A exigência para que o Banco do
Brasil estabeleça um teto nas aposentadorias pagas aos executivos do maior
banco do País gera uma disputa interna no governo que põe de um lado os
ministérios da Fazenda e do Planejamento e, de outro, o da Previdência.
O motivo é que o órgão regulador
dos fundos de pensão, a Superintendência de Previdência Complementar (Previc),
determinou que os benefícios pagos à alta cúpula do BB não ultrapassem R$ 30
mil mensais.
O banco aceita colocar um teto
para as aposentadorias, mas tomando como referência o salário de um diretor da
instituição, de R$ 45 mil por mês.
Para a Previc, se o BB quiser
pagar aposentadorias maiores para seus executivos, é o banco público - e não
sua caixa previdenciária, a Previ - que deve assumir a diferença. Assim, os
cerca de 118 mil funcionários, aposentados e pensionistas associados ao plano
de benefício definido ficariam livres dessa conta.
O órgão ainda sugere que o BB
assuma a diferença dos cerca de 70 benefícios que foram pagos acima do que seria
esse teto nos últimos cinco anos. A ideia impactaria o balanço do banco em R$ 1
bilhão.
Divisão. Com o impasse, os
ministérios aos quais esses órgãos estão vinculados acabaram por entrar na
disputa. De um lado, o Ministério da Previdência apoiou a decisão da Previc. De
outro, a Fazenda e o Planejamento ficaram ao lado do BB.
Se aposentassem hoje com esses
salários e o teto estivesse em vigor, os rendimentos deles seriam reduzidos em
cerca de R$ 20 mil mensais. Há aproximadamente 30 dirigentes que reúnem
condições de se aposentar ou podem pedir o benefício nos próximos anos.
O ministro da Previdência,
Garibaldi Alves (PMDB), apoia a decisão do presidente da Previc, José Maria
Rabelo, que, segundo fontes, não pretende voltar atrás da decisão. A pessoas próximas,
Rabelo disse que "não há forças que o faça voltar atrás porque está seguro
em relação à autoridade da instituição que comanda".
Garibaldi tem afirmado que a
solução final implicará na adoção, por parte dos diretores do banco, de um
"espírito de renúncia".
O Estado apurou que o presidente
da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN) chegou a aconselhar o ministro a demitir o
subordinado, comprando a briga pelo lado do BB. Contudo, o ministro Garibaldi
teria respondido que concorda com Rabelo.
No ministério, a avaliação é que
se Rabelo não conseguir fixar o teto, ele mesmo pedirá para sair do cargo.Já os
ministérios da Fazenda e do Planejamento apoiam o banco. Nos bastidores, o que
se comenta é que Rabelo estaria dedicando toda sua gestão à definição do teto
como vingança por ter sido demitido pelo atual presidente do BB, Aldemir
Bendine, quando este assumiu o comando do banco.
Rabelo se aposentou em agosto de
2008, mas continuou no Banco do Brasil como vice-presidente até abril de 2009,
acumulando as duas rendas.
Prazo. A Previc deu a semana
passada como prazo para que o teto fosse colocado em prática sob pena de
intervir na Previ, maior fundo de pensão da América Latina e o 25º do mundo. O
fundo havia pedido a prorrogação do prazo por quatro meses.
A imposição do teto repercutirá
diretamente na aposentadoria dos atuais dirigentes do BB, incluindo o
presidente de Bendine. Os atuais dirigentes - presidentes, vice-presidentes e
diretores - ganham, em média, R$ 52 mil por mês.
Murilo Rodrigues Alves e Andreza
Matais
O Estado de S. Paulo
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