Por
Valerio Arcary:
É
uma dessas coincidências que o dia 25 de outubro no calendário juliano
correspondesse ao dia 7 de novembro no gregoriano.
Então,
dada a ocasião, vão aí embaixo algumas linhas sobre o tema da revolução como um
dos métodos de transformação histórica. Evidentemente há outros dois. O das
reformas preventivas para evitar revoluções, e o das guerras.
A
citação é de Trotsky quando da I Guerra Mundial. Em seguida um comentário meu.
“La
guerra es el método por el cual el capitalismo, en la cumbre de su desarrollo,
busca la solución de sus insalvables contradicciones. A este método, el
proletariado debe oponerle su propio método: el de la revolución social” (León
Trotsky, La guerra y la Internacional).
Revolução
e contrarrevolução são fenômenos inseparáveis na história contemporânea. Não
houve processo revolucionário que não tenha enfrentado a resistência
contrarrevolucionária. Indivisíveis, porque os contrários se explicam. As
forças interessadas na permanência da ordem estão em luta, permanentemente, com
os impulsos de mudança, porque têm interesses a preservar. O século XX, época
do apogeu e, hegelianamente, da decadência do capitalismo não foi imune a
crises, mas as forças de inércia não foram menos poderosas.
Transformações
aconteceram porque eram necessárias, mas não quando foram necessárias.
“Revoluções são impossíveis, até que são inadiáveis”, cunhou Trotsky. A
historiografia de inspiração liberal admite a relação, mas invertida, para
concluir que as mudanças viriam, de qualquer forma, de maneira lenta e gradual
e, possivelmente, mais indolor, não fossem os terremotos revolucionários,
responsáveis pelas tempestades contrarrevolucionárias.
As
revoluções não acontecem, porém, porque algumas sociedades têm pressa.
Revoluções são provocadas porque há crises. As sociedades podem recorrer ao
método da revolução ou ao método das reformas para resolver as suas crises. Em
algumas etapas históricas – como no final do XIX, na Europa Ocidental, e nos
trinta anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, na Tríade dos países centrais
- as transformações foram possíveis através do jogo de pressões e negociações
sociais e políticas. Foi o terrível atraso das mudanças que não vieram por
reformas, essa esperança suspensa no tempo, que fermentaram as condições das
revoluções na modernidade. Quando uma sociedade descobre que os antagonismos
econômicos, sociais e políticos se exacerbaram até o limite do que a ordem pode
suportar, se abrem, grosso modo, dois caminhos. Das duas, uma: ou a
transformação assume a forma de reformas preventivas, o que exige negociações
políticas, concessões econômicas e compromissos sociais, ou as lutas de classes
se agudizam em um tal grau de intensidade que a vaga de choque da revolução é
inescapável.
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