAS

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"Terceirização equivale a desigualdade", afirma ministro do TST

Não à Precarização

Ao citar raízes históricas e legais do desequilíbrio social no Brasil, o ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), criticou as iniciativas de ampliar a terceirização, vendo inclusive afrontas à Constituição. "Terceirização, para mim, equivale a uma palavra: desigualdade", afirmou, durante seminário realizado em São Paulo.

O magistrado citou o artigo 3º da Carta de 1988, que define como um dos objetivos da República "construir uma sociedade livre, justa e solidária", para acrescentar que "uma Constituição não pode ser entendida como mera declaração", mas como resultado de uma decisão política, com uma proposta a ser perseguida.

O objetivo do encontro era discutir a terceirização nas chamadas atividades-fim das empresas, questão que tem sido sistematicamente barrada no TST e que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), causando preocupação no movimento sindical.

Para o ministro, há um estigma em relação à questão social que atinge inclusive o Judiciário trabalhista. "De 1943 (ano de promulgação da CLT) até hoje, o estigma de ser um diploma anarquista propagou-se e gerou um estigma para a própria Justiça do Trabalho. É difícil convencer que existe o Direito do Trabalho para quem não milita nele." O juiz faz referência a críticas contra a CLT "porque trazia a codificação do Direito social".

Além de perda de direitos, o magistrado afirma que a terceirização provoca "perda da identidade profissional do trabalhador". E Melo Filho dá como exemplo terceirizados do próprio TST. "Eles não olham para nós, não têm sentimento de identificação", diz. Para o juiz, terceirizar também representa tirar da empresa "o que lhe é essencial, o risco".

Essa análise havia sido feita, minutos antes, pelo professor Calixto Salomão Filho, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). "Empresa implica risco. O risco é exatamente o elemento que justifica a remuneração", afirmou. "Ao contrário do que parece, a terceirização é extremamente deletéria (para a empresa). A terceirizada se torna uma grande gestora de mão de obra, casca sem realidade empresarial própria, contrata, descontrata." Para ele, terceirizar significa perder o controle sobre a atividade-fim e sobre a produção, desorganizando a empresa.

Assim como o juiz, o professor também cita exemplos entre os próprios terceirizados da instituição. "Aqui se sente na pele o que é a degradação do trabalho. Parecem faces do século 19, lhes garanto que é muito impactante." Para ele, a empresa moderna deve "se abrir" e reconhecer os vários interesses envolvidos, como os dos funcionários e das comunidades onde atuam. E cita a legislação alemã, que prevê participação dos trabalhadores nos conselhos de supervisão, com mais poderes que os conselhos de administração no Brasil.

O ministro do TST cita diferenças salariais entre bancários e funcionários de call center no setor. E afirma que de 1995 a 2008 morreram 257 trabalhadores em decorrência de acidentes na Petrobras, sendo 81% terceirizados. "E dizem que isso é melhoria das condições sociais", ironiza. Ele também identifica os contratos de terceirização como grande foco de corrupção na administração pública. Na sua palestra, ele fez referência ainda ao jurista Fábio Konder Comparato: "Quatro séculos de escravidão são difíceis de ser afastados da ideias de uma sociedade".

Melo Filho informou que o ministro Luiz Fux, do Supremo, já se comprometeu a realizar uma audiência pública sobre o tema. "Ouvimos também de alguns ministros, e isso é grave, que essa questão da terceirização é corporativa." Para ele, talvez fosse necessário buscar uma nova alternativa no Parlamento.

"A democracia tem um aspecto muito importante, que é o dia seguinte. O projeto (de lei 4.330) é ruim, parte de premissas erradas. O que eles querem mesmo é se afastar do risco e da responsabilidade", disse. Em relação ao STF, o ministro afirmou que sua expectativa "é que, obviamente, não se usurpe a competência do Tribunal Superior do Trabalho".


Fonte: Rede Brasil Atual

Postado por: Fernando Diegues

domingo, 9 de novembro de 2014

10/11: É DIA NACIONAL DE LUTA PELA SUSPENSÃO DA REESTRUTURAÇÃO DA GECEX

COLETIVO OPINÃO BANCÁRIA

Segunda, 10 de Novembro de 2014

É DIA NACIONAL DE LUTA PELA SUSPENSÃO DA REESTRUTURAÇÃO DA ÁREA INTERNACIONAL

Na quinta, dia 06, os funcionários da GECEX Rio paralisaram suas atividades e realizaram um ato em frente ao Edifício SEDAN (foto abaixo). Segunda 10/11, todas as GECEX's do país vão parar por duas horas, para enfrentar o processo de reestruturação da rede GECEX.



No CSA, podemos ver claramente qual é o resultado das reestruturações. O CSA-Corporate já foi desmontado e mais de 40 funcionários não têm onde trabalhar e podem perder suas comissões.

Na reestruturação das redes GECEX (Comércio Exterior) e CSA (Suporte ao Atacado), três unidades GECEX (Vitória, Caxias do Sul e Fortaleza), estão sendo fechadas. A parte operacional das GECEX de Recife, Rio de Janeiro, Campinas, Blumenau, Brasília e Porto Alegre serão desmontadas, o que significa que a dotação destas unidades vai ser reduzida em mais de 50%. Seguindo o modelo de outras reestruturações já realizadas, o operacional será concentrado em Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. A reestruturação terá como resultado uma redução de 11% no número de funcionários, para falar somente das vagas que não existirão mais. Mas, com o processo de centralização, muitas vagas deixarão de existir nos atuais locais e serão abertas novas vagas em São Paulo, Curitiba e BH. Isso significa que, a muitos funcionários, está sendo dada a “opção” de, repentinamente, mudarem-se de suas cidades caso queiram manter suas comissões ou manterem-se na área de comércio exterior. Além desta situação, que levará funcionários a ter que  mudar de cidade, haverá uma redução salarial importante, pois a maior parte dos cargos das novas unidades será de assistentes plenos (6 horas), o que fará com que os atuais colegas que são Assistentes B (8 horas), tenham que migrar para o novo plano. A perda salarial de vários colegas supera os  R$ 1000,00, um valor nada desprezível.

Para  este processo de reestruturação ser derrotado, além da mobilização dos funcionários da Rede GECEX, é fundamental o apoio dos colegas das outras unidades. O banco tem aplicado processos semelhantes no conjunto da área meio do banco, centralizando a maior parte dos serviço em BH, Curitiba e São Paulo. Inclusive, em janeiro, o banco pretende fechar a metade das vagas do CSL-Rio. No CENOP Imobiliário continua se aprofundando o processo de terceirização. A vitória contra a reestruturação da área internacional seria uma vitória de todos os funcionários do banco.

Por isso, esperamos contar com o apoio de todos e fazer uma grande paralisação.

COLETIVO OPINÃO BANCÁRIA - Contatos: coletivoopiniaobancaria@gmail.com

MNOB Movimento Nacional de oposição Bancária

sábado, 8 de novembro de 2014

A queda do muro de Berlim e o sonho da burocracia soviética

Por Gustavo Henrique Lopes Machado


Neste mês de novembro completa-se 25 anos da queda do muro de Berlim, prelúdio imediato do desmoronamento do mundo soviético. No segundo semestre de 1989 na Polônia, Checoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária e na República Democrática Alemã o poder do partido comunista abdicou sem que fosse necessário uma só batalha, uma só resistência séria por parte do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e mesmo, exceto a execução de Nicolau Ceausescu na Romênia, sem que fosse necessário um só disparo. A União Soviética, enfraquecida, dissolvera-se algum tempo depois sob o comando de Boris Yeltsin. Um evento histórico desta magnitude ocorreu sem qualquer guerra civil ou resistência armada por parte dos membros do antigo poder e, não por acaso, é considerado um dos eventos mais enigmáticos da histórica contemporânea, mesmo entre os marxistas.

Sabemos que a União Soviética influenciava o conjunto das organizações comunistas espalhadas pelo globo e aparecia como um referencial central para maioria daqueles que vislumbravam alternativas para além do capital. Apesar de ser alvo de severa crítica entre alguns agrupamentos de esquerda, poucos foram os que não se viram órfãos após sua derrocada. Neste caminho, diversos teóricos marxistas decretaram o fracasso da alternativa aberta em outubro de 1917. Outros propagandeavam o fim do proletariado e o nascimento de um novo tipo de capitalismo, cujo conteúdo e fundamentos ainda se encontravam por desvelar. Muitos anunciavam a necessidade de reinventar o socialismo. Nesta direção seguiu, por exemplo, a maioria dos integrantes do Partido Comunista Brasileiro, ao dissolver a organização em 1991, dando origem ao Partido Popular Socialista.

Os ideólogos liberais e conservadores logo se apressaram em afirmar que tal acontecimento representava o triunfo definitivo do capitalismo sobre o socialismo, da economia de mercado sobre o planejamento econômico, em suma, a vitória definitiva e acachapante do capital. O conhecido artigo de Francis Fukuyama, O Fim da História, fundamentado em uma certa interpretação de Hegel, foi premeditadamente utilizado como um veículo de propaganda a respeito desta tese: o capital, com seu respectivo Estado, assentado igualdade jurídica do conjunto dos cidadãos, expressava o ponto final da história, cujo curso racional conduziu a humanidade à autoconsciência de sua liberdade. Neste caminho, a Revolução Francesa e o império napoleônico expressavam o último episódio violento da odisseia histórica rumo a igualdade e liberdade. Esta hipótese teve grande impacto nas elaborações subsequentes, como pressuposto implícito das diversas abordagens pós-modernas, que pressupondo uma objetividade sem devir, um todo capitalista insuperável e definitivo, tenderam para a fragmentação aleatória do conhecimento, para o abandono de qualquer perspectiva histórica totalizante e, sobretudo, a supressão de qualquer perspectiva teórica orientada ao futuro.

Seja como for, a hipótese do fim da história não explica como a insuperável economia de mercado com seu respectivo estado democrático de direito produziu no seu interior tantos movimentos de contestação, inclusive, o próprio estado soviético que acabara de ruir. Não explica como esta mesma economia de mercado, que nas suas insuficiências e contradições, propiciou o século mais revolucionário da história humana. Nos dias de hoje, tal tese se enfraquece ainda mais à luz das recentes crises e colapsos econômicos desenrolados no coração financeiro do capital: Estados Unidos e a Europa.. Ao mesmo tempo, um quadro geral de instabilidade, insegurança, incerteza e desilusão assombram o conjunto da humanidade. Neste sentido, na contramão das abordagens pós-modernas, uma velha missão hoje retorna: pensar o futuro, eis a tarefa. E para pensar o futuro é sempre necessário retornar ao passado e, em particular, ao evento que, para muitos, abriu uma nova era: o colapso do mundo soviético, que seria, ao mesmo tempo, o colapso do próprio marxismo com a perspectiva de futuro que por mais de um século este alimentou.

Como se sabe, a particularidade do marxismo no interior do movimento socialista no século XIX  consistia na aposta de que para destruir o capital, em sua universalidade manifesta através do mercado mundial, faz-se necessário um sujeito social dotado de igual universalidade, cujos interesses particulares o possibilitem se elevar à universalidade da revolução socialista, para além das especificidades regionais ou nacionais: este sujeito é a classe trabalhadora. Antes de uma profecia, esta premissa se assenta em uma necessidade objetiva. Sem um sujeito universal não é possível dar cabo no capital, cujos tentáculos se estendem cada vez mais por todo globo, em extensão e profundidade. A possibilidade de um país socialista isolado, envolto pelo mercado capitalista mundial, com o qual precisa se relacionar econômico e politicamente, somente poderia se admitir por um curto período de tempo e, para as primeiras gerações de marxistas, neste cenário, unicamente duas saídas eram concebíveis: revolução mundial ou restauração capitalista.

A sobrevivência da revolução russa após a guerra civil, em frangalhos é verdade, e sua posterior burocratização, levantou inelutavelmente a questão: exceto por uma intervenção externa, quem seria o agente interno que possibilitaria a restauração capitalista na União Soviética? Por não possuir uma classe capitalista, uma classe de proprietários privados, muitos julgaram que tal restauração seria impossível. Países capitalistas e socialistas poderiam conviver lado a lado por um tempo indeterminado. Estava dada as bases da teoria do socialismo em um só país.

Entretanto, na contramão desta concepção e reafirmando os princípios da teoria marxista clássica, Leon Trotsky dirá em meados da década de 1930 que

“a coação exercida pelas massas no Estado operário[URSS] é diretamente proporcional às forças que tendem para a exploração ou para o perigo da restauração capitalista” (TROTSKY, 2005, p. 120), diz ainda que “ninguém negou nunca a possibilidade [na URSS] [...] da restauração de uma nova classe proprietária originária da burocracia. A atual posição da burocracia, de que por meio do Estado, tem “em certa medida” as forças produtivas nas suas mãos, constitui um ponto de partida de extrema importância para um processo de transformação. Trata-se, no entanto, de uma possibilidade histórica e não de algo já realizado” (TROTSKY, 1986, p. 218-219).

Como se vê, para Trotsky, a restauração capitalista no interior da URSS era não apenas possível, como uma tendência inexorável que apenas poderia ser freada definitivamente pela revolução internacional. E mais ainda, seria a própria burocracia, na exata medida que se defrontassem com seus privilégios ameaçados, o germe da nova classe proprietária.

No mesmo sentido, mas de maneira mais determinada, Nahuel Moreno, reafirmando a possibilidade da restauração capitalista, diz em 1979 que a

“burguesia restauracionista não será a velha burguesia, mas a ampla maioria dos tecnocratas, a burocracia, a aristocracia operária e camponesa. Estes setores aspirantes a burgueses defenderão, muito possivelmente, que as fábricas deixem de ser do ‘Estado totalitário e que passem para as mãos dos operários’ como propriedade de cooperativas de trabalhadores” (grifo nosso) (MORENO, 2007, p.112).

Ora, nos dias de hoje, sabemos à quem o processo histórico deu razão. Pressionada pelo baixo crescimento econômico da era Brejnev, a burocracia soviética através de Mikhail Gorbachev instituiu, em 1986, a perestroika que visava a abertura econômica e a conformação de um suposto socialismo de mercado. Neste curso, foi aprovada em 1987 a lei que permitiu investimentos estrangeiros na União Soviética através de empresas mistas e, finalmente, em 1988, a propriedade privada foi oficialmente restaurada sob a forma de cooperativas no interior da indústria, nos serviços e em sectores de comércio exterior. O previsível colapso econômico que se seguiu possibilitou aos burocratas do PCUS, finalmente, se apropriarem em definitivo dos meios de produção soviéticos. O prognóstico de Nahuel Moreno se mostrou profético.

A emergência de uma nova classe de proprietários oriunda da antiga burocracia do PCUS é hoje atestada por farta documentação e pela totalidade da historiografia que se enveredou pelo tema. Por exemplo, Eric Hobsbawn nos diz que os burocratas, “após o fim do comunis­mo, tomaram-se os donos (potencialmente) legais das empresas que haviam comandado antes sem direitos legais de propriedade” (HOBSBAWN, 1994, p.469). O jornal Moscow Times, órgão da embaixada norte-americana em Moscou, anunciou em 1994:

“Quase da noite para o dia, os patrões do Partido e os diretores das fábricas e fazendas estatais tornaram-se os reais controladores de seu próprio destino – e também o destino dos trabalhadores. Estavam agora livres para fixarem os próprios salários, para se apoderarem dos apartamentos e automóveis entregues a eles, e para utilizarem a propriedade, o equipamento e a força de trabalho, no propósito de fazer dinheiro do modo que desejavam” (grifo nosso) (BROUÉ, 1996, 187).

No mesmo sentido, o historiador francês Marc Ferro, imune a qualquer acusação de trotskismo, diz que

“uma vez instaurada a privatização, cada qual recebeu um cupom, mas muitos tiveram que passá-los adiante a fim de saldar as despesas cotidianas. Os membros da nomenklatura mais bem posicionados adquiriram tais cupons por uma ninharia, e então o reinado da Cleptocracia teve início, caracterizado pelas privatizações feitas de modo selvagem; o petróleo, o gás, os minerais passaram para as mãos de alguns poucos poderosos, e o banditismo se impôs nos meios bancários” (FERRO, 2009, p.79-80).

O socialismo em um só país mostrou-se, como já prognosticara Marx e toda tradição dele decorrente, como insustentável. Grande parte da burocracia se encontrava, agora, livre da mediação do Partido e do Estado para apropriação privada da riqueza produzida pela classe trabalhadora russa. De uma perspectiva marxista, se alguma questão nos resta a ser respondida, não é o por que do colapso da União Soviétiva, mas por que ela durou tanto tempo.

Para concluir, mencionamos uma anedota interessante para os nossos propósitos. Em 1946, conforme nos narra o historiador Jean Jacques-Marie, o comandante das Forças Armadas Soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial, Jukov, após um breve período de glória, caíra em desgraça diante de Stálin. Dentre os elementos usados contra o comandante da Batalha de Stalingrado se encontravam diversos objetos de luxo por ele roubados da Alemanha ocupada ao final da segunda guerra mundial. Interrogado, Jukov respondera em tom de lamentação que não possuía nada, que até seus troféus de guerra eram propriedade do Estado. Como se vê, os burocratas russos ainda teriam que esperar mais de quatro décadas para realizarem seu sonho. Em 1989-1991 o socialismo em um só país encontrou o seu autêntico caminho e sua antiga casta dirigente atingiu, finalmente, a libertação. Ao mesmo tempo, se consumou a derrota dos trabalhadores russos que em 1917 mostraram um novo caminho para a humanidade. O Espírito Absoluto se reconciliou consigo mesmo e a histórica chegou ao seu fim. Pelo menos, por enquanto…

Referências bibliográficas

BROUÉ, Pierre. União Soviética: da revolução ao colapso. Porto Alegre: EdUFRGS, 1996.

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. São Paulo, Cia das Letras, 1994.

FERRO, Marc. A Reviravolta da História: a Queda do Muro de Berlim e o Fim do Comunismo. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

MARIE, Jean-Jacques. Stalin, São Paulo, Babel, 2011.

MORENO, Nahuel. A Ditadura Revolucionária do Proletariado. São Paulo: José Luís e Rosa Sundermann, 2007.

TROTSKY, Leon. A revolução traída: o que é e para onde vai a URSS. São Paulo: José Luís e Rosa Sundermann, 2005.

TROTSKY, Leon. Em defesa do marxismo. São Paulo: Proposta, 1986.

Postado inicialmente: In http://blogconvergencia.org

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O aniversário de Leon Trotsky

Por Valerio Arcary:

O Aniversário do Leon Trotsky é de 7 Novembro 1879.

É uma dessas coincidências que o dia 25 de outubro no calendário juliano correspondesse ao dia 7 de novembro no gregoriano.
Então, dada a ocasião, vão aí embaixo algumas linhas sobre o tema da revolução como um dos métodos de transformação histórica. Evidentemente há outros dois. O das reformas preventivas para evitar revoluções, e o das guerras.

A citação é de Trotsky quando da I Guerra Mundial. Em seguida um comentário meu.

“La guerra es el método por el cual el capitalismo, en la cumbre de su desarrollo, busca la solución de sus insalvables contradicciones. A este método, el proletariado debe oponerle su propio método: el de la revolución social” (León Trotsky, La guerra y la Internacional).
Revolução e contrarrevolução são fenômenos inseparáveis na história contemporânea. Não houve processo revolucionário que não tenha enfrentado a resistência contrarrevolucionária. Indivisíveis, porque os contrários se explicam. As forças interessadas na permanência da ordem estão em luta, permanentemente, com os impulsos de mudança, porque têm interesses a preservar. O século XX, época do apogeu e, hegelianamente, da decadência do capitalismo não foi imune a crises, mas as forças de inércia não foram menos poderosas.

Transformações aconteceram porque eram necessárias, mas não quando foram necessárias. “Revoluções são impossíveis, até que são inadiáveis”, cunhou Trotsky. A historiografia de inspiração liberal admite a relação, mas invertida, para concluir que as mudanças viriam, de qualquer forma, de maneira lenta e gradual e, possivelmente, mais indolor, não fossem os terremotos revolucionários, responsáveis pelas tempestades contrarrevolucionárias.


As revoluções não acontecem, porém, porque algumas sociedades têm pressa. Revoluções são provocadas porque há crises. As sociedades podem recorrer ao método da revolução ou ao método das reformas para resolver as suas crises. Em algumas etapas históricas – como no final do XIX, na Europa Ocidental, e nos trinta anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, na Tríade dos países centrais - as transformações foram possíveis através do jogo de pressões e negociações sociais e políticas. Foi o terrível atraso das mudanças que não vieram por reformas, essa esperança suspensa no tempo, que fermentaram as condições das revoluções na modernidade. Quando uma sociedade descobre que os antagonismos econômicos, sociais e políticos se exacerbaram até o limite do que a ordem pode suportar, se abrem, grosso modo, dois caminhos. Das duas, uma: ou a transformação assume a forma de reformas preventivas, o que exige negociações políticas, concessões econômicas e compromissos sociais, ou as lutas de classes se agudizam em um tal grau de intensidade que a vaga de choque da revolução é inescapável.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Reestruturação da Gecex e algumas de suas implicações

Reproduzo o texto da colega Juliana Donato, delegada sindical e militante do MNOB SP Movimento Nacional de Oposição Bancária. Traz esclarecimentos sobre as implicações salariais embutidas no processo de reestruturação da Gecex. Como os demais processos de reestruturação do BB, algumas unidades serão extintas (Vitória, Caxias do Sul e Fortaleza), outras terão seus quadros enxugados em mais de 50% (Recife, Rio de Janeiro, Campinas, Blumenau, Brasília e Porto Alegre) e seguindo o modelo de outras reestruturações já realizadas, o operacional será concentrado em Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. Mas mesmo nestas três unidades, que terão aumento nos seus quadros, muitos colegas sofrerão perdas salariais nesta migração.

Segue o texto:

Colegas

Com a notícia da reestruturação, muitos têm procurado os delegados sindicais para esclarecer dúvidas em relação aos seus salários, mais precisamente sobre como ficariam os salários para os que migrarem para as novas funções de Assistentes Pleno. Resolvemos, por isso, com base nas instruções normativas do próprio banco, esclarecer o que segue abaixo:

1- Quais são as verbas que o banco não pode retirar?
São as verbas pessoais de origem salarial. Segundo a IN 363-1, são elas:
a) para os pós-98: VP (Vencimento Padrão) e o Adicional de Mérito
b) para os pré-98: além das verbas acima, o VCP do VP (Valor em Caráter Pessoal do Vencimento Padrão) e o VCP/ATS (Adicional por Tempo de Serviço Incorporado).
c) Funcionários oriundos de bancos incorporados: o funcionário tem a verba chamada VCP- I (Valor em Caráter Pessoal Incorporados).
Todas essas verbas, independente da função, plano ou jornada de trabalho, o banco não pode alterar.

2- As verbas vinculadas ao exercício da função.
Para os colegas que estão no antigo plano de funções e por isso fazem 8 horas (lembrando que os gerentes, apesar de fazerem 8 horas, foram obrigados a migrar para o novo plano), as verbas são as seguintes: ABF (Adicional Básico de Função), ATFC (Parcela da remuneração concedida mediante o exercício de comissão) e ABF-compl (Adicional Básico de Função - Complementação) (esta verba só existe para os que não atingem o valor de referência com a soma das verbas salariais e a comissão). No novo plano de funções, todas estas verbas foram unificadas e transformadas no Adicional de Função, com valor menor que a soma das verbas do antigo plano. No caso do assistente pleno, está verba é de R$ 430,25.

3- Todos têm direito à Verba de Ajuste de Plano de Função?
Não. A verba de ajuste ao plano foi criada pelo banco para que os funcionários que migrassem para o novo plano não recebessem menos que 7/8 do salário anterior. Mas o banco foi claro: ela é uma verba provisória e devida somente se o funcionário permanecer na mesma função na época da implementação do novo plano de função. O normativo é claro nesse sentido: “Verba temporária, a ser paga aos funcionários enquadrados nas situações de ajuste previstas no Plano de Funções e enquanto permanecerem na função/código de pagamento no qual tomar posse na implantação do referido Plano”. (IN 363-1)

4- O valor de referência era um piso, agora é um teto ?
O valor de referência de uma função é o mínimo que um funcionário que a exerça pode receber. No caso do Assistente Pleno, esse valor é de R$ 3442,20. Os funcionários pós-98, somando suas verbas salariais (VP e adicional de mérito) e o adicional de função (R$ 430,25), não atingem este valor. Por esta razão, receberão também a verba 258, Complemento de Função Gratificada, que terá o valor mínimo necessário até que se alcance o valor de referência. Isso quer dizer que, para os que têm verbas salariais menores que o valor de referência (ou seja, todos os pós-98), este passa a ser oteto de sua remuneração. A situação é inversa à anterior, dos Assistentes de 8 horas, que tinham salário acima do valor de referência. Portanto, para eles, este VR funcionava como piso.

5- Isto significa que mesmo um assistente Junior que for para Pleno vai perder?
Se ele já era comissionado, trabalhando 8 horas, e aderiu ao Plano de Funções, consequentemente ele recebe atualmente a verba de ajuste do plano de funções. Neste caso, ele terá alguma perda. A diferença entre os valores de referência das funções de Assistente Junior e Pleno é de somente R$ 257,39. Como a verba de ajuste, que será perdida, é maior que esta diferença, o funcionário terá uma perda na remuneração. Exemplo: uma colega nossa que recebe R$ 422,95 na verba de ajuste de função. Como a diferença dos valores de referencia das duas é somente R$ 257,39 ela perderá R$ 165, 56.
Alguns ainda podem perguntar: eu perco a verba de ajuste, mas não ganho a complementação de função gratificada para compensar esta perda? Não, a complementação de função gratificada, conforme já dito, serve somente para complementar o salário até o valor de referência, e não acima dele.

6- Qual o impacto futuro?
Como os Assistentes Plenos, em sua maioria, receberão abaixo do valor de referência, necessitando da complementação para atingi-lo, significa que um aumento no adicional por mérito ou um aumento maior no piso (VP), não farão diferença na remuneração final. Você ganha o aumento no mérito ou no VP, mas a verba de Complementação a Função Gratificada diminui, sem mudar a remuneração final.

7- No caso de mudança de prefixo, existe a possibilidade dos Assistentes B continuarem trabalhando 8 horas ou a possibilidade de os Assistentes Junior levarem a verba de ajuste do plano de função?
Sim, existe. Os Assistentes A e B poderão continuar trabalhando 8 horas somente se mantiverem funções equivalentes (Assistentes Pleno ou Junior, respectivamente). Os atuais Assistentes Junior poderão levar a verba de ajuste no caso de irem para o novo prefixo com a mesma função. O problema é que a conta não vai fechar, pois na atual estrutura a maioria é de Assistentes B e, na nova estrutura, a maioria será de Assistentes Pleno. Teremos somente 5 vagas de Assistentes Junior na nova Gecex operacional, ou considerando toda a nova estrutura das GECEX em São Paulo, 34 vagas (veja no quadro abaixo). Isso nos leva a crer que a maioria terá perdas salariais.

Quadro de vagas – nova estrutura GECEX

                                  Assistente Op. Junior  Assistente Op. Pleno
GECEX SP I                           11                           10
GECEX SP II                          10                            6
GECEX SP III                          8                            12
GECEX OPERAÇÕES SP      5                           136
TOTAL SP                              34                          164

Bom, tentamos aqui esclarecer as principais dúvidas a partir do que está escrito nas próprias instruções normativas do BB. Certamente, ainda restam dúvidas e vocês podem nos procurar. Estamos à disposição.

Juliana
Delegada Sindical