Diante
dos altos lucros dos bancos e da polarização do segundo turno eleitoral, era possível
arrancar vitórias para os bancários
por
Juary Chagas
Com apenas 4 dias de
greve, a mesa de negociação da FENABAN (Federação Nacional dos Bancos),
apresentou proposta de 8,5% para as verbas salariais e 9% no piso. Os bancos
também reconheceram que a inflação real está alta e até propuseram 12,2% no VR,
no entanto, a proposta era muito baixa sobretudo se considerar que o setor
financeiro é o ramo da economia que mais cresce, com rentabilidade no patamar
de 15%.
Infelizmente, a
Contraf/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, ligada
à CUT), utilizou todos os métodos para acabar com a greve e, desse modo, ficar
livre para fazer campanha para a Dilma. Tão logo os bancos apresentaram a
propostas, os sindicalistas da CUT trataram de defendê-las nas assembléias,
propondo o término da campanha salarial e utilizando, inclusive, os gestores e
administradores para lotar as assembléias e votar pelo fim da greve.
Contrariando a lógica
imposta pelo comando para os outros bancos , os bancários do Banco do Estado do
Rio Grande do Sul (Banrisul) e Banco do Amazonas (BASA), continuaram a greve.
Os bancários ligados à CSP-Conlutas têm importante atuação nas entidades que
organizam esses bancários, e decidiram não aceitar a proposta, defendendo
intensificar a luta para arrancar um melhor reajuste dos patrões. Isso demonstra
que era possível continuar a mobilização nacional unificada.
Mas, infelizmente, ao
defender o encerramento da greve com um acordo rebaixado, sem avanços na
isonomia, melhores condições de trabalho e saúde e reposição das perdas
salariais, a CONTRAF/CUT e seus sindicatos filiados demonstram, novamente, que
subordinam nossa campanha salarial à reeleição da Dilma. Ao conter nossa luta e
canalizar seus esforços para o processo eleitoral, continuam apoiando uma
política que, ao não fazer uma grande transformação social e econômica, traz
uma profunda decepção aos trabalhadores. Basta dizer que o Bolsa Família,
apresentado como prioridade do governo petista para combater a pobreza, leva do
orçamento cerca de 24 bilhões de reais/ano, enquanto o que é destinado para
pagar juros e amortizações da dívida aos banqueiros chega a 900 bilhões de
reais/ano.
A competitividade nos
bancos sobrecarrega os bancários, que sofram com a política de metas e o
enxugamento do quadro funcional. Esta política tem reflexos diretos nas más
condições de trabalho e adoecimento da categoria. Com a desaceleração da
economia – o PIB do país deve crescer menos de 1% – o que está em preparação
pelo próximo governo, seja ele chefiado por Dilma ou Aécio – são mais ataques
aos direitos dos trabalhadores continuando com a criminalização dos movimentos
sociais e dos ativistas. A única saída que resta para os trabalhadores é,
portanto, se organizar e lutar!
Não
à compensação dos dias de greve
Infelizmente, o acordo
defendido pela CONTRAF/CUT prevê a compensação dos dias parados em função da
greve (até uma hora por dia entre 15 à 31/10 para quem trabalha 6 horas e até
07/11 para quem trabalha oito), o que na prática avaliza uma política de retaliação
aos grevistas. Os bancários do Banpará, que é um banco de bem menor porte,
conseguiram o abono de todos os dias da greve, sem qualquer tipo de
compensação. Essa postura dos bancos, com o apoio da CONTRAF-CUT, é uma
perseguição aos grevistas e isto não pode ser aceito.
Se a responsabilidade
pela é dos patrões, que não atendem as reivindicações e empurram os
trabalhadores para a greve, são eles que devem arcar com ônus das horas não
trabalhadas! Não devemos aceitar nenhum desconto e nenhuma compensação.
In: CONTRACORRENTE – ANO 04
N9 49 – 15 DE OUTUBRO DE 2019
Contra-corrente é uma
publicação mensal elaborada pelo ILAESE para os sindicatos, oposições sindicais
e movimentos sociais.
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