quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Setor Bancário: Lucro recorde e demissões

CORREIO BRAZILIENSE – DF | ECONOMIA

» SÍLVIO RIBAS - 01/08/2013
Os lucros expressivos apresentados pelos bancos privados não os impediram de acelerar as demissões. Os balanços dos três maiores – ItaúUnibancoBradesco e Santander – somaram ganhos, no primeiro semestre, de R$ 14 bilhões, uma alta de 1,93% em relação a mesmo período de 2012. Se tirar da conta o Santander, que ganhou 21,4% a menos, a expansão média sobe para 4,5%. Mesmo assim, o trio demitiu 6 mil funcionários nos seis primeiros meses do ano, num período em que o país gerou 826.168 empregos formais.
A Confederação Nacional de Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) alertou que, para reduzir custos e manter a elevada lucratividade, os bancos não só fecharam vagas, mas também acentuaram a prática de rodízio de empregados, contratando substitutos com salários menores, prejudicando o atendimento. “As empresas do setor, sobretudo as privadas, preservaram a mais alta rentabilidade do sistema financeiro mundial com demissões e rotatividade”, afirmou Ademir Widerkehr, diretor da entidade ligada à CUT.
Segundo ele, a redução dos efetivos é motivada ainda pela automação de processos e serviços, pela ampliação do número de correspondentes bancários e pelo fechamento de agências. Só no Itaú foram 2.264 empregados a menos de janeiro a junho, dos quais 1.556 no segundo trimestre. Se considerar os últimos 12 meses contados até o mês passado, o corte de funcionários da instituição privada líder alcança a marca de 4.458. Com isso, o seu quadro de funcionários ativos recuou para 88.059.
Se considerar os números oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), todas as instituições bancárias, incluindo as públicas, nas quais há estabilidade aos concursados, e as de perfil múltiplo, contrataram 20.230 funcionários no primeiro semestre e demitiram 22.187. O movimento resultou num saldo negativo de 1.957 postos, atenuados pelos 2.804 empregos gerados pela Caixa Econômica Federal. O Banco do Brasil manteve estável o quadro de pessoal.
Diante desse quadro, a pauta de reivindicações entregue esta semana pela Contraf à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) está incluído, além de reajuste salarial de 11,93%, o pedido pelo fim das demissões em massa. O presidente da confederação, Carlos Cordeiro, ressaltou que as demissões e o fechamento de vagas pelas principais instituições privadas do setor Bancário agravam as condições de trabalho e conspira contra a qualidade dos serviços prestados aos clientes, como o tamanho das filas nas agências. O sindicalista apontou ainda a terceirização como um fator contrário à defesa de empregos. Procurada, a Fenaban não deu retorno.

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