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A exploração
do trabalho aumenta
Vito
Giannotti (Brasil de Fato)

Há pessoas
politicamente cegas, que pensam que o mundo do trabalho mudou. A exploração não
é mais aquela dos séculos 19 ou 20. Por isso, é preciso mudar a política. A
classe operária não está mais na miséria como antigamente. Esse é o papo de
quem quer justificar o abandono da luta pelo socialismo e de sua adesão ao
pensamento neoliberal. Isto é a aceitação do pensamento único, há 30 anos
hegemônico. É claro que o mundo mudou, que a realidade do trabalho mudou, mas o
fundamento do lucro do capital continua a ser a exploração e a opressão dos
trabalhadores. A imposição de condições de vida e trabalho absolutamente
desumanas. E o capital hoje, como sempre, prende, tortura e mata quem contesta
ou faz morrer de miséria e de exploração sem fim.
No mês de
agosto o mundo assistiu a dezenas de mortes provocadas pela repressão policial
a serviço dos patrões nas minas de ouro da África do Sul. Quem mandou matar?
Não foi Deus e nem o Diabo. Foram os donos das grandes corporações que exploram
o ouro, diamantes, ferro e mil outras riquezas daquele continente há séculos.
Essa é a história da África, o continente mais saqueado pelas potências
europeias para acumular suas riquezas. Nas mãos de quem? De um punhado de
capitalistas, respeitosamente chamados de empresários.
No Norte do
mesmo continente, no Marrocos, há outra forma de matar trabalhadores, ou
melhor, trabalhadoras. As duas maiores empresas pesqueiras da Holanda pescam
camarões no Mar do Norte e os levam até o porto de Tanger, no Marrocos, para
que sejam descascados. Lá estão instaladas as fábricas de descascamento onde
trabalham mulheres, geralmente jovens entre 14 e 18 anos, por 12 horas por dia
e em ambiente com baixíssima temperatura. No fim do mês levam para casa 60% do
salário mínimo nacional. As adolescentes são tratadas como meras peças de
reposição. Devido ao ritmo de trabalho e às péssimas condições, perdem sua
capacidade produtiva aos 18, ficam aleijadas depois de quatro anos de
trabalho.
O mundo
inteiro veste roupas ou sapatos do maior exportador mundial, a China. O segundo
produtor mundial é Bangladesh. Lá a exploração é das mais terríveis. A imensa
maioria das trabalhadoras ganha de 25 a 37 dólares mensais. Sim, de 50 a 80
reais. Vivem em favelas monstruosamente grandes, sem nenhuma condição humana de
vida. Há constantes greves e manifestações de protesto, sempre reprimidas a
tiros pela polícia dos patrões. Eles querem continuar com a mão de obra mais
barata do mundo. Esta é a lógica do capital.
E na Europa?
Grécia, Espanha, Irlanda, Portugal, Itália? Lá a moda é falar da crise e com
isso aumentar a exploração e retirar direitos trabalhistas. E aqui no Brasil?
Sim, há quase pleno emprego, mas várias medidas estão sendo armadas para
“flexibilizar” as leis trabalhistas e diminuir os custos da mão de obra. Este é
o mundo do capital. O nosso mundo, o do trabalho, precisa ser construído.
Artigo
originalmente publicado na edição impressa 498 do Brasil de Fato (públicado
online em 21/09/2012)
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