Nas
três primeiras rodadas de negociação, os bancos praticamente não apresentaram
nenhuma proposta para as reivindicações. Os seis maiores bancos apresentaram
lucro líquido de R$ 29,6 bilhões no primeiro semestre de 2014. Eles têm a maior
rentabilidade do sistema financeiro mundial, mas fecham postos de trabalho e
reduzem a média salarial da categoria com o mecanismo perverso da rotatividade,
apesar do aumento da produtividade dos bancários.
No
Itaú, cada membro do Conselho de Administração recebeu, em média, R$ 15, 5
milhões em 2013, o que representa 318,5 vezes o que ganhou o bancário do piso
salarial. No Santander, cada diretor embolsou, em média, R$ 7,7 milhões no
mesmo período, o que significa 158,2 vezes o salário do caixa. E no Bradesco,
que pagou, em média, R$ 13 milhões no ano para cada diretor, a diferença para o
salário do caixa foi de 270 vezes.
Dessa
forma, para ganhar a remuneração mensal de um desses executivos, o caixa do
Itaú tem que trabalhar 26,5 anos, o caixa do Santander 13 anos e o do Bradesco
22,5 anos. Essa imensa distância, que separa os ganhos dos altos executivos e
os salários dos bancários, atenta contra a justiça social e a dignidade dos
trabalhadores.
O
sistema financeiro forte constrói uma
rede escusa de relações e interferência que corroem todos os poderes políticos,
entre eles a mídia e os governos. Neste ponto os dois governos PSDB e PT pouco se diferem, ambos mantiveram intocados
as benesses das grandes oligarquias industriais, rurais e financeiras. O
pagamento da dívida pública continua consumindo mais de 42% de todo orçamento
federal em detrimento de gastos nas áreas da saúde e educação. O lucro das
instituições financeiras foram absurdos
nos dois governos , ambos não tocaram na injusta distribuição de terra, de
renda e de poder que permeia a nossa sociedade. As instituições financeiras continuam
a controlar o espectro das decisões
econômicas.
Que
um governo dito de esquerda no poder há 12 anos não tenha quebrado o processo
de transformação em um paraíso de rentabilidade para o sistema financeiro, com
suas taxas de juros abusivas , é algo que só pode provocar indignação. Que tais
lucros estratosféricos se mantenham em plena retração da economia é apenas um
sintoma de onde estão aqueles que realmente controlam as decisões deste país.
Não
podemos aceitar que a Contraf faça de nossa campanha um circo de apoio ao
governo Dilma e um palanque para seus ministros, deputados e sindicalistas que
desmontam nossas greves. A CUT se transformou numa agência do governo federal e
a Contraf é sua versão esvaziada em bancários, nem organiza a base, nem reforça
as nossa campanhas salariais. A Contraf
CUT raciocina há tempos com o ponto de vista da classe patronal e não têm mais
qualquer relação com o cotidiano dos trabalhadores que deveriam representar.
Desde
2003, nós bancários fazemos greve todos os
anos, mas todas as campanhas salariais têm terminado com acordos rebaixados e
com as assembleias cheias de gestores do BB e da CEF, que com a direção da
maioria dos sindicatos e orientação do comando nacional votam pelo fim da greve.
O campo majoritário do movimento sindical tem se mostrado cada vez mais
preocupado em defender os interesses do governo do que em lutar pelos direitos
dos trabalhadores.
Nossa categoria precisa de
um Novo Rumo
Um
Novo Rumo que seja marcado pela independência e autonomia do movimento em
relação a partidos, patrões e governos. Que apresente uma pauta de
reivindicações que mostre ao conjunto dos bancários que realmente vale a pena
lutar. Que não aceite acordos rebaixados, com itens que prejudicam todos os
grevistas, como a questão da reposição das horas de greve.
Este novo rumo do movimento sindical terá que ter como uma das principais
bandeiras a democracia e sua vinculação com a base do movimento. Nesse sentido
é necessário ter um comando nacional da categoria que tenha uma composição
democrática, no qual estejam presentes as diferentes posições do movimento
sindical. São estes os princípios que unificam diversos grupos que têm atuação
no movimento sindical bancário por todo o país, mas também colegas
independentes, que sentem a necessidade urgente da construção de algo novo.
Fazemos um chamado para ampliar ainda mais esta unidade. A todos aqueles que
estão dispostos a lutar ao lado dos bancários e reverter o curso atualmente
imposto pela maioria da direção da CONTRAF/CUT, chamamos a fazer parte da
construção deste movimento por um Novo Rumo. Um movimento de oposição bancária sindical
independente de governos e patrões!
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